4. Da uva, o vinho.

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Wonwoo se sentia diferente.

Acordou naquele dia — uma bela sexta-feira — e se olhou no espelho. Usava apenas uma camisa larga branca e uma cueca preta, seus cabelos estavam bagunçados, e sua cara, inchada. No entanto, ele gostou do que viu. Sentiu-se bonito. Pensou que talvez fosse porque estava sem óculos, então seu reflexo estava meio embaçado e não conseguia enxergar com nitidez, mas, mesmo após colocar os óculos, continuou gostando do que via. Que estranho. Nem mesmo suas olheiras profundas o incomodaram. Wonwoo sorriu e foi se preparar para a escola.

Tomou um banho, escovou os dentes e colocou o uniforme. Penteou os cabelos e resolveu passar um lipbalm para hidratar seus lábios e dar uma corzinha a eles. Pegou sua mochila e desceu até a cozinha. Seus pais já estavam tomando café junto de seu irmão. Seu pai falava no telefone, irritado, e sua mãe mastigava seu arroz, alheia ao marido. Soobin digitava algo no celular apressadamente, o que não passou despercebido por Hyekyo.

— Pra quem você tá mandando mensagem tão intensamente, filho? — a mulher disse num tom de brincadeira. Soobin quase deixou o aparelho cair na sua tigela de kimchi.

— Ninguém, mãe — ele gaguejou, envergonhado. — Me deixa!

— Ah, meu pitoquinho já está ficando rebelde — Hyekyo choramingou, tocando o braço de Joohyun, que lhe servia um copo de suco. — Ele cresceu tão rápido, né, Joohyun?

— Rápido demais — a governanta concordou.

Soobin revirou os olhos e voltou a digitar em seu celular. Wonwoo sentou-se ao lado do pai e se serviu em silêncio.

— Vou te levar pra escola hoje, Wonwoo — o homem disse de repente, afastando-se do celular por um instante. — Já, já estamos saindo.

— Ah, ok — Wonwoo respondeu. Tratou de comer rapidamente e guardar a lancheira que Joohyun fez para ele.

Normalmente era sua mãe que o levava para escola, já que seu pai sempre tinha que chegar cedo no trabalho. Porém, em raras ocasiões, Haesoo conseguia dar uma carona para o filho, e Wonwoo gostava bastante. Ele adorava conversar com o pai. Menos quando o assunto era "faculdade", o que foi o caso dessa vez.

— E então — Haesoo sorriu para o filho. — Estudando muito para o CSAT?

Ugh, lá vem.

— Sim, pai, todo dia — Wonwoo respondeu, simpático.

— Confiante que vai passar na Yonsei?

— Talvez...

— E fazer administração que nem seu paizão aqui, né?

Wonwoo suspirou, apoiando a cabeça na janela do carro. Seu pai havia cursado administração na Universidade de Yonsei, uma das universidades mais prestigiadas de Seul, e sonhava que Wonwoo seguisse seus passos. O garoto até tinha vontade de estudar lá, mas jamais cursaria administração. Porém, não sabia como dizer isso ao seu pai.

— É... — sussurrou, sem graça. Haesoo soltou uma risada animada e segurou o ombro do filho.

— Você vai adorar lá, Wonwoo, um dia desses eu te levo pra uma visita!

O menino não conseguiu responder. Seu pai ficava tão animado quando Wonwoo concordava em fazer administração, como o garoto teria coragem de destruir a felicidade do pai? Wonwoo respirou fundo e tentou esquecer aquele assunto. Ao chegar na escola, sentou-se em sua cadeira de sempre, e esperou. Logo, sentiu um suave e adocicado cheiro de uva e seu coração bateu mais rápido. Wonwoo virou o rosto de uma vez para a porta da sala, mas sua boca azedou ao ver Mingyu acompanhado de Soonyoung. O mais baixo estava pendurado no braço alheio e ria de algo que o outro lhe dissera. Wonwoo estalou a língua e virou-se para frente, ignorando o casal maravilha. Seu corpo congelou ao ouvir um som tímido de beijo. Mingyu, então, se sentou atrás de Wonwoo.

✘ grapevine.Onde histórias criam vida. Descubra agora