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Envolto em seus edredons caros, protegido do frio congelante que faz lá fora, o jovem príncipe encara o dossel da cama já sentindo falta da sua antiga vida. É inevitável não sentir quando a partir do momento que pisou no castelo, deixou de ser Jimin e passou a ser Vossa Alteza. Era Vossa Alteza pra lá, Vossa Alteza pra cá, e ele se sentia exausto só de pensar que assim seriam os dias dali pra frente. E como se não bastasse ainda tinha o fardo de se casar e seguir com linhagem real, e isso ele definitivamente não queria. Bom, não com a pessoa que sua mãe queria.
A princesa Ana era sem dúvidas uma mulher linda, educada e o principal inteligente, atributo esse que supera todas as suas curvas e cachos pretos que adornam seu rosto delicado. Mas Jimin não queria se casar com ela, e não somente porque ela foi prometida ao seu falecido irmão, mas porque Jimin é gay, o que torna incontestável o fato dele não querer constituir uma família dita como tradicional. Porém, todas as vezes que ele ousava levantar o assunto, sua mãe o calava, sempre usava o mesmo discurso: "Jimin, querido, você é um príncipe e os príncipes não podem ser gays, principalmente príncipes com linhagem direta ao trono. Então faça o que quiser, sem que ninguém veja, e aos olhos do povo a que você serve, seja um rapaz, digamos normal".
Jimin odiava cada palavra do discurso barato de sua mãe e odiava mais ainda estar preso a tamanho absurdo. Como em pleno século XXI as regras da Coroa poderiam ser tão ultrapassadas? Como aprovar apenas a heteronormatividade era governar para todos? Isso não entrava em sua cabeça. Ele não compreendia porque não poderia ser feliz como via outras pessoas sendo felizes. Por isso Jimin se angustiava sempre que pensava em sua antiga vida.
Um ano atrás ele podia viver sua vida, ainda sob as leis da coroa, mas ainda assim podia ter mais liberdade. Todos os seus envolvimentos amorosos sempre passavam por uma cuidadosa investigação, afinal um membro da realeza não podia se envolver com qualquer pessoa e muito menos se envolver com alguém sem que ela assinasse um termo de confidencialidade. Ele se sentia quase como Christian Grey, mas sem a parte boa do BDSM.
O príncipe sonhava em conhecer alguém que pudesse descobrir por ele mesmo todos os defeitos, e apreciar todas as qualidades também, como o seu motorista de última hora, ele parecia ser uma pessoa dessas que faz o que quer, e isso intrigou Jimin, como seria a sensação de ser livre? Mas ele sabia que isso não seria possível, ele jamais sentiria essa sensação e com esse pensamento o loiro se aconchegou ainda mais na cama puxando o edredom até o pescoço e pensando no de cabelo azul adormeceu.
Com o primeiro compromisso das festas de fim de ano batendo à sua porta exatamente às 6h, cambaleando de sono, Jimin levanto-se e se preparou para o seu primeiro dia de volta a Bonovia. Como Príncipe, era comum que ele tivesse que visitar orfanatos, hospitais e escolas nessa época do ano e de bom grado ele foi. Poucas coisas faziam Jimin sorrir, e fazer o bem era uma delas. Conhecido como o príncipe benevolente, Jimin adorava angariar fundos para instituições de caridade, e passar horas e mais horas na antiga escola de Monvelier. Sempre que estava na cidade, o loiro era voluntário como docente de literatura e artes, e todos os alunos o adoravam. Ainda mais porque quando ele estava na escola tinha lanche gratuito garantido.
Como parte da educação igualitária que Bonovia seguia, Jimin foi educado na antiga escola pública e sempre soube que se tivesse uma vida normal com certeza seria professor. A escola supria o que era comum às outras crianças, mas ele estudava muito mais em casa, afinal precisava ter a história da coroa e sua linguagem na ponta da língua. Ele deveria reconhecer seus pares onde quer que estivesse. E foi graças ao programa de ensino igualitário que Jimin conheceu o seu melhor amigo Jung Hoseok.
Quando mais novos os dois não se desgrudavam para nada e sua mãe, no auge da descoberta da sexualidade do filho, acabou por proibir que os dois se vissem, acreditando que no lugar da amizade existisse um romance. Falhando em entender que os dois garotos não tinham nada além de uma bela amizade, a Rainha naquele tempo tirou do filho a única pessoa que o entendia sem julgamentos
Mas agora, ansiando reencontrar o amigo que tanto sentiu falta, o Príncipe se programava para uma saída de fim de semana. Iriam visitar os Alpes Attepoly, mas antes, Jimin precisava viver o presente, e no momento, o seu presente era visitar o Orfanato Golden e passar um tempo com as crianças, além de entregar presentes.
O Orfanato Golden era o lar de cem crianças e adolescentes, e todos os anos um membro da família real passava uma tarde decorando bolos, fazendo cookies natalinos, lendo algumas histórias e brincando com as crianças. Devido aos anos longe de Bonovia, já fazia muito tempo que Jimin não aparecia na instituição, e muita coisa havia mudado. Até a pintura desgastada que há muito tempo havia se habituado em ver todas as vezes que esteve ali, já não existia. Admirado com a aparente organização do lugar, o Príncipe percorreu o espaço acompanhado da diretora e rodeado por crianças de todas as idades.
Depois de se sentar no chão de pernas cruzadas, leu uma história e quando as crianças já não estavam mais presas aos mistérios sobre o roubo do natal, Jimin levantou-se e, movido pelo cheiro de baunilha e chocolate que vinham da cozinha, caminhou até ela.
- Ah, oi, Sangue azul! Quer experimentar minha especialidade natalina? - Jungkook pergunta apontando para os biscoitos recém-saídos do forno.
- Sangue azul? - Jimin questiona, tentado a pegar um dos biscoitos à sua frente.
- Perdoe-me. É Vossa Alteza, né? - Jungkook responde fazendo uma reverência depois de limpar a mão no avental branco.
Nas duas vezes que se encontraram, o de cabelo azul agiu informalmente com Jimin e isso o deixa intrigado. Algo o atraía, e estar na presença do jovem motorista e agora confeiteiro, era como estar em Cambridge novamente e o Príncipe gostava de como ele o fazia se sentir.
- Qual o seu nome? - Jimin perguntou curioso.
- Jeon Jungkook, Vossa Alteza. - o jovem respondeu energicamente.
Jimin revirou os olhos diante do tratamento e pegando um dos biscoitos em formato de árvore de natal, tratou de pôr fim à formalidade que ele tanto odiava.
- Me chame apenas de Jimin, por favor. Você é motorista, né? - pergunta enquanto morde o biscoito, sorrindo em satisfação com o sabor. Chocolate era seu doce preferido. E quando Jungkook assente, ele continua. - O que acha de me levar para os Alpes Attepoly, no fim de semana? E antes que tente me enganar de novo, eu sei que cobrou dez vezes mais pela corrida até à minha casa.
- Cobrei, é? - Jungkook pergunta baixinho, rindo de nervoso e coçando a nuca, envergonhado por ser pego pelo Príncipe, que ele subestimou. - Agradeço o convite, mas no final de semana eu sou ajudante do Papai Noel na praça da cidade. Então, acho que devia ir com o Yoongi.
- Ah, ok. Talvez eu deva mesmo ir com ele. - Jimin fala tentando disfarçar o seu desapontamento diante da negativa. - Eu tenho que ir. O biscoito está maravilhoso!
- Obrigado, loiro. Ai, desculpa! Obrigado, Jimin.
No caminho de volta para o palácio, Jimin se vê inquieto e pensativo. Ele deseja a normalidade da sua vida antiga, mas a única pessoa que foi capaz de trazer ao menos a sensação de normalidade de volta, foi um completo desconhecido. Ele não se importava em tratar Jimin como um cidadão comum. Ele parecia não enxergar a Coroa toda vez que olhava para Jimin. E por isso o loiro resolveu que de um jeito ou de outro, Jungkook seria seu motorista no fim de semana.
Notas da autora:
Amores,
Perdoem a falta de criatividade para o nome do orfanato kkkk
É que na hora que eu estava escrevendo, eu estava ouvindo o álbum do Jk 🤭
Beijinhos e não esqueçam de votar!
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Com você, uma linda noite de Natal ● JIKOOK ● Shortfic
FanficHiatus| Novidades em Dezembro!!! O Natal seria mesmo incrível se Jimin não fosse um Príncipe prestes a tomar a decisão que pode mudar a sua vida? Ele precisa escolher entre: Renegar a si mesmo e suprimir suas vontades ao assumir o trono de Bonovia...