chapter 4

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LIAM ROSSI

Como uma família de aparências perfeitas... ou talvez não tão perfeitas assim, eu sou o único que prefere não se mostrar para o mundo. Ninguém sabe quem sou de verdade, nem mesmo meu nome completo. As pessoas na universidade acham que eu sou apenas mais um sortudo com o sobrenome Rossi. Mal sabem o quão errado estão.

A verdade é que eu odeio isso tudo. Se pudesse, eu desapareceria e nunca mais voltaria a encarar essas pessoas. Mas, como todo jovem adulto – ou talvez não, já que eu não conheço muitos que compartilhem esse hobby –, prefiro me refugiar nos meus livros, especialmente aqueles de dark romance, ou qualquer romance que me transporte para longe da minha realidade.

Minha família... bem, ela é o que todos invejam. Mas ninguém sabe a verdade. Meu pai é um homem admirado, minha mãe uma mulher aparentemente perfeita, minha irmã é uma força da natureza e meu irmão gêmeo, Yan, é o típico espírito livre. Nós nos damos bem, ele gosta de me perturbar, mas o que mais me diverte é o fato de que, na universidade, ninguém percebe que somos gêmeos. Para todos, somos apenas amigos. Idiotas.

Mergulhado nesses pensamentos, fui tirado abruptamente por uma batida leve na porta.

— A comida está pronta — avisou minha mãe, antes de desaparecer pelo corredor.

Soltei um suspiro, peguei meu celular e desci as escadas para me juntar à família no jantar.

— Então, escolhi a família — disse meu pai, com um sorriso discreto enquanto cortava um pedaço de carne. — O cunhado de Mike.

— Sério? — Yan quase saltou da cadeira de excitação.

— Sim — respondeu minha mãe. — E ele tem dois filhos, Daniel e Daphine. A filha mais velha vai estudar na mesma universidade que vocês.

Ótimo, mais uma pessoa insuportável para se juntar à nossa lista de elite. Como se não bastasse.

Yan, como sempre, estava dando um show, minha irmã sendo... bem, ela mesma, e meus pais tentando controlar os surtos de alegria exagerada dele. Eu, no entanto, mantive minha atenção na comida, enquanto rolava distraidamente pelo feed do Instagram.

— Já terminei, boa noite. — Levantei-me da mesa, peguei meu prato e o coloquei na pia antes de subir para o meu quarto.

Assim que entrei, tranquei a porta e me joguei na cadeira diante do computador. Estava decidido a passar a madrugada jogando.

[...]

Acordei ao som do despertador ecoando pela minha cabeça como se fosse uma tortura medieval. Desliguei o alarme e olhei para o relógio. Eram 6h30, o que significava que eu estava completamente atrasado. Essa é a consequência de dormir às quatro da manhã, ou melhor, quatro e meia.

Desci as escadas correndo, peguei uma maçã na cozinha e fui direto para a garagem. Liguei minha BMW, um carro discreto o suficiente para não chamar atenção. Afinal, mesmo na The Mendes Academy, onde todos pertencem à elite, eu preferia não me destacar.

Assim que cheguei à universidade, estacionei o carro e corri para dentro do campus. Ao olhar para o relógio, percebi que estava ainda mais atrasado do que pensava. Isso não podia acontecer. Se eu recebesse uma advertência do reitor, seria expulso do grêmio estudantil. E eu não podia permitir isso.

Apressei o passo em direção ao segundo andar, onde ficava o escritório do reitor. Bati duas vezes na porta e, ao ouvir um "entre", abri a porta devagar.

— Ah, é você... — disse o reitor, sem tirar os olhos de alguns papéis. — Preciso que você apresente a universidade para a senhorita Black.

Olhei para a garota parada à sua frente. Ela estava de costas, mas seu cabelo escuro e curto imediatamente chamou minha atenção.

— Tudo bem. — Caminhei até ela, sentindo uma estranha curiosidade. — Olá, sou Liam Rossi, presidente do grêmio estudantil. E você é?

Quando ela se virou, senti meu coração parar por um segundo. Seu rosto era angelical, de uma beleza que me deixou temporariamente sem fala. Ela estendeu a mão com um sorriso.

— Prazer, Liam. Eu sou Daphine... Daphine Black.

Eu demorei um momento para responder, ainda atordoado por sua presença, mas logo me recompus.

— Podemos ir? — Daphine perguntou, quebrando o silêncio que havia se instaurado.

— Claro, me siga. — Comecei a andar, e ela veio logo atrás.

Conforme caminhávamos pelos corredores, ela comentou:

— Você me parece familiar...

Parei abruptamente, virando-me para ela.

— Por quê? Já me viu antes?

Ela franziu o cenho, esfregando as mãos nervosamente.

— Talvez... em algum lugar.

Suspirei e voltei a caminhar.

— Venha comigo.

Ela hesitou por um momento, mas quando percebi que não estava me seguindo, a puxei pelo braço. Sua pele era suave, e ela era leve demais. O tipo de pessoa que eu poderia facilmente carregar nos braços, se quisesse.

— Aonde está me levando? — perguntou, tentando se soltar.

— Calma, não vou te sequestrar ou coisa do tipo. Só confie em mim.

— Eu mal te conheço! — Daphine respondeu, puxando o braço de volta.

Parei de andar, virando-me novamente para ela.

— Ok, vamos começar de novo. — Estendi minha mão, ainda segurando a dela com a outra. — Oi, sou Liam Rossi, tenho 24 anos, curso medicina, gosto de crianças, de ler, jogo basquete e RPGs, sou presidente do grêmio estudantil e odeio festas. Agora é sua vez.

Ela olhou para mim como se eu fosse louco.

— Você está falando sério?

Assenti com a cabeça.

— Claro. Foi você quem disse que não nos conhecemos. Vamos resolver isso.

Ela revirou os olhos antes de responder.

— Sou Daphine Black, você já sabe disso. Tenho 22 anos, curso moda... fui corna, peguei meu namorado com minha melhor amiga. E agora tenho um chifre maior do que a porta da minha casa. — Ela pausou, cruzando os braços. — Satisfeito?

A história dela me pegou de surpresa, mas também me intrigou.

— Então você estava em um relacionamento até recentemente? — Perguntei, como se não soubesse a resposta.

— Sim, e você vai manter sua boca fechada sobre isso. — Ela falou rudemente, puxando o braço de volta.

Sorri de canto, apreciando sua atitude.

— Daphine Black... um nome bonito. — Comentei enquanto voltava a caminhar.

Ela não respondeu, mas continuou andando ao meu lado. Eu a guiei até a porta da sala onde o curso de moda tinha suas aulas.

— Aqui é sua sala. — Disse, abrindo a porta.

A sala estava vazia, provavelmente porque os outros alunos ainda estavam no refeitório. Fechei a porta e continuei o tour pela universidade.

Como Nos Meus Sonhos Onde histórias criam vida. Descubra agora