Hoje é a estreia da minha namorada no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, o teatro mais importante do Brasil. Estar aqui é um feito para a carreira de todos que atuam, nem preciso dizer o quão feliz ela está.
E obviamente, o orgulho transparecia no meu rosto ao vê-la realizando seu sonho. Estamos juntos há seis meses e tem sido o melhor relacionamento que eu poderia desejar.
Já me encaminho para a plateia, iria sentar na frente porque eu queria prestigiar de perto. Vejo Rodrigo Lombardi passando por todos, ele seria o par romântico da minha namorada na peça.
― Meu xará ― Lombardi se aproximou ― Estou muito feliz em te ver.
― Vim prestigiar a minha namorada ― sorrio ― E você está animado com a peça?
― Muito, a S/a é uma ótima atriz ― ele olha em direção ao palco ― E muito bonita também.
― Eu sei da beleza dela melhor que qualquer pessoa ― olho para ela.
― Você tem sorte ― ele se retira.
Respiro fundo, esse negócio de ciúmes era novo para mim. E nesse ramo, a coisa mais fácil é sentir isso. Mas como somos colegas de profissão, eu sei o quão profissional é a minha namorada.
Saio dos meus devaneios quando sinto alguém me abraçando pela cintura, sorrio e me viro na sua direção.
― Oi, gatinho ― ela sorri.
Faço um carinho no seu rosto e deixo um selinho demorado.
― Feliz, querida? ― pergunto.
― Muito, amor. Eu espero que dê tudo certo ― ela sorri ― Inclusive, eu quero muito comemorar depois daqui.
― Eu tenho mil formas de pensar como será essa comemoração ― abro um sorriso de canto.
― Safado ― ela bate no meu braço ― Mas não é má ideia.
― Nunca é ― deixo um selinho em seus lábios ― Vi o Lombardi.
― Ah, ele está muito animado, inclusive me ajudou muito com as falas ― ela sorri.
― Amor, você podia ter me pedido ajuda com o texto ― falo manhoso.
― Eu sei, querido, mas você estava ocupado com a gravação da novela e eu não quis atrapalhar.
― Você não me atrapalha ― sorrio ― E vocês vão dividir muitas cenas?
― Não, apenas uma cena em que o casal dorme junto ― ela dá de ombros ― Que é a última parte da peça.
Forço um sorriso ao ouvir as palavras dela.
― E é só dormir? ― ela me olha.
― E beijo, amor. Você sabe como funciona, está nesse meio há mais tempo.
― Sim ― sorrio fraco.
― Está tudo bem? ― ela pergunta.
― Sim, querida ― sorrio ― Você vai arrasar, eu vou ficar torcendo.
― Muito obrigado, querido. Você é o melhor namorado do mundo.
― Eu tento ser, você merece, meu amor.
Ela me dá um beijo e logo corre para o camarim. Suspiro e pego o enredo para ler, eu já sabia que os dois seriam par romântico, mas a cena em que eles vão dividir a mesma cama me deixou balançado.
Eu entendo que seja trabalho, mas o sorriso e olhar que o Lombardi lançou para a minha namorada enquanto falava dela me deixou incerto. Torcia para que ele tivesse ajudado sem intenção alguma por trás.
O teatro enche de gente, vejo muitos famosos e diretores importantes na primeira fileira. Seria ótimo para a minha namorada ter esses contatos, me sento ao lado de um deles e sorrio.
― A protagonista da peça é minha namorada ― mostro para ele o folheto ― Ela é atriz, fez alguns papeis em novela, mas o teatro é a casa dela. Ela ama teatro, já esteve em todos os países possíveis. E é a primeira vez dela nesse teatro, um dos mais importantes da América Latina.
― Que fascinante ― ele sorri ― Agora irei prestar mais atenção na peça, estou procurando uma protagonista para a minha próxima peça.
― Tenho certeza de que acabou de encontrar a sua protagonista ― sorrio.
As luzes do palco se acendem e a peça começa. Sorrio ao ver minha namorada tão imersa a cena, as falas nem pareciam decoradas. Ela interpresava e incorporava a personagem tão bem.
Podia ver todos impressionados com o talento dela. Logo chega a parte em que o Rodrigo Lombardi aparece e respiro fundo; não confiava nas intenções dele.
Nunca tive problemas em ver ela fazendo par romântico com outro cara, mas não confiei em nada em Lombardi. Suspiro ao ver o selinho, podia ver que ele queria aprofundar mais.
A peça se encaminha para o fim, então a cena da cama me deixava aflito. Eles se deitam, vejo um sorriso no rosto de Lombardi e eu suspiro, tentava controlar meu ciúmes. Ele agarra a cintura dela e vejo a minha namorada desconfortável.
Ele tenta encerrar a peça com um beijo, mas ela desvia: o beijo não estava programado. Todos aplaudem a peça, assobio e grito de empolgação.
― É a minha namorada ― falo para todos.
Ela sorri orgulhosa e eu corro para o camarim para dar os parabéns.
― Você foi incrível, meu amor ― falo e ela sorri.
― Ai fico feliz, eu estou tão animada ― abraço ela ― Obrigado por estar comigo.
― Não tem que me agradecer ― faço um carinho no seu rosto ― Querida, o Lombardi forçou algo?
― Eu só estranhei, amor ― ela suspira.
― Desgraçado ― respiro fundo.
Vejo Lombardi vindo na nossa direção, então a minha namorada aperta a minha mão me passando tranquilidade.
― Foi incrível ― ele diz.
― Incrível vai ser eu te enfiar um soco por ficar forçando coisa com a minha namorada ― falo diretamente.
― Ciúmes, cara? ― ele ri irônico ― É apenas teatro.
― O soco que eu quero te dar não será de mentirinha ― me aproximo dele ― Fica longe da minha mulher.
― Calma, Rodrigo ― minha namorada me puxa ― Vamos para casa, por favor.
― Tudo bem ― eu suspiro ― Ouviu, né.
Estávamos saindo juntos quando ouço ele rir.
― Ela é bem gostosa mesmo.
Estava prestes a ir atrás dele, mas ela me impede. Podia ver que o medo no olhar dela, afinal a noite ficou marcada pela linda interpretação dela.
― Só não bato nele para não ofuscar a sua noite ― aperto a cintura dela.
― Você fica um gostoso assim, sabia ― ela sorri.
― É só assim? ― mordo o pescoço dela.
― Me mostra a outra forma ― abro um sorriso.
Bom, a comemoração fica para uma outra oportunidade...
⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯Notas da autora:
eu não sei se ficou bom, eu gostei e vocês, amoras?
