01: Em Chamas

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Julho de 2023

Iasriel oliveira

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Iasriel oliveira

— Caralho...

— Pois é, eu disse.

— Disse.

— Que puta lugar.

— Puta lugar? — Meus olhos encontram os de Jao e arqueio as sobrancelhas, dando um leve balançar no maxilar antes de segurar a cintura. — É a melhor boate que você já conheceu ou irá conhecer na sua vida.

— Foi o que eu quis dizer com o termo "puta", Iasriel.

— Ah... — Concordo, em vão, e desço os dois degraus, que estão ali apenas para derrubar os que estão bêbados demais, e avisto as escadas que levam ao terceiro andar. — Esse nome é melhor dito na cama.

— Como?

— Hum?

  Jao dá sua risadinha anasalada, sacana, mesmo sem entender meu comentário em francês; também sorrio e ergo o indicador para guiar uma direção. Ele irá ficar bravo, certamente. Yari Gabriel ficará muito bravo quando me vir desfilar por sua boate tão tarde da noite, na única intenção de mostrá-lo que, quando eu mando uma mensagem o chamando para pular minha janela e vir me ver, é realmente para vir.

O ar-condicionado resseca meus lábios, ao ponto que preciso umedecê-los com a língua. É difícil respirar só pelo nariz em um ambiente onde a fumaça de cigarro domina. Mesmo assim, digo que é variado demais. Desde o licor de cereja até a maconha pura, de tudo e mais um pouco, dá uma chacoalhada na sua lucidez para deixar girando depois; as cores oscilam em roxo ou vermelho, e pessoas movendo-se em penumbras — a não ser que esteja próximo o suficiente para descrever a roupa, ou até mesmo cor dos olhos — também roda sua cabeça.

A música é boa, tenho que admitir, aquele filho da puta miserável sempre teve um gosto excepcional. "Chicago", de Michael Jackson, me faz andar com mais atitude ainda ao balcão de bebidas. Ergo meu indicador, no qual sempre guardo o anel de minha mãe, dono de um tigre grande — ótimo para marcar alguém em um soco — e dourado. O moço de sorriso bonito se aproxima, aponto dois itens da lista de bebidas, e então, aguardo que seus braços fortes e a mostra preparem o coquetel.

— Quanto tempo até ele te achar? — Jao pergunta, recostado ao meu lado, enquanto presto atenção demais em seus cotovelos apoiados, num carmesim curvo.

Meus lábios abrem um único "o", cicio baixo arrastando a atenção nos seus cabelos ondulados que descem pela nuca, tocando a jaqueta de couro preta de mangas dobradas a partir do antebraço. Não peca na calça colada, muito menos coturnos.

Não sou lá de roupas curtas, mas hoje escolhi vir à boate com uma única blusa branca, junto de uma bermuda vinho que não vai até as coxas. A estampa horrorosa de um macaco fumando não é do meu feitio, mas, sim, dele, tinha que ser uma roupa do Yari para chamar ainda mais atenção.

Flamme - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora