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Olho para a tela do celular, percebendo que estou ficando sem tempo e tento correr para os portões de embarque. Esbarro em algumas pessoas no caminho, pedindo desculpas seguidas até antes mesmo de bater. E tudo isso tentando equilibrar as malas em ambas as mãos. Eu deveria ter arrumado essa mala ontem, mas minha procrastinação havia apenas me travado e agora ela vai me fazer perder o voo. O anúncio de fechamento dos portões ecoa pelos auto-falantes, e é nesse momento que consigo alcançar o balcão de informação. Regulo minha respiração antes de implorar por um novo voo disponível.

— Por favor, qual próximo voo para o Nepal você tem?

— Só um instante, vou verificar para você. — disse a mulher em minha frente calmamente. Minhas unhas tamborilam num ritmo frenético no balcão sob seu olhar de julgamento, o que me gerou mais ansiedade ainda.

— Então...? — perguntei novamente na pressa de escutar um milagre em forma de resposta.

— Posso te encaixar no próximo voo, dia 23.

— Mas isso é na semana que vem, você tem certeza? Nem para amanhã? — meu tom de voz alterado, quase que fino demais demonstrava meu desespero.

— Todos os voos da semana estão lotados, senhora. — a mulher a minha frente disse firme.

— Quem tanto quer ir para o Nepal, senhor Deus?! — respirei fundo tentando recuperar a compostura. Reunindo toda minha energia para informar a equipe, digo, Patrick que eu havia perdido o voo. — Obrigada, Kate! — agradeço lendo seu nome no crachá pendurado no seu pescoço. Ela me lança um sorriso gentil, compadecendo com minha frustração.

Caminho em direção ao banco mais próximo para descansar e ligar para um anjo me salvar. Deixo minhas malas grudadas ao meu corpo, alcanço o celular que estava no meu bolso, arrasto os contatos e clico no nome de Patrick.

— Ei, Ayana! Já está embarcando? — ele perguntou, e em sua voz, transparecia o quão sorridente ele estava.

— Então, é sobre isso que eu queria falar com você... eu perdi meu voo.

— Eu não acredito! E você conseguiu remarcar?

— Não, porque o próximo disponível é na segunda-feira. Eu não sei o que fazer, infelizmente a culpa foi toda minha...

— Ayana, se eu estivesse aí, eu iria puxar a sua orelha.

— Eu sei, eu mereço por essa mancada.

— Vou ver o que posso fazer, daqui a pouco te dou alguma resposta — e desligou.

Passaram alguns minutos, observei as pessoas correndo de um lado para o outro lembrando que eu fui uma dessas pessoas minutos atrás e eu esperava do fundo do meu coração que elas tivessem mais sorte do que eu. Fechei meus olhos tentando canalizar toda culpa e remorso que eu estava sentindo, implorando para que tudo se resolvesse.

Logo meu celular vibrou com uma mensagem de Patrick informando que deveria ir imediatamente para o Terminal VIP e em cerca de duas horas eu voaria para o destino final. O questionei que loucura era aquela porque nunca que alguém iria me deixar entrar naquele lugar, afinal pelas minhas informações apenas celebridades e milionários usavam aquele serviço. Ele não me respondeu mais, então apenas segui o direcionamento e aceitei esse presente do universo.

Andei bastante, já que o local ficava bem longe do terminal dos passageiros. Mas quando cheguei na entrada, fui tão bem recebida por um funcionário vestido impecavelmente com um terno preto, que eu nem reclamei das calorias que gastei.

— Senhorita Rodrigues?

— Isso! — respondi com entusiasmo entregando-lhe meu passaporte. Ele digita algo rapidamente no notebook e devolve meu documento.

REFRAMED: ON TRACK AND BEYONDOnde histórias criam vida. Descubra agora