O que era aquilo na expressão dele, confusão? Nada quadrava aqui. Ramiro não estava com paciência pra perder tempo, o único motivo pra estar tendo essa conversa era, mesmo depois de ter tentado chegar a uma conclusão por horas, não ter entendido as intenções de seu rival e seu plano. Veio conversar pra ter respostas e agora mesmo, olhando bem pro rosto de Kelvin, tinha mais perguntas, aquilo estava sendo um belo de um aborrecimento.
O suspiro que deu foi de cansaço, o que já tinha sobre os ombros e até mesmo um prévio, porque não queria explicar nada pra essa criatura de olhos enormes e amedrontados.
— Olha aqui, garoto. Eu não tenho tempo a perder com você. Eu já perdi tempo demais com seu pai, esperando que ele desse as caras pra arcar com situações que ele mesmo criou. Se tem uma coisa que eu detesto é sabotar meus próprios projetos e quando vocês me fazem parar aqui pra falar com você eu estou fazendo justamente isso. Isso vocês também estão me devendo porque meu tempo é realmente dinheiro. Então é bom que você me dê logo qualquer...recado, que tenha pra mim.
Kelvin o encarava com desconcerto, irritantemente com o queixo levantado.
— O que acontece, seu Ramiro Neves, é que eu não tenho "recado" – disse, fazendo aspas com os dedos – nenhum pra vossa senhoria. O que eu fui tratar no jantar, foi o assunto das exportações.
— Não tem a menor condição de você ser tão estupido, tem?
— O quê?
— O porco do seu pai é uma das criaturas mais nojentas e sem escrúpulos que eu já tive o desprazer de conhecer, mas tenho que confessar que com gente como ele, eu não sou muito melhor. Não teste a minha paciência.
O garoto parecia realmente perdido.
— Fale comigo Kelvin.
— Eu não acho que sei o que você espera ouvir, mas também não acho que você tenha direito de me tratar assim, então não espere que eu seja prestativo com você. Isso não vai acontecer.
— Ok, vai continuar aqui, talvez sua memória volte. Você não pode sair da casa, mas pode andar por ela, não quero você falando com ninguém além da Angelina, ela vai lhe atender quando você precisar.
— Mas isso é um absurdo, é sequestro! – Kelvin falava agora, com mais desespero que bravura, contornou a mesa e segurou o braço de Ramiro, os dois de pé, na tentativa de olhar nos olhos do homem e mostrar que ele estava sendo injusto – Eu não sei de nada, acredite em mim. Eu não vou ser de utilidade nenhuma, eu vou enlouquecer aqui, tentando entender...sem meus livros... – ele falava a beira do choro – Eu sou ansioso, eu vou ficar tentando imaginar...
— Garoto, respire. Seus olhos bonitos não vão funcionar aqui, se for essa sua intenção. Se você não souber de nada, nós também vamos descobrir. Mas eu não vou mandar meu trunfo de volta assim, por que você lacrimejou pra mim – Ramiro deu um sorriso frio e segurou o rosto de Kelvin, se aproximando pra falar– nem se as circunstancias fossem outras, bebê. Você pode sair agora.
Ramiro sentou e voltou sua atenção na sua mesa, enquanto Kelvin se virava e caminhava meio em transe em direção a porta, dando um último olhar pra o poderoso homem sentado ali. Quando o mais novo saiu, Ramiro suspirou passando a mão pelo rosto, irritado porque aparentemente perderia mais tempo e principalmente porque achava que o tempo parecia ter passado rápido demais durante essa conversa. Do lado de fora, Angelina recebeu Kelvin com uma expressão um pouco surpresa, meio que checando ele.
— Tudo bem, Seu Kelvin?
— Não, claro que não! Aquele louco vai me manter aqui.
— Sério? E você tá machucado, ou...
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Dever E Honra
FanficKelvin e Ramiro Herdeiros de uma grande organização criminosa, de diferentes ramos. Ramiro é um homem poderoso e implacável, dono de seus negócios e fiel à sua ideia de princípios. Ninguém brinca com Ramiro e amanhece pra contar a história. Kelvin...