Capítulo 03

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23 de Dezembro de 1996

— Bom, agora que conseguiu o que queria vai parar com essa loucura? — Zabini perguntou, olhando para seu melhor amigo de soslaio.

— Não é minha pretensão — Draco respondeu em meio a um suspiro resignado. Ele sabia que deveria, mas não queria — E eu não consegui, exatamente.

Blás riu com desdém e com um aceno de sua varinha trancou o malão sobre sua cama. Em seguida virou-se para encarar Draco e havia advertência em seus olhos escuros.

— Não vai arrumar o seu malão? — parecia mais uma observação do que uma pergunta. Ainda assim, Draco respondeu:

— Não vou para casa esse feriado.

Estava deitado em sua cama, apenas com a calça do uniforme e com os braços atrás da cabeça. Não conseguia parar de pensar nela e repassar cada segundo em que teve sua boca sobre a dela.

— Draco, isso é imprudente! — Blás  chiou e se aproximou de sua cama em passadas rápidas — Nós não somos assim. Você não é assim!

— Sabe que a minha casa virou um quartel. Eu não poderia ir, não conseguiria. Não se trata só da Granger — Draco disparou defensivamente, começando a se irritar com Blaise.

Zabini cruzou os braços, impassível.

— Pode imaginar o que você-sabe-quem irá fazer se descobrir que o herdeiro dos Malfoy's está interessado em uma nascida trouxa? Se não teme pela sua vida, tema pela dela. Ele vai matá-la, Draco.

Sim, ele sabia das consequências. Perdeu noites e noites de sono pensando em cada uma delas. Mas, Hogwarts era segura, pelo menos enquanto ele não conseguisse arrumar o armário-sumidouro. Ele poderia agir como um adolescente de dezesseis anos perdidamente apaixonado e idiota até lá, não poderia? Ele pensava que sim. Depois, se ele morresse, abraçaria a morte com um enorme sorriso em seu rosto, sabendo que pelo menos por um instante, pôde ter a garota que amava em seus braços.

— Eu sei os riscos, tá legal? — Draco se sentou, gesticulando — Eu sei! Mas provavelmente vamos todos morrer nessa maldita guerra, porque caralho eu deveria me privar? Eu não tenho intenção de perder mais um dia sequer.

— Você perdeu a cabeça.

— A cabeça, o coração, diga o que quiser, mas eu não ligo! Não mais. Eu sou dela, Blás, você entende?

Zabini desaprovava, era nítido em sua expressão. Mas ainda era o seu melhor amigo, e por isso, sorveu-se de uma respiração rápida e pesada, para por fim, murmurar:

— Vou dizer que você está empenhado demais em sua missão para ir para casa.

Draco sorriu.

— Valeu Blás.

. . .

Draco abria caminho pelo mar de alunos que se aglomeravam nos corredores e escadas, ansioso para irem para suas casas. Procurava por ela e não demorou para encontra-lá. Desceu a escada que havia parado de dois em dois degraus, pulando os dois últimos e derrapando enquanto retomava seus passos apressados. Estava no segundo andar.

Atrás dela.

Hermione se preparava para descer mais um lance de escada, com suas sombras, Potter e Wesley de cada lado seu, quando Draco deu uma corridinha para alcança-la e segurou em seu pulso. Ela olhou para trás em um rompante, seus olhos pousaram sobre Draco e instantaneamente ela enrubeceu.

— Está indo para casa? — ele perguntou, um pouco ofegante pela emoção e pelos cinco lances de escada que percorreu.

Hermione abaixou os olhos para a mão dele em seu braço e retornou o olhar para o seu rosto.

Feliz Natal, GrangerOnde histórias criam vida. Descubra agora