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Mais tarde, seguiram para a  rua da feira, onde a agitação diurna cedia espaço ao silêncio noturno. O crepúsculo tingia o céu com tons de laranja e roxo enquanto a dupla se movia pelas vielas da cidade. No local, agora tranquilo e deserto, Arturo notou a entrada de um beco estreito, repleto de sombras e monturos, estendendo-se para fora da visão.

— Deve ser aqui, Hawk. Vamos procurar algo fora do comum.

Confiante na perícia do mago, o velho assentiu. Dentro do beco, apenas a luz tênue de algumas lanternas distantes iluminava o caminho. Entre barris quebrados e outros detritos, havia um objeto plano, com bordas simétricas, apoiado contra a parede e coberto por um tecido grosso.

— Bastante suspeito, não acha? — Arturo sorriu para Hawk.

Juntos, removeram o tecido, revelando um quadro que retratava uma linda paisagem bucólica. Havia um encanto de ocultação, mas o feitiço de detecção de Arturo indicou a presença de uma fenda dimensional.

— Pelas barbas de Alkymor! — disse Arturo. — Estão mesmo espalhando essas armadilhas pela cidade.

— Não vamos perder tempo. — Hawk franziu a testa, examinando atentamente a imagem. — Quanto mais rápido terminarmos, melhor.

Arturo concordou e começou a recitar as palavras de dissipação. O feitiço se desdobrava com elegância, mas uma voz ressoou no beco escuro.

— O que estão fazendo aí?

Três sombras emergiram na entrada do beco. Eram mercenários humanos, silhuetas delineadas pela luz da rua, como espectros da  noite. Enquanto Arturo intensificava seus encantamentos, Hawk sacou uma de suas adagas, pronto para o combate.

— Pensam que podem salvar esta cidade de merda?

— O que é isso atrás de você? — disse Hawk, estendendo o braço, como se apontasse para um dos oponentes.

De repente, o mercenário tombou para trás com uma adaga cravada na testa. Os outros dois arregalaram os olhos, surpresos por não terem percebido o curso da lâmina. Imediatamente, fizeram menção de atacar.

— Então é isso? — Hawk mostrou as mãos vazias. — Vão mesmo investir contra um velho desarmado?

— Seu filho da puta! — berrou um deles, avançando com uma espada longa em mãos.

Num piscar de olhos, Hawk já segurava outra adaga. Bloqueou parcialmente o ataque, o som do aço contra o aço ecoando pelas paredes. Girou para o lado, acompanhando o movimento das faíscas. Subitamente, encostou suas costas nas costas do oponente, encarando o outro mercenário.

Quando ambos tentaram atacar ao mesmo tempo, Hawk se esquivou, permitindo que se atingissem mutuamente.

O portal, ainda pulsante, exigia a atenção imediata de Arturo. Com um último gesto, a fenda se foi, esvaneceu, sumiu. A rua da feira, agora silenciosa novamente, testemunhou a vitória momentânea dos heróis. Então, com a adrenalina da batalha diminuindo, Arturo e Hawk trocaram olhares sérios.

— Você está bem?

— Não muito. — Hawk respondeu, ofegante. — Acho que estou velho demais para isso.

Enquanto recuperava o fôlego, curvado, apoiando as mãos no joelhos, observou os três cadáveres no chão.

— Mas eles com certeza estão piores!

— Certamente.

Riram.

Riram

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