01 | Cold Nights

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ATHENA CLAIRMONT

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ATHENA CLAIRMONT

03 de Janeiro de 2023, Manhattan, New York City

Inverno


Quando me mudei para NY, só queria fugir do meu passado, da minha mãe e de qualquer tormento que pudesse me fazer mal naquela altura. Só queria sentir a "liberdade" como outras pessoas da minha idade, queria fazer minhas escolhas, namorar e ter muitos amigos. Ser a menina sociável que todos saberiam quem é, contudo, só pude ser a que era esquecida conforme passava. Ser notada não seria uma vantagem naqueles dias sombrios.

Vir para Long Island foi meu primeiro passo para minha liberdade, demorou alguns longos anos, porém consegui chegar aqui. Até então, eu morava em um apartamento comunitário na Thomson Avenue, estudava na LaGuardia e trabalhava em um restaurante indiano em frente de casa. Não era a melhor escolha de emprego, entretanto, pagava o suficiente para que conseguisse pagar pela faculdade e o apartamento, não me preocupava com alimentação, já que comia no trabalho mesmo. Passei um ano comendo tandoori poussin com pao bhaji, até conseguir uma transferência para o St. Joseph's University, no Brooklyn. Fiquei quatro anos em um conjunto de apartamentos, com vizinhos estranhos, e trabalhando em uma pizzaria. Não eram as minhas melhores opções, mas não me deixavam na mão.

Comecei um estágio no Grace Square Hospital quando ainda estudava, era uma vez por semana, então não atrapalhava muito no trabalho. Era uma rotina muito apertada para uma garota de 22 anos, mas consegui dar conta. Quando completei os 23 anos, terminei a faculdade e fui efetivada no Grace. Tive que me mudar novamente, o que não era difícil, nunca tive muita coisa e os apartamentos eram mobiliados.

Achar um apartamento perto da ilha não foi tão difícil quanto achei que seria, recebi uma indicação de um dos clientes da pizzaria, então vim direto para a porta da Lenore que, na época, estava gritando palavrões aos plenos pulmões para um senhor de idade. Que descobri ser seu ex-marido depois. Em poucos meses Lenore e eu nos aproximamos bastante, quando ela se mudou para o interior, aqui ficou um pouco vazio para mim. Ela foi uma salvação para minha vida, nos poucos meses que ficamos juntas, o carinho e amor que ela me deu foi quase como uma verdadeira mãe para mim. Mesmo que o assunto "mãe" ainda seja um pouco delicado.

Atualmente, faz oito meses que Lenore se mudou e faz nove meses que estou trabalhando no Grace. Mas minha vida deixou de ser parada quando conheci a Ruby, há um ano na Pet Care, próximo onde eu morava. Ruby vem de uma família bastante rica, mas nunca gostou de ficar sem trabalhar e conseguir o próprio dinheiro, por isso era passeadora de cachorros, já que os amava tanto. Nosso encontro foi... animal. Após isso, uma amizade meio doida surgiu entre a gente, ela é muito animada para a própria idade. E, bem, nunca me deixa ficar mais de dois meses sem ir numa "baladinha".

Foi graças a essa amizade com a Ruby que não me afundei em depressão e melancolismo. Ela sempre chega no meu mundo cinza e anima as coisas para que eu possa ter um alívio, nem que seja momentâneo. Só que, com todos os esforços de Ruby e Lenore, adquiri um vício. Era para ser apenas uma vez, estava muito "acabada" de mais uma semana corrida, não era para ser algo recorrente, mas tomei o comprimido no primeiro dia e o cansaço foi embora.

Então, na semana seguinte, tomei mais um e mais um e mais um. Depois disso não consegui mais parar de me dopar para trabalhar. Sei que ninguém deveria se aproveitar do passe que tem em seu trabalho, entretanto, me manter focada era uma prioridade que minha moralidade teria que suportar. Contudo, adquiri limites, medicamentos apenas no trabalho, em casa estou por minha conta. Às vezes era doloroso, a vontade de tomar um comprimido e esquecer tudo sempre foi muito tentadora, mas consigo suportar. Distrações e sites de fofoca ajudam muito.

A vibração incessante do celular me roubou o devaneio, seja quem fosse, queria realmente falar comigo!

— Alô?

Atendi a ligação sem sequer me dar o trabalho de verificar quem estava ligando.

— Sabe, eu sei que você está em casa. — pude ouvir Ruby respirar fundo pelo outro lado. — Abre a porta pra mim, Athena.

— Não! — comecei a rir, a última vez que abri a porta para essa louca, ela me fez sair para o outro lado de Manhattan. — Você lembra o que fez, não lembra?

— Juro que dessa vez é aqui perto!

Apenas desliguei a ligação enquanto me levantava da cama. O apartamento em que moro não é gigante — cozinha e sala integrada, uma porta que leva para o quarto e outra para o banheiro —, então não demorei para chegar até a porta. Ruby estava muito linda, como sempre, o batom vermelho rubi destacava seus lábios e o vestido marsala dava um toque especial.

Sabia que iríamos para uma festa particular apenas pelas roupas que ela usava. Volta e meia, Ruby me leva para umas festas privadas de gente famosa que nem faço ideia que existe. Nunca entendi como ela consegue esses ingressos. Sempre aceito mesmo, não tem motivo para questionar.

Antes que pudesse falar qualquer coisa, ela me empurrou em direção ao banheiro e me mandou tomar uma ducha. Hoje seria dia de festa, já que depois de amanhã seria dia de trabalho, então aproveitar o hoje e acordar de ressaca é uma prioridade. No quarto, minhas roupas já estavam jogadas em cima da cama.

— Anda logo, tenho que fazer uma make em você! — me apressou batendo na cama.

— Não sei o porquê da pressa. — rebati enquanto terminava de me secar. — Nunca ficamos na fila mesmo.

— Athena... Temos que ser as mais lindas desde o início!

Antes que eu pudesse protestar com qualquer outra afirmação, ela me ajudou a terminar de amarrar meu cropped e me sentou na cama. Ruby era uma irmã para mim, podia contar com elas nos meus dias mais sombrios, só esperava que ela nunca descobrisse a cartela de comprimidos que eu guardava na cômoda ao lado da cama. Sei que isso a deixaria muito decepcionada, não por tomá-los, mas por não conversar com ela sobre isso.

— Vamos?

Peguei minha bolsa em cima do sofá e apenas confirmei com a cabeça enquanto sorria para ela.

— Vamos! A noite é uma criança.

— Vamos! A noite é uma criança

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Oie leitores!

Espero que vocês tenham curtido esse capítulo, já que ele é apenas uma pequena apresentação da nossa personagem principal, Athena. Queria deixar claro que cada capítulo será narrado por um dos dois personagens, Damian ou Athena, teremos o ponto de vista dos dois e quem sabe, no final da história, vocês ganhem um extra.

Estarei esperando vocês no próximo capítulo, até logo! ❤



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⏰ Última atualização: Jul 24 ⏰

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