Snowman {Soukoku}

My snowman and me (final)

Osamu Dazai

- Você fica ótimo assim.

- Cala a boca.

- Quer mesmo que eu cale?

- ....

- Claro que não quer.

- Idiota - diz rindo - Mas então, acha o colarinho um exagero?

Penso por um momento, não deixando de admirar a vista que tenho na minha frente. Que Chuuya é lindo eu já sabia. Agora, que ele poderia ficar tão lindo só por causa de um terninho e um colarinho...

- Nãh, o colarinho tá bom - perfeito pra puxar e provocar ele - Ainda assim acho você sem roupa mais bonito.

- CALA A BOCA!

- Vem calar.

- Dazai, são oito e meia da manhã, tenha juízo; mesmo que isso seja uma missão impossível pra você.

- Tá, tá, claro. Mas só por hoje.

- Agradeço.

Nós dois descemos até o que eu presumo ser uma garagem - não dá pra diferenciar isso de uma sala de jogos, então não sei ao certo o que é - e não deixo de reparar na quantidade absurda de fotos que há ali, principalmente fotos de/com crianças.

- Sua família é bem grande - digo pegando uma das molduras que parece ter sido feita por uma criança (provavelmente foi) - Talvez por isso você seja pequeno, não sobraram hormônios.

- Vai a merda - fala me dando uma cotovelada - Essa não é realmente a minha família. São as crianças da escola. Sempre faço doações pra lá, principalmente porque eu sei que há órfãos ali.

- Essas crianças são as que vão se apresentar?

- Sim - ele pega uma das maiores fotos e me mostra - Esses são o Ryunosuke, o Atsushi, a Gin, a Higuchi, o Tachihara, a Lucy, a Louise e esse aqui no cantinho é o Tanizaki. Agora eles estão no quarto ano, mas eu conheci eles - a maioria - quando estavam no colo ainda. Eles me chamam de irmão e eu acho tão fofo... Exceto pelo Tachihara, ele cisma de me chamar de tio.

É bastante adorável a maneira que ele fala sobre essas crianças, como se elas realmente fossem da família dele. Ou talvez eu só esteja sendo boiola demais - o que eu provavelmente estou.

- Mesmo assim eu ainda amo aquele capetinha. Acho que pessoas irritantes me cercam, sabe? E sim, isso foi uma indireta.

- Está me comparando com um garoto de nove anos que possivelmente come açúcar escondido dos pais?

- Sim. E, só esclarecendo, se depender de um dos pais dele, esse garoto provavelmente sobreviveria no 'Largados e Pelados'.

- Que tipo de pai é esse?!

- Possivelmente o pai que você seria.

Tento fazer uma cara irritada, mas é difícil não rir dessa conversa.

Nós dois vamos carro dele - que por sinal é bem chique (não supera meu Fusca, é claro) - e claro que o gnomo tinha que ter uma moto também. Não uma moto qualquer, é uma moto rosa com capacete da Hello Kitty.

- Rosa, sério?

- Não tinha vermelha.

- Sei....

- Posso fazer uma pergunta? - diz dando partida no carro.

- Não - respondo de brincadeira.

- Ah, tudo bem.

Silêncio.