Crônicas de Fúria e Névoa (Namjin)

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Em um lugar onde as sombras da noite congelante visitavam cedo os que mais as temiam, o odor pútrido de sangue assombrava o inconsciente de todos que moravam na orla da floresta densa e mórbida.

Sem chance de escapar da fera que assolava seus maiores medos, não restava nada para os moradores da pequena localidade a não ser rezar para divindades, cobrir as portas de seus casebres com sangue do cordeiro e adornar suas casas com círculos de sal para afastar o lobo faminto que morava na mata fechada, e que os açoitava quando a luz do sol não penetrava mais as árvores e vegetação altas, dando um aspecto nefasto a tudo aquilo que sua visão tocava.

Absorto em suas preocupações próprias, Seokjin não foi capaz de notar o clima sombrio que se criava na pequena vila de Anyang por conta da estranha movimentação na mata da floresta a plena luz de lua cheia. O problema que se desenrolava diante de seus olhos era grande demais para pensar em algo que não fosse sua vida sendo arruinada pelos interesses financeiros de seu pai ganancioso.

Mais cedo naquele dia, uma carta com o selo da família Song havia chegado à residência de sua família. Choi Yucha não esperou muito para que, no silêncio de seu escritório, abrisse a carta e ligeiramente um sorriso maldoso cresceu nos lábios secos do alfa. Finalmente havia chegado em suas mãos um pedido de casamento para Seokjin, digno da família Choi.

Desde que a vila de Anyang passou a ser habitada, os Choi tinham quase 100% do controle do comércio local, tendo alguns parceiros, e o título de família mais rica da vila. Os negócios em uma região tão remota eram rústicos, cheios de troca de favores e relacionamentos de fachada, sendo algo bruto e essencialmente arcaico.

A família Song era uma das maiores parceiras dos Choi, fabricantes dos tecidos que se transformaram nas simples vestimentas dos aldeões posteriormente. Foi uma pena para os parceiros econômicos dos Choi quando descobriram que o único herdeiro de Yucha e Soyun era um ômega. E então começou a disputa para saber quem seria o afortunado que herdaria o comércio local por meio do casamento com Seokjin. Já que havia uma tradição na família, era concebido apenas um herdeiro por geração. Portanto, Seokjin não possuía irmãos, assim como Yucha, e, para o patriarca, não havia a menor possibilidade de dividir sua fortuna com as irmãs alfas e primos de sua esposa.

Os jovens alfas e betas de Anyang não mediam esforços para pedir a mão do ômega em casamento, o dinheiro era o grande prêmio, mas aquele belo e cheiroso ômega também fazia parte dos interesses de todos os alfas da região.

Choi Seokjin tinha o rosto mais lindo entre os mais bonitos ômegas, tinha o corpo mais escultural que já haviam visto e a postura mais implacável que já foi adotada por um ômega.

O moreno, com cabelos negros como ébano, era totalmente adverso a ideia de se casar, especialmente com seus recém completos 18 anos. A personalidade rebelde do garoto somente fazia com que todos tivessem ainda mais vontade de usufruir daquele corpo, a virgindade e parcial inocência de Seokjin despertava nos alfas os seus desejos mais obscuros e sujos. O pequeno ômega não fazia ideia do que se passava na mente dos homens quando contorcia seu rosto numa expressão insatisfeita, ou, principalmente, quando seu rosto era ornamentado pela feição sofrida.

Depois de muitos pedidos medíocres, a carta dos Song veio para trazer paz à residência Choi que vivia uma tempestade pelas negativas de Seokjin em se casar, enquanto seus pais procuravam por um noivo o mais rápido possível. Enfim, a família Song enviou um pedido oficial, informando da intenção do caçula da família, Song Joongki, de se casar com Seokjin no período da primavera, que demoraria menos de dois meses para chegar. Em troca de uma montanha de dinheiro, que seria levemente abatida pelo dote de Seokjin que era maior do que a herança de muitas famílias da capital.