II

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Na escuridão da noite, a vegetação da floresta se mostrava tão densa que a luz da lua cheia era incapaz de penetrar as folhas e troncos da mata. O lobo estava descontrolado.O efeito da lua cheia se espalhava rapidamente pelas veias de seu corpo e tudo que pensava era em deter aquele instinto animalesco que o impedia de pensar conscientemente.

Tudo em si gritava pelo dia que finalmente aquele tormento horrendo teria fim, queria acabar com aquela desgraça. Aquela maldição era seu algoz.

O alfa lúpus sentia as roupas ajustadas em seu corpo rasgarem. Seu tamanho aumentava, seus ossos cresciam, garras surgiram no lugar de suas unhas, suas presas apareceram.

A inconsciência o atingiu. Não detinha controle de suas ações. Arrastando-se pela mata da floresta, a besta já estava à solta.

O lobo negro de olhos escuros, ainda se recuperando da recente transformação, tentava se equilibrar nas quatro patas e se livrar do torpor que a recente mudança causara nele. O levíssimo cheiro de avelã e verbena foi captado pelo seu olfato apurado. Nada no mundo se comparava àquele cheiro, verbena era sua flor predileta desde que se entendia por gente, além de que, o cheiro de avelã o fazia lembrar de seus momentos bebendo chocolate quente ao lado dos seus pais. Era a combinação perfeita.

Se firmando sobre as patas, o animal partiu sem controle floresta adentro, buscando a fonte daquele aroma magnífico.

Um dos parques de Seul possuía uma floresta muito profunda e que a maioria das pessoas preferia evitar, mas não tinha outra solução para aquela pobre alma a não ser se esquivar da civilização dentro da mata fechada. O lobo nunca foi capaz de atravessar totalmente o território, porém não conseguia parar de perseguir um cheiro exótico, algo que mesclava o odor marcante de flores com o suave aroma doce de avelãs, até que a lua cedesse seu lugar ao sol no céu.

Naquela lua cheia, entretanto, a fera não foi capaz de ignorar o aumento de intensidade daquela fragrância. O lobo correu como nunca, sem interrupções ou qualquer sinal de cansaço. Amedrontando todos os animais que usavam aquele lugar como habitat, imaginando que seriam devorados por aquele lobo gigantesco.

Não sabia quanto tempo havia se passado, mas suas patas já davam claros sinais de cansaço, os sons de galhos se quebrando e folhas sendo pisoteadas eram a única coisa que poderia distinguir com certeza naquele ambiente hostil. A movimentação da lua e nuvens no céu também eram um sinal de que o lobo estava correndo a bastante tempo

Inesperadamente, uma movimentação estranha na mata fez o lobo entrar em alerta, o cheiro de capim-limão nada comum o denunciou rapidamente. Tinha um humano naquela floresta.

Apurando a visão, o grande animal se colocou em posição de ataque, camuflando-se às sombras, enquanto o pelo negro e opaco se tornava imperceptível na penumbra. Logo bem viu uma batina negra cobrindo o corpo de um velho beta, ele murmura orações quase inconscientemente.

Um padre.

Não tinha ideia do que aquela alma sem sorte fazia ali àquela hora, onde nada nem ninguém poderia o socorrer do terror, do medo e do monstro.

Até que o lobo captou, levíssimo no ar, o cheiro de verbeno e avelã ácido desprendendo daquele corpo. A verbena estava ácida e o avelã amargo, cheirava a medo, raiva. O lobo se encheu de tudo que há de pior para se sentir.

Não esperou para ouvir mais nenhuma das preces sem sentido daquele homem nojento e repugnante, nem ao menos aguardou que o velho grisalho se aproximasse.

Crônicas de Fúria e Névoa (Namjin)Onde histórias criam vida. Descubra agora