𝐌𝐨𝐧𝐞𝐲, 𝐩𝐨𝐰𝐞𝐫, 𝐠𝐥𝐨𝐫𝐲 - Coriolanus Snow

The one

-Eu sabia que iria te encontrar aqui- não preciso nem me virar para saber a quem pertence aquela grave voz, mas que suave quando de direciona a mim.

Ele senta do meu lado mas eu ainda não olho em seus olhos. Posso sentir a minha bochecha esquerda queimando com o seu olhar. Ele então se encosta no grande tronco da árvore, assim como eu, e fica admirando a pequena represa a nossa frente, em total silêncio.

-Que barulho é esse?

-Tordos- eu falo pela primeira vez em algum tempo com a voz um pouco rouca. Dou um pequeno sorriso ao lembrar os meus momentos com a espécie de pássaros- eles são muito comuns aqui no doze, vocês não tem lá na capital? -Digo me virando para ele dando de cara com seus grandes olhos azuis.

-Não acho que eles gostem muito de lá, acho que nunca vi um deles. - com um pequeno sorrisinho no rosto ele diz.

-O meu irmão costumava a me dizer que eu parecia um tordo, barulhenta, insistente...

-Você sente muita falta dele, não sente?

-Eu não sei se consigo mais fazer isso, não cabe tanta dor em mim, eu já estou transbordando.

E então silêncio. Não é que o clima tenha ficado ruim, só não há  o que falar. Nesse  momento eu sabia que Coriolanus não estava em seu todo também. Nós só precisamos da presença um do outro. Duas almas sozinhas se encontraram no time perfeito, quais as chances? Somos muito sortudos.

Eu espero que Coriolanus também ache isso, pois ultimamente só saber que ele está bem me faz bem. A maneira que ele se importa comigo faz eu me sentir acolhida, mesmo que por alguns segundos. Eu me sinto segura com ele. Depois de tudo que ele fez por mim na arena, que eu tenho certeza que foi por mim, eu não consigo não ficar assim.

Se você dissesse a Lilith de alguns meses atrás que a única pessoa que ela teria era um garoto da capital que era seu mentor, ela riria de você. Mas, bom, agora essa realmente é a minha realidade e eu sei que não tem nada para fazer sobre isso ao não ser aceitar e me adaptar a tudo isso.

Suspiro.

Independente do que eu faça, a minha vida vem de mim, não para mim e eu sou a única que tem poder de mudar tudo.

-Quer conhecer o lago?- eu quebro o silêncio.

-Como?- ele se vira para mim me olhando confuso. Eu ainda olho para as árvores na nossa frente.

-Se... bom, tudo aquilo não tivesse acontecido, nós teríamos ido para o lago, e já que não fomos aquele dia, achei que poderíamos ir hoje.

Vejo ele de relance de sobrancelha erguida parecendo pensar.

-Você tem certeza que que quer isso ?- ele pergunta.

-Sim. Eu quero tentar esquecer tudo por um tempinho.

Nós ficamos em silêncio por uns instantes só com o som dos pássaros ao fundo.

-Mas...- abro o olho para ver o que ele iria falar. Viro minha atenção a ele que está com uma pedrinha em sua mão a olhado- os seus amigos, aqueles que cantam com você. Eles... eles vão?

Penso, confusa, um pouco antes de reponder.

-Bom, eu não queria chamá-los. Eu queria...bom eu...

-Pode falar, Lily.

E então pela primeira vez em muito tempo eu olho em seus olhos. Os primeiros e últimos olhos que eu vi. É como se uma faísca de fogo se acendesse dentro de mim. Uma sensação quente na minha garganta e no meu coração. Nunca tinha sentido isso antes.