Capítulo 05

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Quando Draco pousou sobre a neve que cobria o gramado de sua residência em Edimburgo, Hermione se apressou em se desvencilhar dele, dando vários passos para longe, desnorteada.

Draco engoliu a seco, encarando as costas dela quando ela parou, ponderando se deveria ou não se aproximar novamente e implorar para que ela lhe ouvisse. Sem aviso, Hermione se virou, seus olhos âmbar se cravaram nos dele e para sua surpresa, não havia decepção em seu olhar, apenas medo. Ele não sabia o que era pior: saber que ela nunca criou qualquer expectativa de que ele pudesse ser bom ao ponto de se decepcionar com o que acabara de descobrir ou, saber que ela estava com medo dele.

— Hermione...

— Desde quando? — ela disparou, rápido, interrompendo-o.

— Uma semana antes do início das aulas — Draco disse, sustentando o olhar dela, sem a mínima intenção de esconder algo dela.

— Por que? — a voz dela tremeu e uma lágrima escorreu por sua bochecha.

Draco deu um passo para ela, preparado para confortá-la, abraça-la, o que quer que ela precisasse.

— Não se aproxime de mim! — ela disse em voz baixa, palavras duras e que doeram em Draco mais do que ele poderia explicar.

Ele aquiesceu com a cabeça uma vez e colocou as mãos em seus bolsos, embaraçado e com raiva de si mesmo por ser quem era.

— Por que? — Hermione repetiu, mais exigente.

— Não é como se eu tivesse escolha, Hermione — Draco riu sem humor — Ninguém pediu minha permissão para marcar o meu braço ou perguntou se eu queria mesmo ser um deles.

— M-marcaram você?

— Você quer ver?

Ela balançou a cabeça em negativa.

— Eu não posso me isentar da culpa e dizer que não fiz coisas ruins, porque eu fiz, Hermione, e acredite, cada uma dessas coisas têm me assombrado dia após dia! Mas ele ameaçou a mim, ameaçou a minha mãe, eu precisei ser um deles. O melhor deles.

A menção da última frase, Hermione balançou a cabeça em negativa repetidamente, como se não quisesse absorver suas palavras. Mais uma lágrima desceu.

— Hermione, eu não... Eu não quero isso — Draco admitiu, quase em súplica — eu não quero ser um Comensal, mas eu preciso ser um, eu...

— Por que está me contando isso? Por que agora? — Hermione estava prestes a desmoronar. Era nítido em sua voz e em sua expressão.

— Por que você é a única razão pela qual eu ainda não desisti, Granger! Você, e só você, é o que me faz levantar de manhã e pensar que talvez, um dia, essa merda acabe e ainda exista algo para mim.

Hermione soluço e ele não pensou duas vezes. Atravessou o espaço que os separava e a pegou em seu braços, abraçando-a. Ela não o empurrou, como ele esperou que fizesse, em vez disso ela o envolveu pela cintura e deitou o rosto em seu tórax, chorando baixinho.

— Eu vou compreender se nunca mais quiser me ver depois disso, mas... por favor, por favor, não tenha medo de mim.

Hermione afastou o rosto para olha-lo e ele se amaldiçoou por tê-la deixado daquela maneira. Se pudesse, mudaria cada aspecto de sua vida para se adaptar à dela. Mudaria seu sobrenome, seus status, até seu sangue, se isso significasse que poderia ser dela. Ele abriria mão de seu dinheiro, da casa em que cresceu, dos ideais que aprendeu, por ela e para ela.

— Eu não tenho medo de você — Hermione disse, engolindo a seco — Tenho medo por você.

Aquelas quatro palavras aqueceram Draco por dentro. A sensação era indescritível, mas libertadora.

Feliz Natal, GrangerOnde histórias criam vida. Descubra agora