Capítulo 7: Assim termina

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 Completamente em choque, puxei Jessy e a coloquei dentro da caminhonete, mas essa não pegava de jeito nenhum. Nisso, vimos ao longe Guiller vindo em nossa direção com um facão que eu o havia visto amolar mais cedo. Saimos do carro e corremos para dentro da floresta. Não tinhamos nada além de uma lanterna que já estava dentro da caminhonete da qual peguei as pressas. Corremos muito e não muito longe do casarão encontramos o corpo de Antônio completamente nu com a barriga e pescoço abertos. Jessy gritou desesperada e se soltou de mim. No escuro eu não conseguia encontrá-la e comecei a correr desnorteado e com medo.

 De repente eu escuto Guiller chamando meu nome. Me escondi e fiquei esperando ele se aproximar. Peguei uma pedra grande e esperei, mas assim que ele chegou perto e me viu, só pode gritar meu nome, pois Jessy apareceu atrás dele e partiu seu crânio com um pequeno machado. Ela gritou muito alto e começou a chorar desesperada.

— Acabou, amor... Acabou... Estou livre! — Ela gritava desesperada.

A abracei e a puxei. Corremos dali como se o cadaver de Guiller pudesse nos machucar. Fomos em direção da fazenda afim de ligar para a policia, mas já de longe conseguimos ver os indios colocando fogo em tudo. As chamas da casa clareavam de longe. Então decidi correr com ela na floresta para onde eu sabia que podiamos ficar a salvo durante a noite se chegassemos lá. No santuário onde encontramos o talismã verde. Não sei bem como, mas chegamos lá no fim da madrugada. Mergulhamos e chegamos a sala das pinturas. Nos encostamos um no outro, exaustos e ficamos ali juntos. Jessy chorava muito até que adormeceu e eu acabei dormindo também. O cheiro de fruta que vinha daquele local parecia que me induzia a isso e eu não consegui vencer o sono.

Adormeci e acabei tendo uma visão ou sonho. Eu estava na floresta, andando sem rumo, quando me deparei com um anjo deitado debaixo de uma nogueira, recostado sobre uma onça tão branca quanto suas asas. Ele tocava uma flauta, mas parou imediatamente quando me viu.

— Se aproxime criança! Não tenha medo... — A voz era como feminina e muito doce.

Me aproximei e sentei aos seus pés. Ele era belíssimo. Tinha longos cabelos negros e muito lisos, presos com adornos de ouro. Estava de pés descalsos e usava uma tunica parecida com a de Honorato. Seus olhos eram tão azuis quanto os de Jessy, mas os dele pareciam um oceano agitado. Ele olhava fixo e eu fiquei envergonhado.

— Do que se envergonha, pequeno? — O anjo perguntou enquanto voltava a se encostar na grande onça, que dormia profundamente.

— Não sei... Me sinto sujo em sua presença.

— Homens nascem sujos de sangue. Não sou um juiz. Sabe tocar flauta? — Ele a estendeu em minha direção.

— Não... Sou arqueologo... Meu dom é desenterrar coisas.

— Quero sua ajuda. 

— Em que posso ajudá-lo?

— Antes da sucuri parir Honorato e Maria, seus gemeos, ela me procurou. Ela não podia ser mãe, pois era velha e ultima da sua espécie. Dei a ela uma india gravida para que devorasse e que assim que o vissesse os bebês seriam dela e não mais da india. Ela assim o fez. Então nasceram os gemeos. Maria se tornou minha amiga e vinha ao meu encontro, mas Honorato me odiava. Quando soube da história sobre seu nascimento, viajou pelo mundo afim de descobrir como me matar. Ele nutre odio pelo que fiz, mas eu não ligo.

— O que eu devo fazer? — Perguntei.

— Honorato visitou povos e com eles confeccionou tem amuletos de muito poder. Com eles conseguiu me prender aqui, nesse pequeno terreno de floresta. Quero ser livre outra vez. Traga os talismãs para mim, por favor.

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⏰ Última atualização: Dec 19, 2023 ⏰

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