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Oi genteee, usando esse espaço e esse plot como esperança de destravar minha mente e minha criatividade. Espero que gostem! Ahh, não tá corrigido ainda.

Era uma tarde como todas as outras na mansão dos Santana, tediosa e sem previsão de melhora, sobretudo para Kelvin, o herdeiro de 26 anos da família.
Kelvin tinha tudo e teria muito mais quando finalmente assumisse os negócios da família, os negócios de exportação de vinhos e os imobiliários estavam desenhados pra serem seus, embora esses fossem só a parte pública da fonte de fortuna de sua família, mas ele não era inocente, sabia ao menos por cima, que as coisas eram muito mais turvas e que drogas e lavagem de dinheiro faziam parte da herança destinada a ele, sua família era também o que pode se chamar de uma "organização" e ele teria que se encarregar também.
Como se fosse pouco, ter que lidar com o conhecimento desses fatos desde pequeno, sabendo que não podia nem sonhar com um futuro diferente. As famílias dessa "organização", não podem simplesmente abdicar, desse negócio só se sai morto e a vida de todos os membros e homens de confiança estão sempre nas mãos da organização, se alguém falar demais ou não cumprir os combinados, vai pagar! Sem exceções. Kelvin ainda tem que lidar com o "inesperado" fato, como diria seu pai, de ser gay e um gay delicado, até afeminado, ao menos foi o que cresceu ouvindo. Ele é de fato delicado, com seu rostinho de príncipe, tem um corpo bem cuidado e músculos nos lugares certos, com seus 1,60 e cabelos quase ruivos. É uma graça por onde se olhe, mas passa a vida tentando encaixar e provar a seu pai que nada disso o faz menos capaz de administrar o negócio e menos ainda, incapaz de ser duro quando necessário. Kelvin odeia esses estereótipos apesar da propensão a se apaixonar por caras durões, coisa que nunca deu muito certo, porque ninguém é mais durão que Antônio Santana, seu pai.
Kelvin folheava o romance que tentava ler, mas não conseguia por não prestar a devida atenção a história, se distraía com os flashes da conversa que ouvira pela manhã dos seus pais, onde todo descontentamento por ele parecer um adolescente tonto, foi claramente expresso. Ele não concordava com isso, mas de jeito nenhum! Ele simplesmente não tinha tido chance, seu pai nunca deu nada de importante pra ele resolver, sabia que todos os herdeiros da organização aos 15 já sabiam atirar, conheciam os encarregados, sabiam quem eram os inimigos e nada disso foi mostrado a ele, a culpa era de seu pai e não dele. Precisava encontrar um jeito de provar seu valor.
Esse era o pensamento que cruzava a mente de Kelvin quando o telefone da sala vizinha tocou, era o escritório de seu pai. Uma ideia rápida lhe surgiu, ia atender e se encarregar do que se tratasse aquela demanda, os encarregados podiam, porque ele não? Aquilo era dele também afinal e ele sabia que precisava aprender ou o que seria de sua família se de repente seu pai já não estivesse?
Fechou o livro e correu pra receber a ligação.
- Alô.
- Alô, porfavor, eu posso falar com o Sr. Antônio?
- Você poderia porfavor informar o assunto?
- É sobre as exportações, seu Ramiro precisa se reunir com ele com certa urgência.
-Exportação? - parecia um assunto importante e algo que quando fosse o responsável teria que lidar sempre no dia a dia, soava perfeito. - Claro, ele vai sim, é só me dizer dia e hora.
- Será que poderia ser hoje mesmo? Porque cada dia é vital nesse negócio.
- Claro que sim, isso é uma prioridade pra nós...
E foi assim que ele marcou um jantar, num restaurante que achou bem duvidoso, porém não iria desfazer do gosto do presidente de uma exportadora importante, ele era capaz de se adaptar, isso era só o começo da sua vida de negócios.

Pontualmente as 20:15 da noite, Ramiro Neves entrou no restaurante, com seu terno azul marinho e sapatos marrons, escoltado por dois seguranças, deixando lá fora as três SUVs, a do meio que fora usada por ele e as duas de escolta, com seguranças e motoristas a postos, não era sempre que deixava Nova Primavera, preferia tratar qualquer assunto lá, no seu lugar seguro, mas a situação pedia esse movimento, hoje Antônio Santana ia tremer na frente dele, esse crápula pagaria com juros todos os prejuízos, financeiros, morais e sobretudo as baixas que causou a Ramiro, com a família ninguém iria mexer e sair ileso.
Ok, ele estava chateado de verdade agora. Quem o maldito velho pensava que era? Já eram 20:45 e ele não havia chegado e o restaurante deveria estar reservado só pra eles, mas via o garçom na porta discutindo com alguém que queria entrar a todo custo. Ramiro tomava seu vinho, quase decidindo ir embora, ainda estava aqui porque Antônio já tinha evadido demais esse encontro, inclusive surpreendeu muito Ramiro, saber que ele tinha facilmente aceitado esse jantar, o fazendo pensar que o próprio Antônio havia planejado uma emboscada e por isso tantos seguranças. Foi então que o garçom que discutia na porta, chegou ao lado da mesa e lhe disse que o filho de Antônio tinha vindo a reunião no lugar do pai.
O que esse velho idiota achava que estava fazendo, ele não era tão ingênuo, era? Mandar o filho pra ele? O filho deveria ser o próprio gladiador pra ter essa audácia. Ramiro ficou curioso, realmente curioso e pediu pra que ele entrasse. Sem acreditar realmente, ou entender coisa alguma quando viu o rapaz se dirigir a mesa, com o cabelo pra trás com gel e o terno um pouco maior do que devia, claramente pra aparentar ser mais sério e falhando miseravelmente, parecia uma criança com aqueles olhos mel, enormes e curiosos e as mãos inquietas, mas as tatuagens nas mãos mostravam que o menino tinha história e Ramiro não sabia se deveria se sentir afrontado pela ausência do oponente, alerta, porque podia ser um plano ou divertido, pela inquietação daquele cordeirinho.

- Boa noite, Seu Ramiro. - disse Kelvin repetindo seu discurso ensaiado, contrariado por ter passado os últimos 20 minutos justificando sua presença com garçons e seguranças e porque não esperava que "Seu Ramiro" fosse um delicioso espécime de homão da porra, gigante e exalando perigo e sex appeal por tudo quanto era poro, tentando se recompor, continuou apesar do outro não ter levantando pra cumprimentá-lo- Eu sou Kelvin Santana e estou aqui pra resolver os imprevistos com as exportações, me perdoe o atraso.- disse estendendo a mão para um aperto de saudação.

Ramiro não correspondeu ao aperto de mãos, nem se levantou. Olhou o outro desde os pés até o último fio de cabelo, com desdém, se demorando nos ombros grandes pelo excesso de tamanho daquele blazer, fazendo Kelvin autoconsciência demais e não de um jeito bom. Quando Kelvin pensou que poderia simplesmente se virar e sair pra evitar prolongar aquela vergonha, Ramiro finalmente começou a falar e talvez ele devesse ter só saído mesmo.

- Isso é uma piada?
- Não, estou aqui pra resolver, tenho carta branca pra isso.
- Carta branca? - Ramiro riu sarcástico, Kelvin achava que ele tinha conseguido ser ainda mais sexy, apesar desse não ser o ponto aqui- Ok, garoto. Você não faz ideia do que está fazendo aqui faz?
- Eu não sou um garoto- disse ele corando, mas não de vergonha, parecia irritado, fazendo algo na mente de Ramiro se divertir e até atiçando de alguma forma sua curiosidade - Eu sou um homem de 26 anos e esse negócio é meu também, tenho responsabilidades sobre ele e não vou admitir que me tratem de outra forma.

Só quando terminou percebeu seu dedo apontado em direção ao outro, que olhava o mesmo dedo fixamente com uma sobrancelha arqueada.

- Tenho a impressão de que esse discurso foi gasto com a pessoa errada.

Kelvin respirou fundo, se recompondo. Mas viu Ramiro se levantar, fechando o blazer e fazendo um gesto pra o garçom.

- Peraí? Onde você vai?

- Eu não vou resolver nada com você, garoto. Diga a seu pai que seja homem e venha me encontrar.

- Mas...- ele já estava saindo.

Kelvin saiu do restaurante com ódio, quem esse cara pensa que é? Quando estiver ao mando de tudo, vai trocar de exportadora e esse palhaço vai ter um prejuízo épico. Que imbecil! Nem nos anos que passou estudando na Europa alguém lhe tratou friamente assim. Caminhava gesticulando irritadamente sem perceber o quão escuro e deserto era aquele lugar, não tinha reparado porque tinha vindo ensaiando suas falas no uber e não prestando atenção no entorno. De repente se assustou com uma SUV preta, parando do seu lado e abrindo a porta. Antes que pudesse reagir, já estava sendo levado pra dentro por um homem que tinha "brotado" do seu lado na calçada.

Onde tinha se metido, só queria ser útil. Agora a única coisa que rondava sua mente era: Meu pai vai me matar!

Dever E HonraOnde histórias criam vida. Descubra agora