Passeio com os patos

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Depois de tantas conversas, bebidas e doces, Aziraphale e Crowley não queriam que essa noite simplesmente acabasse no Ritz, e claro, era véspera de natal.

Como uma antiga lembrança, fizeram questão de andar juntos no Hyde Park, como nos velhos tempos, não era muito longe.

Crowley e Aziraphale foram com a Bentley até o parque já tão conhecido pela dupla, ao estacionarem na frente do mesmo (considerado algo proibido) continuaram a caminhada até os seus bancos favoritos do local, na frente da lagoas dos patos, Crowley adorava admirá-los, esquecia os problemas do mundo lá ou enquanto dormia.

— Patos! Você sempre costumava falar deles — Aziraphale diz parando em direção a lagoa, e lá estavam os patos, dormindo, a lagoa calma e nenhum humano por volta, não muito comum para uma sexta-feira à noite, como um... Milagre?

O Hyde park estava sem pessoas, a noite fria de natal mesmo com poucos flocos de neve caindo sob a dupla, nítidos em Crowley e desaparecendo em Aziraphale, os dois olham os patos com sorriso reconfortante em ambos dos rostos, sabiam que o banco deles estava vazio, mas continuaram ali em pé sob o rio.

— Eu sempre venho para cá, me trás um sentimento de conforto, e os patos, trago ervilhas congeladas para eles após ouvirem o que tenho a dizer, eles merecem muito mais do que eu — ele retira as mãos do bolso com uma sensação de conforto por estar com o seu anjo, olhava fixamente  para os patos em sono profundo, admirando eles simplesmente flutuarem pela água, o coração sentimental como se nunca houvesse nenhuma casca nele — me lembra de quando estava com... você. — Olhou para o anjo percebendo que Aziraphale também estava o observando, logo segurando em seus óculos de sol tirando eles fazendo Crowley olhar diretamente para os olhos do anjo, sem escudos, sem casca, não precisava de proteção pois seu mundo estava ali.

As mãos de Aziraphale vão delicadamente para os ombros do demônio, se entregando ao momento, os dois de frente um para o outro, dois seres compartilhando a mesa aurea, feitos um para o outro, uma conexão invisível porém sempre presente por perto, um momento de calma e paz, será esse o plano inefável?

Com uma pequena cerimônia, o anjo aproximando uma de suas mãos no maxilar do seu parceiro, uma pequena conexão  no olhar com ambas de suas pupilas dilatando, ao perceber, os lábios de Aziraphale haviam tocado os do demônio delicadamente como se fosse feito de porcelanato, foi tão lento que mesmo assim Crowley não acreditava que o anjo iria fazer tal ação, seu coração disparado, suas mãos suadas, um tiro certeiro em seu coração.

O demônio, com as mãos, vai rumo a cintura do seu amado, uma delas carinhosamente vai até seu rosto, seus lábios abrem mais dando passagem a esse beijo, seus lábios quentes almejando mais um do outro, seguindo suavemente em um beijo silencioso de respirações presas pelo nervosismo, seus olhos estavam fechados, minimamente seus lábios se separam um do outro mas a ponta de seus narizes se tocaram por conta da proximidade.

Seus olhares se encontram novamente, mesmo com o frio da noite, a proximidade faz ambos os corpos se acolherem.

Aziraphale se encontra hipnotizado pelo olhar de Crowley, admirando cada detalhe, adorava ver seu olhar sem aquele óculos de sol ridículo que escondia a parte preferida de seu amado.

E Crowley, se vê em um paraíso voando sobre as estrelas, é o que precisava, apenas o seu anjo próximo o suficiente de si, nada podia estragar essa noite, nada…

 Ambos se admiram em seus jeitos, ações e caráter, não precisam de ninguém ou um título para se sentirem completos.

Ambos se afastam após um curto tempo, a troca de olhares como se explodisse em mais de um milhão de galáxias dentro dos olhos um do outro, mais de um milhão de diversas sensações em seus corpos e corações, em suas mentes a cada mínimo átomo. Era como se não soubessem o que dizer um ao outro, apenas sentir.

 Aziraphale acabou rindo de algo que Crowley não entendeu, um riso baixo retirando a mão de seu rosto, as mãos do anjo seguram uma do demônio encostando a testa em seu peitoral quase deitando a mesma, a mão de sobra do demônio puxa o seu anjo para próximo deixando o ficar.

Por algum motivo, Crowley acabou rindo baixo também sem saber ao certo do que estava rindo com um sorriso bobo em seus lábios o silêncio já não os assustava mais.

Eles nunca tiveram um ao outro assim, tão próximos.

— Bom… — Aziraphale ergue a cabeça voltando a olhar os olhos do demônio. — …Espero que você não tenha falado mal de mim aos patos. — o demônio imediatamente pareceu prestes a se defender, abriu os lábios com sons desconexos, soltando uma das mãos da cintura de anjo tentando lhe explicar de uma forma expressiva, deu uma bufada dramática desviando o olhar para o céu — Crowley! — exclamou Aziraphale se fazendo de perplexo e irritado.

— Ah...eh... Você sabe como é né!? — voltou a olhar o anjo agora parecendo o temer. — sabe, sei lá só no começo não foi muito anjo! Só... — sua voz falhou buscando as palavras certas, a verdade é que tinha falado muito mal em seus momentos de raiva xingando o anjo de idiota aos patos. — eu tenho certeza que eles não concordaram comigo! — o anjo não estava escutando nada proferido pelo seu "inimigo" hereditário, o olhava com um olhar completamente entregue a Crowley, que no momento se desesperava mais, torcendo pro assunto ser mudado. Se ele fosse temente a um dos lados (Deus ou Satã) pediria ajuda a eles agora.

— falou mal de mim aos patos, eu lhe detesto por isso! — disse o angelical bibliotecário com tom de humor.

— Detesta nada! Admite que você me adora! — rebateu o demônio tão sensível. Aziraphale negou com a cabeça rindo. Desviou o olhar para o céu estrelado no qual caía a neve de forma suave sobre eles.

— Como vão as coisas aqui embaixo? Você sabe... Londres. — pergunta o anjo que continua com seu olhar preso nas estrelas

— Nah! — o outro resmunga, agora também olhando para cima em meio à sua criação — O mesmo de sempre 'cê sabe 'né? Eu só... Pego a Bentley e fico dirigindo por aí, às vezes eu vou lá na livraria, dou aquela passada, Muriel tá cuidando bem de lá, eu vou pra lá porque... — ele busca as palavras corretas, e talvez pedindo ajuda as estrelas e ao ar gelado que adentra seus pulmões, não nota mas o foco de Aziraphale deixam de ser as estrelas, voltando ao seu criador "ajudante" de toda aquela beleza sobre eles, um artista. — eu me sinto bem por lá, é confortável, e… sei lá anjo. — ao olhar de relance para Aziraphale, percebe o santo olhando para ele de volta, tentando agora disfarçar tal ação boba apaixonada — é como se você estivesse lá — assim ele retorna o olhar as estrelas. — mas não está.

— Estou aqui agora. — disso anjo deixando suas mãos e pegando em seu braço, assim os entrelaçando, o de olhos amarelos retira o olhar das estrelas olhando para a sua própria, diretamente dos olhos de seu amado, sussurrando um "é" como se estivesse novamente em casa.

Déjà Vu - Fanfic Aziracrow Onde histórias criam vida. Descubra agora