O vento no meu rosto me secando o choro (tão envergonhado)

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Bruno estava preparando um chá quente e um café quando Noelle, usando sua camisa cinza — que ficava gigante nela — bocejou e andou até ele, encostando a testa no braço de Bruno, suas tranças caindo em volta do seu rosto em uma cortina.

Era o dia seguinte, e Bruno sentia um enjoo constante agora que Elle estava se sentindo melhor, o mais alto sentia a ansiedade e confusão dentro de si toda vez que lembrava sobre como agiu com André e como o moreno tinha o encarado com tanta raiva. Seus olhos arderam e sua garganta se formou num nó, ele inspirou e tentou se acalmar, Noelle colocando sua mão na base das costas do mais alto e o acalmando.

Elle sabia de tudo, Bruno não conseguiu não contar quando eles estavam cansados e prestes a dormir, Noelle havia abraçado Bruno assim que ele explicou tudo, falando baixinho a visão dela sobre tudo, e ajudou, Bruno agora percebia que ele tinha sentido ciúmes de André com o outro amigo, mas ele ainda se sentia estranho, ele gostava da amizade de André, mas não era comum para ele ser tão possessivo assim.

— Para de pensar tanto Bru, você vai ter um treco, o que você precisa é relaxar e falar o que está sentindo, botar tudo em ordem — ela abre um gabinete e coloca um pote no balcão, virando alguns pacotes de Oreos. — vem, vamos sentar e respirar fundo, você me ajudou ontem apesar de estar mal, eu quero te ajudar agora.

Bruno olhou para Noelle, a baixinha de pele negra retinta sorria para ele, e o mais alto sentiu o peito inflar e sua visão ficar embaçada com as lágrimas que se formavam, céus, ele estava cansado, uma semana atrás Ítalo destruiu ele mais do que ele gostaria de admitir, e ontem ele arruinou o que ele esperava que seria uma amizade boa, talvez se ele fosse amigo de André ele perceberia que Ítalo estava errado, mas a cada dia mais ele soava certo. Ele se sentia desamparado, perdido e confuso, mas Elle estava alí e, se ele fosse chorar, pelo menos ela o abraçaria e ajudaria a superar tudo.

Ele soluçou e Noelle o puxou para a sala, colocando as xícaras na mesa de centro e o pote de bolachas ao lado, se sentando do lado de Bruno e puxando o rosto do mais alto para o seu colo, lentamente escovando seus dedos pelo longo cabelo.

— Me conta, o que você sente? O que sentiu quando viu André com o loiro? — a voz de Noelle era baixa e gentil, poucos ouviam sua voz assim, normalmente sendo cheia de vida, alta e animada, Bruno se perguntava se era o único que via o lado gentil de Elle.

— Eu... eu não sei, não tenho certeza — Bruno respirou fundo, fechando os olhos e deixando que as emoções fluírem, assim como sua terapeuta o ensinou. - Eu senti raiva por André estar com o loiro, mas não por que ele estava dando atenção para outra pessoa, ele tem esse direito, é normal. Mas o jeito que o cara tocava e se aproximava dele faziam meu sangue borbulhar.

— Eu queria pegar ele e... eu não sei, eu não tenho certeza, eu só queria tirar ele de perto do loiro. E quando ele viu os hematomas eu — ele expirou pesadamente e sentiu o medo e ansiedade formarem outro nó em sua garganta. - eu não consegui deixar de pensar se ele iria concordar com o Ítalo, eu nem sei porque eu me preocupo tanto com o que ele acha, eu não sei porque ele é tão importante.

— Nós nos conhecemos a quase um ano agora, mas nunca fomos tão próximos, ele só tem conversado comigo nesses últimos meses. E eu tenho certeza que não é a mesma coisa que eu e você, Elle, eu não sei o que eu to sentindo ou... ou o que eu deveria fazer.

Noelle olha para Bruno com uma expressão suave, ela o ajuda a se sentar corretamente e entrega uma das canecas para ele, se encolhendo contra o encosto do sofá com a outra caneca em mãos e segurando uma das bolachas. Ela mastiga e olha para Bruno, seus olhos negros reluzindo, ela suspira.

— Olha, Bru, eu te conheço mais do que qualquer um, e eu sei que você não vai acreditar em mim logo de cara — ela levanta um dedo e aponta para Bruno. — mas do tempo que eu te conheço, isso é você estando apaixonado pelo André, e não adianta falar que ele é só um amigo, é óbvio que você mesmo está ignorando isso.

Depois de tanto tempo || Baby eu ainda me lembro (Santander x Bradesco)Onde histórias criam vida. Descubra agora