MORGAN PERRY
Após sair do banho, e ficar presa vendo aquele reflexo no espelho, vendo as letras escondidas pela tinta permanente. A minha respiração começa a falhar, não sinto minhas pernas. Eu deslizei pela parede até chegar ao chão, coloquei a mão em meus ouvidos tentando abafar meus gritos. Não pode acontecer tudo de novo, de novo não. Por favor. Turvo, era isso que me dificultava ver o chão perfeitamente.
— O que passava na sua cabeça, Perly? — Ele disse assim que cheguei no galpão que por fora parecia tão abandonado.
— Porque no galpão? — Descobri que ele é mais velho que eu, isso estava aparente. Sempre nos encontramos aqui para passar o tempo juntos. Mas não esperava que seria aqui nesse horário. — Quer se beijar aqui, no galpão?
— Quero te falar algo. — Olhei para trás, tinha dois meninos com cordas nas mãos. O medo me consome, meus instintos falam pra eu fugir, e não olha pra trás, mas meu corpo não se mexe.
Eles me prenderam na viga. Quero sair daqui, não posso. Porque ele está fazendo isso comigo, por favor alguém... Me tire daqui. Kim aproximou-se com algo que reluzia a luz fraca do galpão, um canivete.
— Ninguém pode te tocar, Morgan. — Kim se aproximou. Do que ele tá falando? Me debati tentando sair daquela corda mesmo sabendo que seria em vão. — Um simples aviso, não quero você de “gracinha” com outros por aí. Você é minha. — Ele levantou meu uniforme, passou o objeto em minha barriga. Gritei, uma dor insuportável. Tinha tons de vermelho em suas mãos, objeto e também no meu uniforme. Sangue. Estou vendo meu sangue.
— Porra, Andrew, que papo é esse. — Me debati com uma dor insuportável na barriga, mas os meninos me seguram. — Por favor, pare... — saiu como sussurro
Ele pegou agressivamente meu rosto o trazendo mais perto, limpou uma trilha de lágrimas, tirando uma mexa do meu cabelo do meu rosto.
— Pronto, minha, somente minha. — Fui solta, quero sair correndo dali. Não quero ficar aqui. Não quero vê-lo. Meu corpo me impede. Não consigo levantar. A única coisa que vejo é o vermelho em minhas mãos. Abracei meus joelhos contra meu peito, me permitindo chorar e ver o meu sangue em minhas mãos.
Batidas na porta do banheiro que me fazem sair das lembranças que tento fugir ao máximo. A voz do Max me gritava do outro lado, me enrolei na toalha saindo e o encontrando.
Caminhei ao lado do Max observando aquela cena de todos os dias. Adolescentes espalhados pelo pátio conversando se misturando naquela poluição sonora que estou acostumada. Senti um cheiro peculiar, me virei para trás de onde vinha aquele cheiro, Max estava fumando. Ele tinha parado, não faz muito tempo que ele voltou da clínica.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Nosso Diário Feliz
RomansaReescrevendo... A protagonista Morgan tem um diário que ganhou de sua falecida avó onde anota o recorrer do dia... Agora Morgan está fazendo faculdade de direito e encontra o seu pior pesadelo, pagando todos os seus pecados. Andrew Kim, típico Bad...