Capítulo 4

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Mavie Neumann

Abrindo meus olhos devagar, franzi a testa em confusão quando olhei a minha volta.

Acabei de acordar em um quarto que está iluminado somente por um abajur ao lado da minha cama, meus acolchoados na cor marfim e bordados em creme se destacam lindamente em meio a fraca luz do quarto escuro.

Engolindo em seco, sentei no colchão sentindo meus olhos lacrimejarem em emoção depois do reconhecimento. Com certeza fui resgatada pelas pessoas que meu pai havia dito. Ele estava certo. Finalmente vou ficar bem depois de sentir tanto medo.

Pisquei algumas vezes para me livrar das lágrimas que embaçaram minha visão e com muito alívio no peito, rapidamente joguei minhas pernas para fora da cama, desejando levantar e agradecer as pessoas que me trouxeram para meu lar em segurança quando vejo uma poça de sangue no chão.

O cheiro metálico de repente substitui o cheiro de limpeza e flores que antes existia aqui, e sem controle das minhas emoções, senti meu peito se apertar. Com meus olhos arregalados, tentei me afastar daquele sangue do chão porém, a cada vez que eu me afastava, mais aparecia sangue.

Em todo lugar que eu pisava surgia o líquido viscoso com cheiro metálico e inconfundível. Era algo que já estava memorizado em mim profundamente depois de dias tão nebulosos, agressivos e sangrentos que eu havia passado naquele lugar.

Apressada, cheguei à saída do quarto e girei a maçaneta para sair desse quarto quando a porta finalmente foi aberta num rompante e então encontrei um corpo caído no chão.

Com as mãos trêmulas, reconheci as roupas.

Um bolo se formou em minha garganta, dificultando a passagem do ar. Meu corpo estremeceu por inteiro quando o reconheci. Eram as roupas que meu pai estava usando quando me colocou naquele túnel secreto.

Meu Deus. Não. Por favor...

Cobri a boca quando a ficha foi caindo aos poucos, lágrimas já estavam rolando pelo meu rosto quando franzi os lábios em desespero e engolindo em seco, minha garganta se apertou, levei minhas mãos trêmulas diretamente para o corpo sem vida que estava diante de mim e o virando de posição para ver seu rosto, senti o desespero e a dor se intensificarem através de soluços em minha garganta. Me engasgando de um jeito dolorido e agudo.

Meu pai estava morto diante dos meus olhos. Eles realmente o mataram.

A dor que senti foi tão forte que as lágrimas romperam através dos meus olhos. Meu peito pesou com a dor que estava sentindo, e a cada segundo que eu chorava enquanto absorvia a realidade a minha frente, o meu coração estava disparado, me trazendo uma sensação de descontrole total e só piorou quando senti mãos me envolvendo pelas costas em meio aos meus soluços e gritei o mais desesperada possível...

Despertei com alguém cobrindo minha boca enquanto me sacudia bruscamente sob o colchão. Ouvia meu nome ser pronunciado num tom de comando e fui puxada para a realidade em meio a dor tão real que eu ainda sentia.

Abrindo meus olhos, senti o peso do sonho vir à tona e as lágrimas vieram junto aos soluços de desespero. De repente, nada do que havia acontecido comigo até então era pior do que a sensação e medo de que algo ruim tivesse acontecido com meu pai. Nada mais iria me afetar se algo de pior acontece com ele.

Em desespero, envolvi minhas mãos no tecido da roupa da pessoa que estava ali me sacudindo a segundos atrás e sussurrei em meio aos soluços, com dificuldade de falar enquanto ouvia minha voz trêmula.

— Por favor... O meu pai.

Fechei meus olhos sentindo a névoa do sono e confusão ainda se dissolvendo conforme a realidade e desespero ainda estavam fazendo passagem pelo meu cérebro.

Ghost, a máscara do mafioso Onde histórias criam vida. Descubra agora