Um conto de Natal - Um grupo em Nova York

Dois

Sirena Cassani Graham

Some dois mais dois e terá sua resposta de imediato, tente saber o que se passa na cabeça do Adam e é um mistério sem fim, quem souber morre. O homem é um quebra cabeça sem a última peça, ele agora está discursando de como pensamos pequeno. Sinto pena da Jade que está noiva desse cara, Caroline presta atenção no que ele diz com os olhinhos vidrados. Me poupe! Até a criança ele chamou a atenção.

Acabo rindo quando a Ana propõe brincarmos de Adedonha, de acordo com ela é um jogo brasileiro. Ela me entrega uma folha em branco, uma caneta e diz como devo fazer. Adam se concentra no jogo e diz que vai ganhar, Aria acabou dormindo em cima do tapete, Aaron continua tentando permanecer acordado, está falhando.

— Por que vamos começar com a letra “A” ? — Adam questiona.

— Porque é a primeira letra do alfabeto imbecil — Fitz diz. Adam parece pensar nisso, pensar! Ele é mesmo uma piada.

— Se eu perder esse jogo, nunca mais jogo — Logan diz irritado tentando entender a folha em sua mão.

Ana nos explica mais uma vez, e penso em tudo com a letra A, e fico parada em filmes. Porra! Nem filmes eu assisto! Nick parece concentrado. Fitz brinca dizendo que não consegue pensar em nomes com a letra A, e todos olhamos para ele com cara de tédio. Quando o relógio do tempo apita, Ana pergunta o que escrevemos. Acabo fazendo 50 pontos nessa rodada, era para ser 60, mas deixei filmes em branco.

— Buceta é uma parte do corpo humano — Adam diz indignado quando estamos na letra B, estou chorando de rir quando a Ana grita.

— Seu rabo que é!

— Também! Vou colocar isso quando estivermos na letra R! — Diz animado.

— Acho que devemos tirar o corpo humano, não sabemos muito — Jade tenta amenizar o clima, mas Ana insiste no negócio. Então decido manter minha boca fechada, fiz três semestres de Medicina, sei uma coisa ali ou aqui.

Logan continua sério, então sinto que quem vai ganhar é ele, decidimos que iríamos até a letra G, e veríamos quem ganhou.

— Tá tá! Nome? — Ana perguntou e dissemos tudo, quando chegou na parte do objeto…

— Geringonça — Adam diz. Ana levantou a mão para o alto.

— Por que diabos somos amigos mesmo?

— Você me ama, admita!

— Não, obrigada, deixo para a próxima.

Somamos nossos pontos, e acabo ficando surpresa ao ver que quem ganhou foi a Ada que só fazia rir a brincadeira toda, nem desconfiei, ela está sempre rindo. Como prometemos no início do jogo, porque sempre apostamos, pagamos o que devíamos a ela. Fiz a transferência de 10mil para a conta dela e vejo o sorriso contente ao escutar o som das notificações.

Fomos comer, e antes de iniciarmos, rezamos. Somos católicos, mas acabamos não indo com muita frequência para a igreja, é tanto pecado que o padre amigo da Ana diz que somos loucos. E foi o primeiro que fez piada sobre isso.

Ver nossa família feliz é incrível, e queria guardar esse momento para sempre. Estamos em um momento delicado, onde não sabemos bem o que vem a seguir. Nossas vidas sempre foram assim, não sabemos se vamos estar vivos no dia seguinte.

Nick segura minha mão quando acabo vendo Caroline dando seus primeiros passinhos. Abro minha boca em choque e sinto lágrimas em meus olhos, minha filha deu seus primeiros passinhos. Ela andou! Ela andou!

— Você viu isso? — Nick me encarou também emocionado, assenti tentando segurar minhas lágrimas.