Capítulo 1

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Mavie Neumann

Horas antes.

A lua está brilhando lindamente no céu estrelado da Miami.

Como de costume, tranquei a porta do meu quarto para começar mais uma série de uma autora que escreve romances que aquecem o coração e aguçam a vontade de ter um relacionamento tão lindo quanto aqueles que eu lia nos livros, e na tentativa de não ser interrompida, girei as chaves na fechadura quando ouvi alguns sons vindo direto da rua e me levantando da minha poltrona, afastei minha coberta e soltei o livro de Jane Austen sobre a cama e andei em direção a janela quando vi algumas pessoas invadindo a mansão pela porta dos fundos.

Já estava muito escuro, mas ainda assim foi possível ver toda a movimentação. Me afastando da janela, corri em direção a saída do quarto, onde rapidamente girei a chave para liberar meu caminho e gritei assim que cheguei ao corredor.

— Papai, estamos sendo atacados...

Saindo do seu escritório, meu pai apareceu no corredor com uma expressão séria, tirando a arma da sua cintura ouço ele engatilhar com habilidade uma arma que eu nem sabia que ele possuía e arregalando meus olhos com medo, vejo o quão real é a situação.

Nunca havia presenciado nada parecido.

Nunca vi meu pai com uma arma em mãos.

Faço parte de uma família rica e bem sucedida na cidade de Miami, localizada no estado da Florida, e sinceramente, nunca vi nenhum tipo de ataque na cidade em meus 24 anos.

— Malditos.

Ouço meu pai gritar enquanto se aproximava de mim, e me direcionando para a saída até que ouvimos disparos próximos e me encolhendo, cobri minha cabeça sentindo o medo me embalar e sussurrando, meu pai abriu a porta da biblioteca e murmurou.

— Mavie, preciso que você preste atenção no que eu vou falar.

Eu o encarei enquanto engolia em seco, sentindo meu coração acelerar no peito com medo do que possa estar acontecendo. Depositando suas duas mãos em meus ombros, vejo a expressão do meu pai se tornar séria enquanto ele chamava minha atenção.

— Vou ajudar você a escapar, e depois disso, não volte para cá.

Eu senti lágrimas escorrendo em minhas bochechas ao ouvir isso, e neguei com um gesto, me sentindo incapaz de me afastar. Eu não poderia deixá-lo para trás.

Nervoso, meu pai envolveu meu rosto entre suas mãos e disse.

— Eu não vou sair vivo, mas terá pessoas que irão protegê-la. Eles vão ir atrás de você seja onde for. Está me ouvindo?

Seus polegares acariciaram minhas bochechas quando tudo pareceu real. Tão real quanto assustador.

Eu assenti enquanto as lágrimas desciam incessantes pelos meus olhos e fui puxada para o interior da biblioteca quando meu pai apertou no painel e inseriu uma senha e a pequena estante próxima a sua mesa se moveu. Com os olhos arregalados, me surpreendi por não saber da existência daquele móvel, mas deixando de lado, meu pai me empurrou para dentro do que parecia ser uma passagem secreta e disse.

— Fuja, Mavie. Nunca na minha vida vou poder pagar pelo que fiz, mas nunca esqueça, eu amo você com todo meu coração, meu amor.

Pousando as mãos em meus lábios, fiz menção de me aproximar para abraçar meu pai mas ele fechou a porta da passagem com força e ali me debulhei em lágrimas, enquanto conseguia ouvir fortes disparos vindo através dessa parede e assustada demais, lembrei das ordens do meu pai e sai correndo por entre as pequenas lamparinas que existiam nas paredes que indicavam um caminho.

Milhares de pensamentos se faziam presentes em minha mente. Um deles é o medo de alguém machucar meu pai. O que vou fazer se meu pai se machucar?

O que será que vai acontecer?

A cada passo que eu dava, meus pensamentos se embaralham e me confundiam ainda mais.

Não sei quanto tempo fiquei correndo, apenas ouvindo os sons da minha respiração ofegante e meus pés encontrando o chão em meio a algumas pedras, mas o único pensamento que se fazia presente em minha mente era sobre a ordem que meu pai havia me dado.

Eu preciso fugir. Eles irão me encontrar. Mesmo que eu não saiba quem, ainda assim, serei encontrada pelas pessoas de confiança do meu pai.

Ofegante, parei de correr e me escorei na parede enquanto puxava o ar desesperadamente e andando a passos trôpegos, encontrei a saída do túnel e senti meu coração apertar ao ver que eu estava em um lugar completamente desconhecido.

Engolindo em seco, encontrei uma estrada de terra e comecei a correr através dela, ao meu redor existia apenas vegetação. A lua brilhava forte no céu noturno e estrelado. Havia uma brisa forte e fria que jogava meus cabelos em meu rosto à medida que eu corria.

Tudo estava silencioso exceto pelos sons de grilos vindos de algum lugar, e tentando manter a força para correr, puxei o ar com dificuldade até que algo prendeu meu pé e fui lançada com força no chão. Sai rolando pela estrada, sentindo minha pele se arranhar a cada fissura que as pedras causavam na minha pele enquanto eu rolava no chão.

A essas horas, meu vestido branco já deve estar todo sujo.

— Chefe encontramos a garota. Vamos levá-la para o calabouço.

Ouço alguém murmurar, e me encolhendo enquanto sentia dor em meus joelhos ralados, vi alguns homens estranhos se aproximarem e logo em seguida minha visão foi interrompida quando levei uma pancada na parte de trás da cabeça.

Ghost, a máscara do mafioso Onde histórias criam vida. Descubra agora