Capítulo Único: Aprendendo.

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Era apenas mais um dia em que um anjo e um demônio no Soho decidiram comemorar mais uma vez o quase fim do mundo - mesmo depois de já tendo passado um bom tempo desde o acontecido, eles usavam isso como desculpa regularmente para acabarem bebendo litros e litros de vinho na livraria do loiro. Porém dessa vez era diferente: além de beber um pouco menos de vinho, decidiram que também assistiriam um filme dessa vez, um que Aziraphale havia pedido.

- Olha, querido, é um filme bem clichê e romântico, acho que não é muito o tipo de filme que você gostaria, então se não quiser ficar, pode pegar umas garrafas e ir.

- Não, que isso, eu fico aqui com você anjo. Sabe, eu prefiro filmes de terror mas não vou morrer se assistir um romance. - Crowley amava filmes de romance, e detestava os de terror, mas obviamente não deixaria o loiro saber disso, afinal, tinha um reputação de "malvado" a manter.

- Que bom! Obrigado querido.

- Não tem de que, anjo.

- Vamos?

Foram até a sala da livraria de Aziraphale que se localizava no andar de cima. Era grande, tinha uma boa televisão e um sofá que acomodava os dois sentados um ao lado do outro, além disso a parte de sentar no sofá era comprida, fazendo assim com que conseguissem ficar com as pernas esticadas.

- Então, qual é o filme? - Perguntou curioso.

- Chama "Barraca do Beijo", eu nunca assisti antes. - Crowley no entanto já tinha assistido, porém logicamente não falaria agora.

- Beleza.

Antes de começar o filme, Aziraphale estourou um pouco de pipoca, enquanto Crowley abria um garrafa de vinho e pegava taças para os dois. Logo começaram o filme. Estavam a uma distância segura, porém não muito  longe. Não falaram muito sobre o filme, até certo momento em que o silêncio foi quebrado.

- Por que os humanos fazem isso? - Perguntou o demônio para o anjo apontando para a televisão, onde havia uma cena de dois personagens se beijando profundamente. Ele realmente não entendia direito.

- Acredito que é uma demonstração de afeto.

- Sim, isso eu sei, mas tipo é diferente sabe. É uma coisa que, por exemplo, não é feita entre humanos da mesma família, pelo menos não desse jeito necessitado aí.

- É verdade. Normalmente nos livros o protagonista sempre acaba fazendo isso com quem ama de paixão. É como se fossem amigos e quisessem ir um passo a mais para o lado romântico.

- Parece confuso. - Nesse momento nenhum dos dois mais prestava atenção no filme.

- Você... Já fez isso?

- Lógico que não. Eu não sairia por aí beijando um humano que eu nem conheço. Acho isso muito íntimo pra ser feito com qualquer um... E você?

- Não também. Acho que nem se quisesse eu nunca conseguiria.

- Por que?

- Sei lá, quem me beijaria? - O demônio pensou "Eu?" mas obviamente não falaria isso em voz alta - Também não conheço nenhum humano que eu tenha laços fortes e que ame.

- Ah, entendo. Eu também só faria isso com quem eu realmente gostasse e conhecesse a muito tempo sabe. - Depois que falou, acabou notando uma indireta nas últimas palavras, mas para a sorte  de Crowley, Aziraphale não percebeu.

- É que eu pensei que você, como demôni-

- Meu trabalho é apenas tentar as pessoas, eu nunca fico pra participar depois.

- Ah, entendi. Desculpe se pareceu rude.

- Tá tranquilo.

- Você então já viu isso de perto certo?

Beijos - Good OmensOnde histórias criam vida. Descubra agora