28° capítulo

44 1 0
                                    

Anna Estrella

Seco a segunda garrafa de vinho e chamo o garçom na intenção de pedir outra mas sou barrada pelo homem que eu amo e que simplesmente esqueceu da minha existência

-Você não acha que já chega?-ele fala firme e eu encaro ele sem muito ânimo

-Cuida da sua vida que eu cuido da minha-falo tentando manter a voz firme mas na verdade eu já tô bem altinha

Ele arrasta a cadeira e senta de frente pra mim,encaro seus olhos e fico me perguntando como esse desgraçado me encontrou aqui,dou com a mão para o garçom que vem até onde estamos

-Outra garrafa dona Anna?-ele pergunta com um certo medo na voz

-Por favor Jhonata,mais...

-Chega,não trás mais nada pra essa mina você tá me entendendo?

O rapaz encolhe os ombros e eu gargalho com a cena

-Vê se pode Jhonata,o cara não lembra nem da minha existência nem da do filho e quer mandar em mim,o meu vinho por favor querido

-Eu não tenho culpa de ter perdido a memória mina

-Você nunca me amou de verdade não é Filipe?-falo sentindo raiva-Sempre sendo sua cachorrinha de estimação e você foda-se pra mim

-Senhorita Anna...-Jhonata tenta falar mas eu nem dou ouvidos

-Eu mudei a minha vida inteira por você pra no final você me destruir mais uma vez-Filipe engole seco e eu respiro fundo tentando não deixar o choro vir a tona-Trás o vinho e a conta Jhonata,por favor

Depois de ter pago o que eu pedi eu finalmente sai daquele restaurante mas o Ret veio logo atrás me impedindo de entrar no carro

-Você não pode dirigir assim tá maluca?Olha teu estado mina

-O meu nome é Anna porra-esbravejo com raiva e ele me olha puto

-E eu já sei disso caralho,tu se diz tão responsável e quer dirigir nesse estado

-Quem é você pra julgar o que eu faço ou deixo de fazer?Sai da minha frente por favor

Tento passar mas ele segura firme meus braços fazendo meu corpo inteiro arrepiar,que saudades desse toque

-Me solta-peço num fio de voz e ele encara meus olhos e em seguida desce o olhar pra minha boca

-E se eu não quiser?-umedeço os lábios sentindo vontade de beijar ele

-Me solta Ret-peço mais uma vez

-Você quer morrer porra?Tu não vai dirigir assim-o tom de voz dele muda e eu sinto a raiva voltar

-Eu preferia estar morta do que ter que estar lidando com tudo isso-falo sentindo minha voz embargar e ele me solta parecendo surpreso com a resposta

-Olha o que você tá falando,tu tem um filho pra cuidar não pensa nele não?

-Só me deixa ir por favor,não me tortura ainda mais Ret

Ele tenta segurar meu braço mas eu entro rapidamente no carro e travo as portas,arranco com tudo saindo daquela tortura que é estar perto dele

Depois de quase quatro meses nessa tortura eu tô pensando seriamente em abrir mão de tudo,tem sido cada vez mais difícil tentar me aproximar do Filipe e tentar algum convívio com ele,eu tento falar sobre a gente,tentei mostrar os momentos que tivemos um com o outro mas está sendo impossível,ele não lembra de absolutamente nada nem se esforça pra isso,eu tô esgotada

Meu celular toca e eu vejo o número dele estampar na tela,desligo a chamada com raiva e continuo dirigindo sem rumo
O celular chama outra vez e eu vejo o número do meu pai na tela,deixo chamar até cair na caixa postal,eu não tô com cabeça pra ninguém,eu só quero ficar sozinha

Depois de muito dirigir acabo parando de frente uma praia qualquer,pego o celular e resolvo mandar um áudio pra minha mãe

-Mãe eu não volto pra casa hoje,eu tô esgotada e preciso pensar,eu não tô bem e você sabe disso,eu amo muito vocês,cuida do Theo por favor-falo tentando segurar o choro

Largo o celular no carro e saio apenas com a garrafa de vinho na mão,vejo um grupo de pessoas no quiosque mais próximo a praia e relembro o dia em que eu conheci o Filipe

-Como eu queria voltar no tempo Ret

Dou passos lentos até a areia,passo pelo pessoal que está curtindo e sorrindo sem se importar com a vida,sento na beirada sentindo a água gelada encostar nas pontas dos meus pés,minha pele arrepia e eu suspiro sentindo o choro entalado doer na garganta

-O que minha funcionária favorita tá fazendo aqui tomando esse vinho sozinha?-olho pra cima e vejo Matheus me encarando com uma cerveja na mão,sua expressão muda ao ver meu rosto tomado pelas lágrimas-Qual foi Anna?O que houve cara?

Ele se abaixa ficando do meu lado e eu nego com a cabeça sentindo a dor tomar conta do meu peito

-Eu não tô com cabeça pra conversar Matheus,desculpa

-Posso ficar do seu lado em silêncio então?Na boa Anna,não quero te ver assim cara,ainda mais sozinha

-Tudo bem-falo e ele senta do meu lado-Eu vou desistir

-Tá falando do Filipe?-concordo-Poxa Anna tu sabe minha opinião né cara?Da o tempo do mano,nada acontece no nosso tempo

-Eu não consigo,eu não aguento mais olhar pra ele com tanto amor e ele me olhar com frieza,eu não aguento o jeito que ele olha pro Theo,eu não aguento mais amar sozinha

Matheus suspira e me abraça de lado,deixo minha cabeça no ombro dele e sinto o choro vindo mais forte

-Vai ficar tudo bem,chora pra aliviar,tô aqui pra te ajudar

Continua...

E esse ombro amigo em?👀

Além do dinheiro-RetOnde histórias criam vida. Descubra agora