Chapter III - Me mostre seu mundo.

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  Dei tchau para o segurança do banco vinte e quatro horas e saí, subindo a rua de trás da avenida mancando para ir em direção ao orfanato. Eu já tinha passado dois minutos da hora certa de chegar, isso devido ao ferimento na perna causado pelo bico fino da sapatilha de Victoria.

  Tossi um pouco, por causa da chuva que tinha pegado naquele dia, mas não dei atenção, eu não ficava doente tão facilmente, afinal.

  A primeira coisa que notei quando cheguei foi a casa toda acesa, provavelmente a diretora estava fazendo chamada oral, então, assim que passei pelo hall, fui tranquilamente até a cozinha, pegar um pedaço de pão, mas parei ao ouvir vozes diferentes. Fui até a sala principal, encostando no batente da porta, de onde vi um casal e várias das menininhas mostrando desenhos e brinquedos a eles.

  - A Pâmela é um amor! - O homem de cabelos cacheados disse ao parceiro, num tom baixo, mas que eu consegui ouvir.

  Olívia também ouviu, e concordou com um sorriso largo.

  - Concordo, mas a Odete me encantou - o outro moço de olhos esverdeados sorriu para a pequena coreana, que acenou e deu uma estrelinha, o fazendo rir.

  Meu coração acelerou no mesmo instante e eu senti um pânico crescer dentro de mim. Isso não pode acontecer... Odete vai ficar comigo, Olívia sabe disso.

  Senti mãos segurarem meus ombros e me puxarem para longe, nem precisei olhar para ver que era Giulia.

  - Espiando, Selenya?! Desde quando ensinei isso a você? - Ela parou comigo no pé da escada, me encarando com as sobrancelhas juntas.

  - Eles querem adotar a Odete!

  - E daí? Aqui é um orfanato.

  A encarei incrédula.

  - A Odete é tudo que eu tenho, Giulia! Eu prometi à mãe dela que cuidaria dela sempre!

  - A mãe dela se foi, Selenya - a freira me olhou triste. De repente, notei o que tinha falado. - A Hun só tinha doze anos, querida, não tinha certeza de nada.

  - Eu sou capaz de cuidar da Odete - minha voz estava falha, mas sustentei e me recusei a derramar qualquer lágrima.

  - Eu sei, meu amor - ela passou as mãos rechonchudas em meus cabelos, numa carícia.

  Também tinha ficado com os olhos marejados. Todos ficavam quando falavam de Hun.

  - Vamos resolver isso depois, tá? - Concordei com um aceno. - Agora, tem uma coisa na cozinha pra você.

  Franzi o cenho e me deixei ser conduzida até o cômodo em questão. As luzes apagadas foram rapidamente acesas, revelando as quatro outras freiras e Dany, que segurava um bolo redondo e todo confeitado. Em cima, uma vela de Feliz Aniversário queimava, me fazendo lembrar de que data era aquela.

  Coloquei as mãos no peito, sentindo uma sensação boa enquanto Giulia se juntou a eles e começaram a cantar parabéns.

  Me aproximei da mesa principal, Dany colocou o bolo bem no centro e, depois de me inclinar um pouco, soprei as velas, pedindo a mesma coisa que pedia todos os anos: calma. Senti braços me rodearem, depois vários beijos, puxões de orelha e mais abraços.

  - Vocês me acostumam muito mal! - Consegui dizer, assim que me soltaram.

  - Dezesseis anos só se faz uma vez, querida - Kátia bateu palminhas.

  - Você disse isso ano passado! - Acusei, dando risada.

  Lauren trouxe uma faca e me entregou, sorrindo largo com aqueles perfeitos dentes alinhados e a pele de porcelana.

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⏰ Última atualização: Dec 29, 2023 ⏰

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