Lar doce inferno

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     Chego em casa um pouco tarde. Scotty está sentado no sofá com uma latinha de cerveja na mão. Tento não fazer barulho ao passar pelo corredor. Tento subir as escadas, devagar, Sem fazer barulho.
– Onde você estava?– "Bosta".
    Fecho os olhos e respondo:
– No hospital com Holly.
– Todo esse tempo naquela merda de hospital com uma putinha mirim?– Ele aperta a lata de cerveja a amaçando.
– Ela queria que eu ficasse.– Falo, uma lágrima escorre pelas minhas bochechas. Eu a afasto rápido com os dedos da mão.
– Foda-se. Você acha que só porque tem carro que pode ficar até altas horas fora?
– Não.
– Brandy. – Seu tom de voz é grosseiro.– Venha aqui.
   "Bosta, bosta, bosta". Penso.
    Desço os degraus da escada e vou para a sala, paro na porta. Scotty está virado para mim, seus dedos gordos seguram a lata.
    Ele se levanta e anda em minha direção. Paralizo de medo. Ele para a minha frente e passa sua mão gorda e nojenta pelo meu braço.
– Você sabe que eu a amo, não sabe?
– Sim pai.
– Venha, sente-se comigo.
    Ele me puxa para o sofá e se senta ao meu lado.
– Olhe como essas pessoas respiram bem na TV. Está vendo.– Ele aponta para a mulher nua sexualizando com um leque.– Se eu pudesse, ir para dentro da TV tudo seria muito melhor não acha?
– Sim papai.– Olho para a mesa de centro, tinha varias pílulas coloridas, latas e mais latas de cerveja amavadas. Sua camisa estava molhada de suor.– Onde está mamãe?–  Tive coragem de perguntar.
– Está no quarto. – Ele diz.– Talvez bebendo vinho ou tendo uma hoverdose. Veja, olhe como ela dança. Não é ótimo.
    Ele aponta para os peitos da mulher da TV.
– sim Papai.
    Ele faz um gesto com a mão, ele abre o zíper da sua calça e começa a "bater uma" na minha frente. Olho para o chão.
– Ahhh. Não é ótimo. Essa sensação.
– Sim Papai.
   Ele olha para mim e para de fazer o que estava fazendo. Ele passa sua mão pelo meu braço e o aperta.
– Posso te mostrar uma coisa?
   Começo a chorar. Deus não o deixe me tocar. Por favor.
– Por favor não.
    Ele não me obedece. Vai para cima de mim como um animal. Um canibal. Pronto para devorar a carne de suas vítimas. Ele começa a beijar o meu pescoço e a me forçar contra o sofá.

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     Faz meia hora que estou jogada no chão da sala. Scotty dormiu no sofá vermelho, a tv está ligada no canal mais 18. Podia ver os peitos de Jane Martin sem mexer a cabeça. Meu corpo dói muito, mas tento levantar e subir as escadas sem fazer barulho.
    Olho para ele dormindo, um fio de saliva escorrendo pelo sofá. Ando mancando para as escadas. Olho para cima e suspiro de cansaço. Subo degrau por degrau, parece uma eternidade mas chego ao topo.
    Vou em direção ao meu quarto, me deito na cama. " Amanhã é um novo dia" penso repetidamente em minha mente. Então apago.
      Sonho com Holly, na cama de hospital, Dylan e Jacob estão lá também.
     Depois estou em um lugar que não conheço. Era um acampamento de verão. Com uma placa escrito: BEM VINDO AO ACAMPAMENTO OCTUBER MOON. Em vermelho. As cabanas estão todas abandonadas com portas e janelas abertas no crepúsculo. Algumas nuvens estavam no céu. A fogueira acesa com o que parecia ser um corpo. "Ele ainda sentia a pele derretendo", disse uma voz em minha cabeça. Não sabia o que significava, não conhecia aquele lugar. Nem nada. Por que. Por que Deus eu estou aqui? Então, com um som águdo eu acordo e vejo meu despertador vibrar na mesa de cabeceira da cama.

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    Desço as escadas da casa e vou para a cozinha onde minha mãe está. Scotty está ainda dormindo na sala com a tv chiando.
– Que horas são?
– 05:30 – Diz minha mãe.
– Por que está acordada?
– pergunto o mesmo pra você.
– Meu despertador tocou agora
   Ela me olha confusa.
– As 05:00?
– Sim.
– Estranho. Bem eu não consegui dormir. Estou pensando em Martha. Ela disse que iria vir pra cá pra ver a filha mas até agora não recebi notícias.
   Eu a encaro. Como assim a mãe de Holly vai vir pra cá? Bem talvez ela já foi pro hospital.
– Quando ela ligou pra você?
– Ontem a noite. Por volta das 19:00 ou 20:00 horas. Por que?
– Nós saímos de lá as dez horas. Martha não apareceu lá.
– Meu Deus. Será que aconteceu alguma coisa com ela?
– Não sei.– Falo. Olho para o balcão da cozinha – Bem. Eu. Eu vou ver como está Holly.
   Saio de casa. O hospital só abre o horário de visita as 09:00 mas precisava sair de casa e não ver Scotty. Eu e Holly somos parecidas. Somos igualmente ferradas mas ainda sim não desistimos uma da outra.
Eu a amo muito. Mais do que tudo. Por isso me importo muito com ela. Holly é uma das únicas pessoas que eu me importo. Ela está no topo da lista. E sempre estará

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