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O balançar da carruagem deixou Seokjin enjoado como nunca antes. Apesar de estar bem agasalhado e os tecidos acolchoados da carruagem manterem o local minimamente aquecido, o ômega sentiu a névoa friorenta atravessar sua pele e trincar seus ossos. A ansiedade parecia engolir seu estômago com violência, a respiração um pouco lenta do garoto não condizia com as batidas aceleradas de seu coração que pareciam ter vontade de quebrar e saltar da caixa torácica.
A calça de linho de cor vinho tinto combinava bem o corpete preto que o ômega vestia, ambos escondidos pela longa capa preta que se alongavam pelo corpo de estatura mediana com capuz que cobriam o cabelo cor de ébano de Seokjin. Estava sentado sozinho no banco, olhando para a janela e encontrando apenas a imensidão pintada de branco pela neve que parecia dar uma trégua àquela hora da manhã. Seus pais estavam sentados de frente para o ômega e Yucha observava bem o comportamento de seu único filho. O alfa realmente achava que seu herdeiros ser um ômega era um infortúnio para a família. Mas jamais conseguiria abandonar o garoto ao relento ou obrigar sua esposa a ter outros filhos.
Não gostei de mencionar ou demonstrar, mas o gênio difícil de Seokjin lhe agradava, mesmo que muito pouco. No mundo onde os ômegas foram julgados como frágeis de corpo e espírito, ver que seu filho era fora da curva o consolava de certo modo.
— Espero que seja mais agradável com a família do seu noivo hoje. Suas atitudes na noite passada me decepicionaram muito, Seokjin — A fumaça que sai da boca do alfa enquanto falava por conta do clima frio chamou a atenção de Seokjin.
— Pai, eu... Não entendo o porquê de nem ao menos o senhor ter me dado uma chance para escolher meu noivo. Isso sim é decepcionante — Seokjin disse ainda observando a janela a paisagem tomada pela neve — Um homem morreu e o senhor pensa somente no que lhe favorece.
Seokjin não conseguiu demonstrar mais apenas ressentimento, o cansaço também era palpável no seu semblante e tom de voz baixo e fraco enquanto se virava na direção de seus pais. Se os olhos eram, certo, a janela da alma, Soyun imaginou que o âmago de seu filho refletia em seus belos lumes que podiam carregar galáxias pela enormidade de seu brilho ofuscante um martírio silencioso, porém aterrador. A ômega não pode o olhar por muito mais tempo, pois a dor de Seokjin parecia ocupar todo o ambiente da carruagem sufocante.
— Esse momento é impróprio para uma discussão de qualquer natureza. Temos de mostrar nossas condolências e apoio incondicional para com a Igreja — Soyun interviu com cautela, sem aumentar a voz.
Seokjin não era um adepto total e nem conivente com os pensamentos e ações da Igreja. O ômega achava seus ensinamentos obsoletos e muitas vezes cruéis. Era uma organização destrutiva demais para o que deveria ser uma entidade responsável por disseminar a paz e o amor pelo mundo.
Bela mentira, pensou Seokjin enquanto empinava um pouco o nariz e aderia aquela imagem de quem sabe das coisas. Tinha muitas ideias, muitos pensamentos que gostaria de dividir com o mundo, mas sua posição e gênero não permitiam que o ômega sequer manifestasse uma mínima oposição aos ensinamentos que lhe eram passados, especialmente aqueles que vinham de seu pai. Daquela perspectiva, Seokjin acreditava que era inútil o fato de ele ter uma opinião diferente da maioria. Continuaria sendo conivente com aquela enganação.
Precisava de uma armadura para ir à guerra. A maneira mais eficaz de disfarçar suas inseguranças e medos, era fingir que elas não existiam usando uma casca para encobrir todo o estrago que o mundo já havia feito em um ômega tão jovem. Já com a vida praticamente arruinada, Seokjin também não tinha expectativas de que seus prospectos vissem a melhorar. Muitíssimo pelo contrário.
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Crônicas de Fúria e Névoa (Namjin)
Fiksi PenggemarEm meio a pequena vila de Anyang, o pavor da besta que açoita suas vítimas à luz da lua cheia não é o maior dos problemas que Choi Seokjin enfrenta. O ômega se vê preso a um casamento arranjado com um alfa estranho e sua família asquerosa. Sem o apo...