Capítulo 2: Cataclismo

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Atenção: Os nomes foram trocados para manter a identidade real dos personagens em sigilo. Aproveite a obra.

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Após o término do filme, Daniel e Guilherme saíram do cinema, dirigindo-se à praça de alimentação. Daniel, claramente feliz com o filme, compartilhava empolgado os detalhes com Guilherme, que ouvia atentamente e sorria.

"DEPOIS VAMOS ASSISTIR DE NOVO!!!"

Daniel ficou na frente de Guilherme, agarrando sua mão. Guilherme fechou os olhos e sorriu.

"Claro Daniel, vamos assistir quantas vezes você quiser."

Ao falar isso, Daniel acordou do transe de empolgação, percebendo que estava segurando a mão de Guilherme. Envergonhado, ele a soltou e se virou.

"Desculpa, eu me empolguei um pouco."

"Tudo bem, gosto desse seu lado animado quando você fala de algo que gosta."

Daniel, constrangido, seguiu em frente em direção ao local escolhido para comer.

"Vamos comer logo, estou com fome, e desta vez você paga."

Ele falou orgulhoso, mas Guilherme percebeu que Daniel estava daquele jeito por estar envergonhado. Então, Guilherme sorriu como se seus olhos brilhassem ao ver aquela atitude do amigo.

"Claro, sem problemas."

Ao fazerem os pedidos, Daniel seria o primeiro a escolher, podendo montar seu próprio sanduíche.

"Quero 2 sanduíches com pão 4 queijos, cheddar, frango empanado e coloque cebola antes de por o pão no forno."

"Ei! Esse não é o sabor que eu indiquei para você experimentar quando estávamos jogando em call?"

"Sim, eu tinha que experimentar algo que você me indicou, já que você diz que nossos gostos são muito parecidos. Nada melhor do que testar a teoria, né?"

Naquele momento, Guilherme não conseguia conter a empolgação, esperando sua vez na fila para fazer seu pedido, enquanto via Daniel prestes a experimentar uma recomendação dele.

"Senhor, o que você vai querer?"

"Vou querer o mesmo que ele pediu."

Após isso, os pedidos de ambos estavam prontos, e a mesma que havia preparado os sanduíches atendia ambos.

"Qual a forma de pagamento dos senhores?"

"Vou pagar em pi-"

Daniel foi abruptamente interrompido por Guilherme, que se colocou na frente do amigo, com seu celular em mãos.

"Irei pagar o de nós dois, o método de pagamento vai ser pix."

Ele sorria enquanto a mulher preparava a maquininha para gerar o QR code.

"EI!!! Você não precisa pagar para mim, eu posso pagar!"

Daniel claramente expressava sua desaprovação pelo ato do amigo.

"Da próxima vez que a gente sair você paga."

Guilherme sorria enquanto Daniel ficava visivelmente chateado. Então, ele se aproximou do amigo e sussurrou.

"Só estou querendo garantir que teremos nosso segundo encontro."

"EHHH!!! Quem disse que isso é um encontro?!?!"

Era possível ver o olhar confuso de Daniel, enquanto Guilherme somente expressava aquele sorriso de satisfação. Ao ver o QR code, ele rapidamente fez o pagamento dos lanches de ambos.

"Você é idiota? Eu disse que não precisava."

"Hahaha só estou querendo garantir meus pontos contigo, ou não posso fazer isso?"

Ele se virou para o amigo, com o mesmo sorriso no rosto. Até que Daniel viu o semblante do amigo mudar subitamente ao virar em sua direção. Naquele momento, Guilherme correu para cima de Daniel, que estava em choque.

"DANIEL!!!"

Daniel viu uma sombra acima dele, um enorme escombro estava prestes a atingi-lo, quando Guilherme pulou ao seu encontro.

CRASH!!!

Naquele momento abrupto, era possível ouvir gritos de todas as direções, sons de outros destroços caindo, uma nuvem de poeira se espalhava por todo lugar. Aquele evento havia ocorrido ao meio-dia, mas em algum momento pela tarde, Daniel recobrou a consciência.

"Arrh~"

Naquele momento, Daniel recobrava a consciência. Ele sentia algo pingar em sua boca, um gosto ferroso era o único sabor que tomava suas papilas gustativas, sua visão estava turva, mas aos poucos uma luz abaixo dele, proporcionada pelas lâmpadas presente abaixo do piso de vidro do chão, ele via Guilherme com vergalhões atravessando seu peito, o líquido de sabor ferroso que caía em sua boca era o sangue de seu melhor amigo.

"Hmmm...? O que?!?!"

Sua visão antes turva começava a ficar vertiginosa, tudo a sua volta parecia se mover, nada parecia ser real, sua confusão chegava ao seu auge quando a mão de seu amigo chegava ao seu rosto.

"Da...niel... ainda~ COFF~ COFF~!!!"

Guilherme tossia sangue enquanto tentava falar com Daniel.

"... ainda bem... que você está bem..."

Seus olhos estavam já sem brilho, enquanto de sua boca escorria seu sangue, seu peito empalado pelos vergalhões nos quais escorriam o sangue, até a boca de Daniel. O olhar de Daniel estava vidrado em seu amigo, o qual estava suspenso pelos vergalhões e destroços que prendiam suas mãos, aquela visão atormentava sua mente, enquanto as lágrimas saíam de seus olhos.

"Eu... te... Oof..."

Guilherme soltou seu último suspiro naquele momento, sem conseguir concluir sua última frase, parte dos escombros cederam abrindo uma passagem, quando Daniel viu aquela passagem ele lutou com todas as suas forças para escapar daquele cubículo, onde pareciam ter se passado anos, ainda sendo atormentado pelas imagens de seu amigo recém-falecido.

"Merda... Urgh~"

Era difícil conter as lágrimas, seu nariz fungava enquanto ele se arranhava nas pedras e pedaços de metal, os quais arranhavam sua pele. Em sua sobrancelha havia ficado uma cicatriz, a qual sangrava acima do seu olho, dificultando sua visão.

"Droga..."

Naquele momento, Daniel conseguiu sair dos destroços, caindo e ralando seu corpo por completo ao rolar por aquela pilha de entulhos e destroços. Ele estava quase sem forças para andar; o casaco preto que estava usando estava coberto por poeira e sangue, além dos rasgos que haviam nele.

"Por que?... por que isso... DROGA!!!"

O grito de angústia e raiva de Daniel ecoou pelas ruas. Ele se levantou apesar de estar mancando e com alguns ferimentos. O casaco preto, agora coberto por poeira e manchas de sangue, não escondia a expressão de dor e confusão em seu rosto. Ao olhar para trás, viu vários carros batidos, alguns em destroços e outros ainda em chamas. Mas não eram apenas carros; havia centenas de corpos de pessoas espalhados, o que deixou Daniel ainda mais em choque.

"Mas que... merda..."

Ele não sabia o que estava acontecendo. Quando voltou sua visão subitamente para cima, viu um céu escarlate e o que parecia ser uma segunda lua no céu.

"... hahaha~ entendi, isso é um sonho... hahaha nada disso é real."

Naquele momento, Daniel estava delirante, indo em direção a um rio que se encontrava logo após atravessar a rua. Ao chegar em frente ao corrimão, viu o rio repleto de corpos, o que o fez desviar o olhar. Subindo o corrimão, ele continuou a delirar.

"Isso não é real... quando eu acordar, com certeza aquele idiota vai ter me mandado alguma mensagem, provavelmente shippando a gente de alguma forma hahaha~"

O desespero era visível em seus olhos, e não havia mais dúvidas, ele iria pular.

O Último EntardecerOnde histórias criam vida. Descubra agora