Como Nos Meus Sonhos

chapter 21

DAPHINE BLACK

Liam realmente me trouxe ao shopping, como havia prometido. Caminhamos lado a lado pelo corredor movimentado, com a brisa do ar-condicionado nos envolvendo. Algumas garotas olham para ele de longe, e instintivamente, entrelaço nossos dedos, aproximando nossos corpos, como se quisesse reafirmar que ele era meu.

— Não precisa ficar com ciúmes, amore mio, eu só tenho olhos para você — ele sussurra com sua voz rouca, roçando seus lábios perto do meu ouvido direito, e um arrepio percorre minha espinha.

— Eu... com ciúmes? — tento soar confiante, mas minha voz sai levemente trêmula — Hahaha! Não me faça rir, Liam. Jamais.

Sorrio, mas por dentro, sei que há um pequeno incômodo. Ele tem aquele charme inegável, aquele magnetismo que atrai olhares, e apesar de sua promessa, não consigo evitar o calorzinho do ciúme. Quem nos vê de longe nem imagina que eu já o chamei de babaca, chato e nerd tantas vezes.

Puxo Liam para uma loja de departamento que aparece à nossa esquerda. Enquanto caminho pelos corredores entre as araras, uma minissaia preta chama minha atenção. Pego a peça e a mostro para ele, tentando adivinhar sua reação. Seus olhos analisam a saia por um segundo, e então ele me encara, sorrindo.

— Essa saia é muito curta — ele diz, tirando a saia de minhas mãos com um olhar possessivo — Não vai levar ela nem por cima do meu cadáver.

Ele tenta soar firme, mas vejo um brilho de diversão em seus olhos. Reviro os olhos, já decidida a levar a saia. Escolho mais algumas peças e pago no caixa. Quando saímos da loja, Liam me puxa para o elevador do shopping.

Ele se aproxima, seus olhos brilhando com uma intenção clara. Antes que eu possa dizer algo, ele inclina a cabeça, trazendo seus lábios para os meus, em um beijo quente e intenso. Surpresa, seguro em seus ombros, tentando afastá-lo.

— Liam, tem câmera aqui! — exclamo, apontando para o canto do elevador.

— Que se foda a câmera — ele murmura contra meus lábios, me prendendo contra a parede do elevador.

Seus lábios tomam os meus novamente, e antes que eu perceba, minhas pernas se enlaçam em sua cintura. A sensação de estar em seu colo, com o risco de alguém entrar a qualquer momento, faz meu coração disparar. Interrompo o beijo de repente ao ouvir a porta do elevador tentando se abrir. Pulo do colo de Liam e pego as bolsas no chão, empurrando-as para ele enquanto ajeito meu cabelo apressadamente.

Quando a porta finalmente se abre, uma senhora de uns 60 anos entra no elevador. Ela nos olha com simpatia, sem desconfiar de nada.

— Bom dia, jovens — diz a senhora, com um sorriso caloroso.

— Bom dia — respondemos em uníssono, ainda nos recuperando do momento anterior.

O restante da viagem no elevador é silencioso, exceto pelos leves risos contidos de Liam. Quando finalmente chegamos ao estacionamento, ele abre o porta-malas do carro e colocamos as sacolas lá dentro. Entramos no carro, mas um silêncio desconfortável se instala entre nós.

— Já pensou se aquela senhora tivesse nos visto daquele jeito? — pergunto, tentando soar brava, mas minha voz está mais divertida do que séria.

— Seria engraçado — responde Liam, rindo baixinho.

— Engraçado vai ser o meu pau no teu cu — retruco sem pensar, o que o faz me encarar com uma expressão de surpresa.