Make It To Christmas

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Eu esperei.

Eu espero que fosse tudo uma brincadeira e Jake aparecesse de surpresa no natal por aqui.

Os flocos de neve caíam lá fora perfeitamente, olhando da janela parecia cena de filme. As músicas animadas de natal deixava tudo mais alegre, como se os bonecos de neve criassem vida e dançassem por aí. Tudo estava perfeito para o natal.

Mas Jake não estava alí.

No dia vinte e quatro passei com sua família, não teve a mesma graça de todos os anos. Não tinha o meu natal ali. Forcei muitos sorrisos até a mãe dele me puxar até seu quarto e permitir que eu chorasse.

Chorava descontroladamente com a cabeça apoiada em seu colo enquanto tentava consolar-me da maneira mais maternal possível.

No dia vinte e cinco não sai de casa, não olhei o celular, não quis saber de Jake. Na televisão passava uma reprise de algum especial de natal dos anos anteriores, mas nem isso me interessava mais.

Eu fui estupido em me iludir com o que planejamos, com o que prometemos um ao outro.

Ao mesmo tempo que eu queria pegar um avião para estrangular Jake, eu também desejava abraçá-lo, dizer que estava orgulhoso por estar conquistando o que sempre quis.

Ele me mandava mensagens que eu não me dava o trabalho de ler. Não estou preparado para um término na época em que eu esperava um matrimônio.

Dia vinte e seis de dezembro, Yoon bate na minha porta. Finjo não estar em casa, eu ainda estava mal, não conseguia negar. E eu não queria encarar nada, não queria ser forte, eu queria ser um bebê chorão.

Eu estava decepcionado comigo mesmo de acreditar que tudo ficaria bem. Eu estava triste por estar sendo egoísta com Jake. Agora, eu sentia um vazio no peito e eu não queria que fosse preenchido.

Vinte e sete de dezembro, não sei onde enfiei meu celular. Comi duas fatias de peru que Yoon deixou na porta ontem, peguei-as quando foi embora.

Pensei em procurar meu celular, ligar pra Jake, pedir desculpas pela infantilidade mas sabia que quando fizesse isso, tudo acabaria. Adiarei mais um dia. Amanhã eu resolvo isso. Hoje, me senti como uma melodia silenciosa de dor.

Tomei banho. Vinte e oito de dezembro, eu tomei banho. Vesti uma das minhas roupas mais quentes, era de longe um dos dias mais frios do ano.

Respiro fundo, secando meu cabelo e decidi encarar todas as coisas que evitei durante a semana. Saio em busca do celular e quando acho, ponho na carga.

Não demorou muito, o celular despara as mensagens. Yoon me xingando, Sunghoon desejando boas festas, tentando marcar algo, e algumas mensagens de desculpas de Jake.

Ignoro as trinta e oito ligações perdidas dele, e foco na única mensagem que me deixou. Não sei explicar o que senti. Talvez era melhor eu não encarar. Eu não deveria ter encarado.

Se eu desse momento fosse um filme, seria aqueles que todo mundo põe expectativas e sai frustrado de tanta decepção.

Vinte e nove de dezembro. Tento encarar novamente e ligo pra Jake.

"Já passou o natal, pode fazer o que você quiser, Jake."

"Eu quero conversar, Heeseung." sua voz de choro doeu meu peito. "Não podemos brigar no natal, lembra?"

"Não é mais natal." tento ser breve, pra não chorar de soluçar na ligação. Graças a tudo, não era de vídeo.

Jake se mantém em silêncio, e eu continuo.

"Você poderia ter sido sincero comigo todo esse tempo que me evitou." explico "Se você não quer voltar, tudo bem, mas não me arrasta pra um relacionamento que mesmo que tenha amor, não esteja funcionando."

"Eu te evitei porque fiquei com medo de você desistir da gente."

"E olha aonde a gente está."

"Meu voo é amanhã, vou pra sua casa, a gente conversa."


Trinta de dezembro.

Se palavras fossem saliva, então eu poderia dizer que troquei bastante desde que Jake entrou pela porta do meu apartamento.

Não conversamos nada, pra ser sincero, não sei o que aconteceu e como aconteceu.

Minha cama voltou a ser pequena, com ele ao meu lado, que dormia tranquilamente depois de cansar. Já eu, não conseguia fazer o mesmo.

Ergo-me cuidadosamente, evitando perturbar o sono de Jake, e me dirijo à cozinha. Preparo rapidamente uma xícara de café para mim. Ao saboreá-lo, lágrimas começam a escorrer sem que eu perceba.

Sinto os braços quentes de Jake envolver minhas costas e recebo um beijo na nuca do mesmo. Me viro, deixando a xícara de café pela mesa, e encaro seus olhos cansados

— Se odiamos desentendimentos, - começo — Por que não conseguimos resolver dessa vez?

— Eu tenho medo de resolver isso, e não terminarmos juntos.

Suspiro ao ouvi-lo falar. Me sento na cadeira da cozinha, puxando-o pro meu colo. Ele leva seu polegar a minha bochecha, acariciando por ali.

— Minha pesquisa pode levar cinco anos, - começa — Não vou largá-la de mão, e nem quero te prender a mim.

— Não vou prometer esperar, se é o que você quer ouvir. - respondo, e ele fecha os olhos negando — Estava funcionando a distância, não sei o que aconteceu.

Eu sabia. Esfriou.

Se essa conversa fosse pelo telefone, eu terminaria com ele na primeira oportunidade. Mas ele está aqui, na minha frente, e era impossível porque eu ainda era um tolo apaixonado por ele. Meu coração ainda pertence e obedece a Jake.

— Eu não quero desistir da gente. Nem do meu trabalho.

— Desistir não é uma opção. - peço — Posso te visitar nos feriados, você pode vir quando tirar férias.

— Você ficaria bem com isso?

Não.

— Claro que sim, Jake.

Nossas mãos agora entrelaçadas mostravam que estávamos indo em algum lugar. Não sei aonde, mas estava.

— Esperamos todo o ano pelo natal, ansiamos por uma única noite.

— Eu não quero te esperar, - explico — Eu quero estar com você, mesmo distante, eu quero ser seu natal em abril. - digo e recebo um sorriso dele. Jake era lindo, quando sorria, quando chorava. Pra mim, ele era uma obra de arte pintada com as minhas cores favoritas.

E eu não estava nada bem em aguentar mais anos distante dele. Tentei fingir e, pelo que parece, ele acreditou. Alimentamos a ideia de que sobreviveremos o tempo que for, agora, com regras básicas. Visitar um e outro, conversar se algo incomodar e passar o natal sempre juntos.

Eu não sabia se ia dar certo até o final, mas a esperança que eu tinha, voltou a aparecer.

— Contanto que eu tenha você, Jake, eu vou ficar bem.

Foi ali que percebi que eu era realmente um tolo. Fazemos loucuras por amor, até fingir que vamos ficar bem. Eu não queria pensar no que iria sentir quando ele fosse embora de novo, quando tudo desmoronasse mais uma vez.

Eu queria ser um bobo e acreditar na magia do amor.

— Você me tem, Heeseung, e eu prometo que será sempre assim.

A presença de Jake em minha vida transformava cada dia em uma celebração semelhante ao Natal. Mesmo nos períodos desafiadores, a certeza de tê-lo ao meu lado trazia consolo, lembrando-me de que, eventualmente, tudo se resolveria e ficaria bem.

Porque o amor é desse jeito. Inexplicável, tolo, lindo, cego e idiota.

E eu amava amá-lo.

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