Capítulo 8

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- Acredita que aquela professora de Biologia quer acabar com a minha vida? –Eu reclamei num falso tom indignado enquanto me jogava no sofá com minha penca de bananas, tentando esquecer a visão do inferno que era a Mendonça pelada.

- Eu acho incrível como a missão de todo o mundo é acabar com a sua vida, o que foi dessa vez? –Minha mãe respondeu num duvidosamente debochado.

- Não faça pouco caso, é sério. Ela me passou um trabalho gigante para eu fazer em dupla e a senhora sabe muito bem que minha parceira de carteira é a maldita Mendonça, isso quer dizer que além de aguentar a babaca nos encontros desnecessários que vocês fazem e no colégio, ainda vou ter que aturá-la durante esse trabalho. Ela vai chegar daqui a pouco. –Depois da minha última frase, minha mãe apareceu no umbral que dividia a cozinha e a sala e cruzou os braços.

- Você vai recebe-la naquele lixo que está o seu quarto? –Eu não entendia o tom indignado dela e meu quarto nem estava tão bagunçado.

- Qual é o problema? –Eu perguntei enquanto descascava a última banana da penca, eu precisava de mais.

- O problema é que eu não criei filha porca. Há quanto tempo eu tenho falado para você guardar suas roupas? Eu lavei aquilo tudo, era só você guardar, mas você simplesmente as jogou em cima da cadeira e já está lá há uma semana. – Ela deu umas batidinhas com a colher de pau que ela segurava, na parede. – Anda, vai dar um jeito naquele quarto antes que a Marília chegue! –Minha mãe às vezes podia ser tão exagerada...

- Mas mam... –O toque da campainha me interrompeu e eu fui correndo atende-la enquanto ouvia minha mãe murmurar um "que vergonha".

- Oi, Mara! –A demo me pegou de surpresa com um beijo no rosto enquanto eu cerrava os dentes.

- Sem contatos desnecessários, Mendonça. –Eu murmurei enquanto dava espaço para que ela pudesse entrar carregando a mochila.

- Então você pode me espiar enquanto estou sem roupa e eu não posso te dar um mísero beijo no rosto? – Ela sussurrou de modo que minha mãe não pudesse ouvir - Tsc, tsc, tsc... você é injusta, Mara... –Senti meu rosto pegar fogo ao ter certeza que ela havia descoberto meu estudo de terreno inimigo.

- Marília, meu bem! Como você está? Acabei de fazer um bolo de baunilha, venha comer enquanto a Maraisa termina de arrum... –Eu a interrompi e segurei a mão de Marília enquanto a puxava escada acima.

- Mãe, temos que começar o trabalho logo, depois eu venho pegar bolo para nós. –Eu não ia ficar arrumando o quarto só por causa da imbecil.

- Estou bem dona almira, como a senhora está? – Não tivemos chance de ouvir a resposta da minha mãe porque eu empurrei Marilia para dentro do quarto e tranquei a porta. –Você deveria ser mais educada com a sua mãe. –Ela murmurou colocando a mochila encostada numa das paredes.

- Cala a boca! Minha mãe iria ficar a tarde toda falando com você e quanto menos tempo ficarmos juntas, melhor. –Ela revirou os olhos antes foca-los em uma parte específica do meu quarto.

- Nossa! O que aconteceu com sua cortina? –Seu tom de voz era zombeteiro e eu senti meu rosto enrubescer porque ela sabia o que havia acontecido.

- Sem gracinhas, Mendonça! Estamos aqui com o único propósito de você me ensinar a conquistar o Danilo. –Claro que eu não iria dizer para ela que meu outro propósito seria usar nossa proximidade forçada para afastar a Lauana dela.

Eu ainda queria vingança por ela ter me roubado meu primeiro e segundo beijo.

- Tá! Tá! Pereira. – Ela abanou a mão antes de pegar um porta-retratos, que eu logo tirei da mão dela. –Diga-me, pelo o que eu ouvi do seu papinho com o Gentili você estará presente na festa de Lauana no sábado, não é? –Eu assenti sem poder acreditar que ele havia me convidado para a festa da Prado. Eu me sentia eufórica e em pânico ao mesmo tempo.

You Hate Me While I Love You- MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora