Me?

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A noite foi consideravelmente "tranquila". Eu consegui dormir melhor do que nas noites do trem, pois lá, nós ficamos sem comer por dias. Dormir de barriga vazia estava sendo terrível.

Com os morcegos rodeando nossas cabeças de madrugada, as únicas coisas que os impediam de nos atacar, eram os meninos que estavam tentando os espantar. Foram três, contando com Darby, já que a ideia foi do mesmo. Um garoto do três e o outro do onze resolveram ajudar. O primeiro a ficar de vigia foi o do onze, depois o do três, e depois Ethan.

Ethan, pelo jeito, foi o mais azarado. Quando estava quase amanhecendo, o sol já estava aparecendo, um morcego mordeu Ethan no pescoço. Na hora, claro, ele gritou acordando a todos. Ele se remexia no chão com a mão no pescoço. Na hora, ninguém estava entendendo o motivo dele estar daquela maneira, mas ele só conseguia se retorcer de dor. Na hora que ele se acalmou  um pouco, eu perguntei ao mesmo o que havia ocorrido e então ele me contou ofegante.

No caminho da jaula para a academia, onde nós nos encontramos agora, eu fiquei observando ele. Ele está agindo estranho desde que saímos do zoológico. Ele tem espasmos, está suando mais do que o normal e o lugar onde ele foi mordido está parecendo cada vez pior. Temo que Ethan não consiga chegar vivo até o dia dos jogos, a situação dele está precária.

Eu e Wovey ( a garotinha na qual agora eu descobri o nome) tentamos conversar com ele, mas ele parece distante e não quer que ninguém chegue perto dele.

Isso provavelmente é raiva. Eu acho que Ethan era a pessoa que tinha mais chance de vencer os jogos, mas parece que o universo conspirou contra ele.

Contando com Ethan que infelizmente é uma pessoa quase morta, são dois mortos antes mesmo dos jogos começarem. Talvez eles sejam sortudos por não terem que passar por essa humilhação que é o jogos.

Agora estou sentada em uma grande sala, enquanto estou acorrentada na mesa com o meu mentor em pé a minha frente, assim como os outros tributos.

Um homem de baixa estatura entra no grande salão fechando a porta logo depois. Os alunos que cochichavam entre si param quando escutam a porta sendo fechada pelo homem.

Depois de uns segundos com a sala silenciosa, o mesmo começa a falar.

- Apesar dos acontecimentos trágicos de ontem, nosso presidente decidiu que os jogos devem continuar, para mostrar a todos que a capital não tem medo desses atos terroristas- ele diz agora virado para todos- por isso a Dr. Gaul quer que conheçam  a arena hoje à tarde com seus tributos. Hoje,
mais tarde, vamos ter uma apresentação especial televisionada de cada tributo ao publico, para que conheçam eles melhor. Vocês tem uma hora para discutir a estratégia.- o homem se vira para a porta dando gole em um líquido de uma pequena garrafa- podem começar!

O homem continua virado para a porta esperando nós começarmos e Coriolanus senta na minha frente. Ele senta mas não direciona nenhuma palavra a mim. Parece distraído demais com a caneta em suas mãos. Talvez seja a morte da garota. Ontem, na hora a que ela foi atacada, ele saiu correndo para ela. Eu o encarei naquela hora e ele parecia desesperado. Talvez fosse a namorada dele. Para estar preocupado daquela maneira, ela só podia ser namorada. Não que eu me importe, é claro. É só uma opinião impopular.

Olho ao redor vendo que todos já começaram a conversar entre si e nós ainda não direcionamos nenhuma palavra um ao outro. Me viro novamente para Coriolanus decidindo começar a falar.

- Eu, hum- ele levanta o olhar para mim. Coço minha garganta e firmo a voz- eu sinto muito pela sua namorada...

- Obrigada-  ele abaixa a cabeça. Arregalo os meus olhos com seu silêncio depois dele dizer isso. Então era mesmo a namorada dele? Me remexo na cadeira e ele levanta o olhar- e ela não era minha namorada, era só uma colega! Mas novamente, obrigada.- ele suspira- você está bem?

𝐌𝐨𝐧𝐞𝐲, 𝐩𝐨𝐰𝐞𝐫, 𝐠𝐥𝐨𝐫𝐲 - Coriolanus SnowOnde histórias criam vida. Descubra agora