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“Você realmente não precisava fazer isso.”
Desde criança você costumava ir ao mercado de Natal todos os anos. Não foi nem para comprar um presente. Apenas o prazer de passear por esta banca, ouvir canções de Natal e ver o prazer no rosto de todos quando ganham um jogo, partilhar uma refeição doce e sazonal ou apenas esta coisa mágica que parece deixar todas as pessoas aqui felizes. Foi um dos seus momentos favoritos do ano e você não poderia perder.
Mesmo que este ano você estivesse perto de ignorá-lo.
“Se você acha que eu teria deixado você sozinha em seu apartamento em vez de aproveitar sua época favorita do ano, você estava latindo para a árvore errada.” sua melhor amiga respondeu, colocando o braço em volta de seu ombro para aproximá-lo.
Você riu do gesto dela e apreciou esse sentimento de ser amado. E não sozinho.
Algo que infelizmente lhe faltou nos últimos meses.
A razão pela qual você quase não veio este ano foi simples. Foi Charles.
Quando vocês começaram a namorar, há três anos, a temporada de Fórmula 1 estava chegando ao fim. Você se conheceu através de amigos em comum em Mônaco e ele sempre conseguia ver você quando voltava para casa, às vezes até faltando tempo com a família por sua causa - algo pelo qual você estava discutindo com ele.
Quando ele finalmente ficou livre, esse mercado de Natal foi um dos primeiros encontros oficiais como casal. Você estava vivendo um sonho literal de adolescente, andando de mãos dadas com ele, mostrando-lhe todos os lugares dos quais você tinha memórias - ou seja, quase tudo. Você o deixou comprar seu doce favorito e um lenço que você nunca mais deixou depois disso.
E você fez isso todos os anos. Era sempre o primeiro encontro que você tinha após o término da temporada. A primeira vez que você poderia agir como um casal normal novamente. E mesmo que Charles conhecesse alguns fãs lá, muito poucos graças ao gorro e ao lenço que o escondia, ainda assim parecia íntimo.
Uma noite, depois que você bebeu muito vinho e assistiu aos fogos de artifício, Charles lhe disse que pelo menos sabia onde poderia lhe propor casamento.
Tornou-se o seu lugar.
Até que ele foi embora.
Agora era só seu, sozinho.
Tudo te lembrava dele agora. A barraca com todos os cachorrinhos onde você estava falando em adotar um e até pensou no nome. O grande pinheiro onde você juntou sua própria decoração, como diz a tradição. O photomaton onde ele beijou você e a foto que ainda estava em algum lugar do seu apartamento porque você não conseguia se livrar dela. Ou apenas todos os casais, sendo felizes como antes. Você odiava sentir ciúmes dessas pobres pessoas que não pediam nada além de passar um momento juntos.
Foi difícil trilhar o caminho do seu maior desgosto.
“Que tal um chocolate quente?” Seu amigo perguntou a você. Bem, puxou você porque ela realmente não esperou pela sua resposta antes de caminhar até a barraca. Você não se importou. De qualquer maneira, não era como se você tivesse vontade de tomar qualquer decisão. Você pediu desculpas à garotinha que colidiu com suas pernas e seguiu seu melhor amigo até ter que esperar porque havia muita gente.
