capítulo 1

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Capítulo 1

Professor

Abro o olho encarando o teto cheio de influitrações, mais um dia vivo nesse inferno, vejo o sol nascer pela janelinha de grade no alto da minha cela.

Estou a sete anos trancado, me pegaram no aeroporto clandestino quando cheguei do Paraguai, pelo jeito estavam me investigando, e com a ajuda de um Rato infiltrado na segurança do aeroporto, me prenderam.

Na época fiquei muito puto com isso, eu queria ter o gostinho de matar o filho da puta com minhas próprias mãos, mas não pude.

Fui condenado a mais de trinta anos de prisão, carrego vários artigos nas costas e tantos que já nem me lembro mais, se pá.
Já cometi todos os tipos de crime que possa existir.
Se eu for nessa de cumprir tudo oque o sistema quer vou morrer aqui dentro.

Me levanto da cama sentindo minhas costas doer, esse concreto tá acabando comigo, vou no boi tomar um banho gelado, passo meu desodorante e visto um uniforme limpo, fui transferido para essa sela a cinco anos.

Eu já devia ter saído, mas com o homicídio que cometi aqui dentro, não deu para executar meu planos e ainda me rendeu uma sela solitária desde então vivo aqui sozinho.

Até prefiro asim porque não costumo lidar bem com as pessoas, ainda mais aqui dentro que não se pode confiar nem na própria mente.

Pego meu birico escondido dentro da privada e tiro as sacolas plástica enroladas nele, a primeira pessoa que ligo e Para o gorde, Meu segurança é braço direito.

Ligação

- Alguma novidade? - pergunto assim que ele atende.

- Bom dia pra nois Patrão, o Bagulhão disse que ia mandar na próxima visita

- fala me respondendo, isso eu já sei.

- Demoro agiliza tudo que logo eu tô na rua. - Falo com determinação.

- Muita fé Patrão, tamo no seu aguardo.
-Se despede e eu encerro a ligação.

Saio do boi e dou um conferida no labirinto, deito denovo e vejo as mensagens chegarem uma atrás da outra, minha vida aqui dentro se resume a isso.

Ligações e mensagens de texto, ordens atrás de ordens, mesmo trancado continuo comandando todo meu território lá fora.

Sou Narcotráfico importo e exporto Drogas pelo mundo, não só no Brasil onde todos os estados faccionados, compram droga somente comigo.

Mais também no exterior, México, Canadá, Chile entre outros países que estou expandindo, quero deixar minha minha facção conhecida em todo o mundo.

Paro de mexer no celular escutando o barulho de passos vindo do corredor, escondo o birico e me ajeito na cama, a porta do barraco está com a cortina abaixada, mas aqui dentro nossa audição fica aguçada.

Todos os dias se escuta choro, gritos, desespero e no meio de toda essa gritaria ainda tem os sussurros esses são os mais perigosos.

- Café da manhã Professor. - Grita o guarda, levanto num pulo e Amarro a cortina.

Pego a bandeija pelo vão da grade e olho para o pão duro, e um copo de leite puro quente, com fome que estou amasso tudo num tapa.

Porra, saudade de comer uma comida de verdade, melhor ainda se tiver o tempero da Dona Carmem, minha rainha, guerreira.
Me lembro a última a vez que a vi dois meses antes de ser preso, apesar de passar maior parte do tempo no exterior todo mês vinha visitar ela.

E foi vindo para mais uma dessas visitas que rodei, devolvo a bandeija pro guarda que sai recolhendo dos outros também.

Tento não pensar muito na minha vida lá fora, para não enlouquecer, eu amo a minha liberdade, sempre gostei de viver solto pelo mundo, cada dia em um lugar diferente.

Experimentando os prazeres da vida, vivendo na adrenalina, sem pensar no amanhã ou no porquê, se eu quero eu consigo, não importa a forma mais eu sempre consigo.

Uns dizem que sou inconsequente, mas não me vejo assim, já que tudo que faço é de caso pensado, essas pessoas não entendem que eu gosto de viver intensamente, e minha profissão permite isso.

Me recordo das inúmeras corridas clandestinas que ganhei em vários países, tô sentindo falta de emoção, adrenalina, por isso vou colocar fogo nesse presídio.

Ligo para meu sobrinho Kay, que está na frente da minha comunidade, minha Penha.

Onde nasci e fui criado, herdei do meu coroa e hoje cuido com maior carinho, mas não sou fã de viver em um lugar só, então deixei na mão do kay, porém para ele mexer em um palito lá dentro precisa da minha permissão.

Está é outra parada que me Amarro ter o controle de tudo, gosto da sensação de Posse, costumo ser até neurótico as vezes.

O kay atende no segundo toque.

Ligação

- Já fez o confere na carga? - Pergunto assim que ele atende.
- Sim senhor. - confirma.
- Vou te mandar por mensagem a quantidade por estado. - Falo e escuto o barulho alto da sirene.
- Demoro Tio.
- Não dá Mole Kayke, presta atenção no bagulho. - falo e escuto ele concorda.

Kayke e um menino bom, filho da meu finado irmão Isaías, único problema dele é se glorificar com o crime, gosta de ser o esperto, mas esquece que sempre tem um mais esperto que ele.

Desligo o celular e volto a enrolar ele na sacola novamente, escondo na privada e espero o guarda vim abrir minha sela.

Esse e o único horário que posso sair da sela, no banho de sol da manhã, o guarda me alguema antes de abrir a sela, procedimento padrão.
Quando cai aqui nem a banho de sol tinha direito, agora vou algemado, porque segundo o diretor eu sou uma ameaça constante a todos os presos.

Vou caminhando em direção ao pátio enquanto vou olhando de cela em cela pelo caminho, aqui dentro temos que manter os dois olhos bem abertos, porque o inimigo dorme ao lado.

O guarda abre o portão da gailola me dando acesso ao pátio, vejo alguns cara jogando bola, outros jogando baralho, uns na correria, mais cada qual no seu quadrado.

Me sento na última mesa de concreto no fundo do pátio, encosto minhas costas na parede e coloco as mãos algemadas em cima da mesa, daqui vejo tudo e todos, e oque não vejo os passarinhos me contam.

Olho para o Neguin dando sinal pedindo permissão para falar comigo, confirmo com um aceno e ele se aproxima se sentando na minha frente, e me passa um pedaço de maconha.

- Novidades Professor? - Pergunta baixo e olha para os lados conferindo.

- Quando tiver eu aviso. - Falo olhando sua pele negra e com tatuagens.

Tiro um cigarro da orelha e o bato de cabeça pra baixo na mesa, tenho que manter minhas mãos sempre ocupadas aqui dentro, senão acabo matando nego.

- Acende pra mim. - Mando entregando o cigarro a ele.

Podemos fumar aqui no Pátio, mas os esqueiros fica dependurado nas grandes, eu estou com o meu no bolso, mas tá ligado que o neguin gosta de andar, vejo ele voltando com o cigarro acesso e me entrega.

- Valeu neguin. - falo fumando. - Tamo junto.

- Só agradece Prof. - fala e vira as costas saindo.

Olho para todo o pátio a minha frente encostando novamente as costas na parede, acompanho cada movimento com o olhar, nada passa batido, nem formiga camuflada.
Logo vou estar bem longe desse inferno.

Paixão Avassaladora (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora