Capítulo 68

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Minha vontade é de mandar ela sair dali imediatamente, não por mim, mas por saber o que Valentina se sente. Me aproximo um pouco mais e percebo que ela conversa com Valentina fazendo carinho em seu rosto, sua voz está carregada como de quem quer chorar. Ela para o que está dizendo, suspira e logo reata.

A: Filha, eu sei que o que eu fiz é irreparável, eu passei muito tempo da minha vida acreditando que seu pai havia feito o melhor pra você, mas como? Que mãe acha melhor achar que a filha está morta? Só de saber que você estava aqui nesse lugar horrível eu não consegui parar de chorar um segundo sequer, eu precisava te ver... - ela pega na mão de Valentina e a segura - Eu te amo tanto, Valentina. Você é o maior amor da minha vida, minha maior realização, minha primogênita, só não conta isso pra Catarina. - ela ri fraco - Você foi tão esperada por nós, eu nunca te contei mas não foi fácil conseguir engravidar, não por algum motivo, simplesmente não acontecia. Foram muitas tentativas até o tão sonhado positivo. Eu sonhei com você a cada momento desde que soube que te esperava... - ela limpa o próprio rosto, agora até eu me seguro para não chorar. - Sabe, filha, muitos anos atrás quando tudo aconteceu você se fechou, nós nos afastamos e a cada tentativa de te manter perto, você só se fechava mais. Doeu e dói até hoje não te ter no meu dia a dia, mas eu respeito seu espaço e seu tempo, porque eu conheço bem a filha que eu tenho, sei que pra você leva tempo pra perdoar quando algo te machuca muito. Filha, eu preciso de você aqui, mas Emma e Alissa precisam de você muito mais, por isso você precisa abrir esses olhos lindos e reagir. Eu sei ou pelo menos imagino o quanto você desejou ter a família que tem hoje com a Luiza, sei o quanto você a ama e você não pode deixa-la agora também... - Me aproximo mais delas.

L: Eu não consigo nem pensar o que seria de mim se ela... - Ela me olha surpresa por me ver ali.

A: Luiza! - ela se eleva e me abraça - Eu não fazia ideia de que você estava aqui, desculpa.

L: Tá tudo bem, relaxa. - ficamos nos encarando

A: Ela parece que não está mais aqui... - diz com medo

L: Mas ela está, eu sei que logo ela vai voltar pra gente.

A: Eu não sei o que fazer para ajudar, me disseram que ela não reagir é preocupante, que não faz muito sentido.

L: É porque ela não bateu a cabeça e nem nada, mas ela vai acordar. - ela volta a olhar Valentina

A: Ela está tão linda... a gravidez a deixou radiante, esse rostinho inchado me lembra de quando ela era do tamanho da Emma... Eu sei que ela é a cara do Rhyan, mas é que vocês não viram a Valentina nessa idade, se parecem muito...

L: Ela devia ser linda.

A: Ela era, toda pequenininha e gordinha, não tinha medo de nada, a gente olhava pra ela e só via aqueles olhos azuis enormes, eram clarinhos, mas com o tempo mudaram de cor...

L: Eu imagino.

A: Um dia, quando você estiver lá em casa, me lembra de te mostrar, tenho vários álbuns... - respira fundo - Agora eu já vou, imagino que você queira ficar sozinha com ela um pouco. - ela começa a se retirar - Ah, Luiza, se ela acordar não diga que eu estive aqui, não quero que ela se irrite, eu só precisava vê-la.

L: Tudo bem, eu entendo você...

Dia seguinte

H: Luiza? - Harriet entra no quarto e fico aflita

L: Por que vocês estão aqui? O que aconteceu?

H: Calma, Lu.

T: Boa tarde, Luiza. Eu sou o médico intensivista especialista na parte obstétrica, receio não ter boas notícias. - aperto meus olhos - Valentina não está sedada, ela não devia estar em coma, nós não entendemos o que está acontecendo com ela, irei agendar uma cirurgia exploratória para amanhã, visto que já fizemos diversos exames nela e nada nos mostra algo.

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