Só pude respirar fundo, escutando mais uma vez, meu pai reclamando sobre minha incompetência. Eu sabia que tinha que manter a calma nessa situação, afinal, eu podia causar um grande estrago naquele lugar, só de piscar. Mas, por algum motivo, preferia ficar de cabeça abaixada, indiferente as palavras de puro insulto que vinha dele. Desde de que eu não servia para ser filha ou esposa, até palavras que interfiria justamente na causa da morte da minha mãe. E todas elas eram diretas sobre a minha pessoa.— Sai da minha frente! — disse ele, jogando a primeira coisa que via em mim. Reclamei de dor quando o objeto jogado atingiu o meu rosto, fazendo um leve corte. Era apenas um objeto de decoração. Engoli a saliva que juntou em minha boca, apenas para pegar o objeto e sair da frente daquele velho. Passei pelo correrdor de casa e apenas pude notar o olhar de desprezo, que vinha do meu próprio marido. Tal, que so estava aqui por um casamento arranjado. Meu pai sempre disse que ele salvaria a nossa familia. E que esse era o único destino que eu podia ter, afinal, era a pessoa amaldiçoada da familia. Nunca havia entendido de fato, até perceber que a maldição sempre estava ao meu lado. Tudo aquilo que eu poderia me importar, estava fadado a morrer se estivesse proximo de mim. E isso, me fez por muito tempo, me fechar ao mundo.
Lá fora, estava escuro, frio e ventando. Boatos diziam que durante a noite, era perigoso andar pois, alguem cruel vivia andando por ai para matar quem quer que estivesse em seu caminho. Essas coisas já não me assustavam, pois, na verdade, já estava acostumada a esse tipo de coisa. Ver pessoas morrendo em minha frente parecia algo comum; era algo que não revirava o meu estomago. Eu poderia facilmente apenas fugir dali, e meu plano era esse, vagar para o mais longe daquela casa, onde estava um verdadeiro inferno. Se eu não conhecesse o lugar, diria que gostaria de andar o suficiente para me perder do caminho de volta para casa. Falta eu não faria, de qualquer forma. Continuei andando em passos lentos, apenas olhando para o chão. Foi onde algo chamou minha atenção.
A cada passo que dava, via uma poça de sangue escorrendo na rua. E andando mais um pouco, notei o corpo de uma pessoa jogada no chão. Estava morta, aparentemente. Não possuia cheiro, além do sangue fresco, que escorria, não estava nem seco, afinal, havia sujado o meu sapoto de cor vermelho pisando ali. Não me importei, apenas encarei aquele cadáver jogado no chão. Mas ao ouvir alguns passos, encarei mais a frente, uma pessoa que parecia ter dado meia volta, estava em passos lentos vindo em minha direção. Era um homem de uma mesma altura que a minha. O que não era dificil, já que eu era uma mulher de estrutura alta. Ele tinha um pequeno sorriso em seus labios, de canto. Um ar misterioso, a feição meio debochada, um ar maligno. Seus olhos eram de puro divertimento, mas que, tinham um pingo de maldade brilhando. Eu não sabia dizer o que era.
Pela primeira vez, senti meu coração palpitar, não era medo. Seus olhos brilhavam, totalmente direcionados a mim, seu sorriso sumiu quando encarou em meus olhos, parecendo prestar atenção na cor deles, a qual eram bem amarelos. Isso não me incomdou, mas, de tanto que me encarava, podia jurar que ele estava lendo a minha alma. Usava uma roupa bem simples, branca, mas que agora, estava manchada de sangue. Tentei abrir a boca para falar alguma coisa, mas sua expressão estava tão seria, que eu podia jurar que havia perdido os sentidos com aquilo.
— O que faz andando pelas ruas a essa hora, madame? — apesar de seu tom grave e serio, sua voz soava em um tom debochado. Isso me fez arquear uma sobrancelha e ele me encarou apenas como se eu tivesse ousado enfrentar ele.
— Isso não é algo que te interessa. — respondi prontamente e de forma meio grosseira. Ele riu baixo, debochado, com um ar de quem poderia me matar na mesma hora. Eu não entendi de primeira, mas ele parecia de certa forma, surpreso com minha atitude.
— Você tem uma audácia impressionante para uma mulher. — ele andou alguns passos em minha direção. — Devo dizer que você é uma mulher corajosa.
— Tive que ter muita coragem na vida. — revirei os olhos. Se o assunto era apenas porque eu era uma mulher, sabia que ele estava pronto para apenas também me xingar. Afinal, mulheres "fortes", não eram muito bem vistas.
Aquele homem não disse uma palavra depois de minha resposta. Apenas me encarou de cima a baixo, algo nele me fez olhar atentamente aos seus olhos, que percorria meu corpo como um pedaço de carne. E isso, não era demonstrado de uma forma sexual; isso vibração, seu olhar e sua boca salivando de forma feroz, parecia que ele iria me devorar mais no sentido literal mesmo. Como se fosse saborear cada pedacinho de carne que tinha em meu corpo. Isso me fez engolir a seco, pensando se ele era algum tipo de canibal. Mas, ele parou em meus olhos.
— Você tem alguma energia estranha amaldiçoada em você. — ele proferiu essa palavras de forma calma, apesar de manter o seu tom arrogante. Visto que eu não havia compreendido o que disse, ele riu. — Você tem uma grande maldição em você.
— De matar os outros. — quando disse isso, pude notar o sorriso pequeno e debochado, aumentar para algo grandioso e interessado.
— Mas isso é maravilhoso.
— Um pouco. — respondi, agora dando um riso baixo debochado. Demonstrando que tava sendo meio irônica. Apesar de no fundo, tudo isso não parecer uma má ideia. De alguma forma, isso tudo nunca me incomodou também. Mas, me fazia pensar se pessoas se manteriam perto de mim; me acostumar com a solidão e o vazio, era apenas o que eu pensava ser o meu destino.
— É grandioso o poder que você possui. — se aproximou de mim em passos lentos, novamente me analisando, percebi que ele era apenas pouco centimetros mais alto que eu. — Gostaria de ver algo assim em ação. Olhe para essas pessoas no chão. Concorda que é uma cena gratificante, não?
Seu tom era suave, seduzente de alguma forma. Me fazia ter uma sensação de calmaria e de euforia, era algo esquisito. Olhei para os corpos já sem vida, apenas dei um sorriso. Me vi apenas imaginando o que sempre imaginava quando meu pai e aquele marido de merda, estavam me atormentando. Me pegar imaginando matando os dois era algo que me fazia rir, parecendo uma louca; era um desejo obscuro. O homem me olhou, parecendo ter gostado de minha reação.
— Pelo que vejo em seus olhos, você parece buscar vingança. Eu posso lhe oferecer isso, se me oferecer algo em troca.
— E o que seria esse negocio em troca? — encarei ele novamente, seus olhos brilhavam em maldade, pura sedução, desejo e crueldade. Conseguia ver perfeitamente o mau saindo dele.
— O poder que tem para despertar é grande. Fique comigo, tendo conhecimento de coisas inimaginaveis. Para obter a sua vingança da forma mais gloriosa e cruel possivel. Consigo ver em seus olhos uma sede por sangue, que não iria parar até encontrar aquela pessoa no inferno. — se aproximou tanto de mim, que tive a reação de recuar, o que fez ele rir de forma debochada e macabra. O sorriso que se aumentava no canto de seus labios de uma forma extremamente impiedosa.
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O Amor Destrói.
Romansa" Eu não precisava dele. Mas no fundo de meu ser, dizia para ficar ao seu lado. Isso de primeira me incomodou, mas o tempo que passava, fazia uma chama arder de forma imensa em mim. Eu não era a mocinha da historia, estava mais para vilã e era por i...