Wonwoo se sentia diferente.
Acordou naquele dia — uma bela sexta-feira — e se olhou no espelho. Usava apenas uma camisa larga branca e uma cueca preta, seus cabelos estavam bagunçados, e sua cara, inchada. No entanto, ele gostou do que viu. Sentiu-se bonito. Pensou que talvez fosse porque estava sem óculos, então seu reflexo estava meio embaçado e não conseguia enxergar com nitidez, mas, mesmo após colocar os óculos, continuou gostando do que via. Que estranho. Nem mesmo suas olheiras profundas o incomodaram. Wonwoo sorriu e foi se preparar para a escola.
Tomou um banho, escovou os dentes e colocou o uniforme. Penteou os cabelos e resolveu passar um lipbalm para hidratar seus lábios e dar uma corzinha a eles. Pegou sua mochila e desceu até a cozinha. Seus pais já estavam tomando café junto de seu irmão. Seu pai falava no telefone, irritado, e sua mãe mastigava seu arroz, alheia ao marido. Soobin digitava algo no celular apressadamente, o que não passou despercebido por Hyekyo.
— Pra quem você tá mandando mensagem tão intensamente, filho? — a mulher disse num tom de brincadeira. Soobin quase deixou o aparelho cair na sua tigela de kimchi.
— Ninguém, mãe — ele gaguejou, envergonhado. — Me deixa!
— Ah, meu pitoquinho já está ficando rebelde — Hyekyo choramingou, tocando o braço de Joohyun, que lhe servia um copo de suco. — Ele cresceu tão rápido, né, Joohyun?
— Rápido demais — a governanta concordou.
Soobin revirou os olhos e voltou a digitar em seu celular. Wonwoo sentou-se ao lado do pai e se serviu em silêncio.
— Vou te levar pra escola hoje, Wonwoo — o homem disse de repente, afastando-se do celular por um instante. — Já, já estamos saindo.
— Ah, ok — Wonwoo respondeu. Tratou de comer rapidamente e guardar a lancheira que Joohyun fez para ele.
Normalmente era sua mãe que o levava para escola, já que seu pai sempre tinha que chegar cedo no trabalho. Porém, em raras ocasiões, Haesoo conseguia dar uma carona para o filho, e Wonwoo gostava bastante. Ele adorava conversar com o pai. Menos quando o assunto era "faculdade", o que foi o caso dessa vez.
— E então — Haesoo sorriu para o filho. — Estudando muito para o CSAT?
Ugh, lá vem.
— Sim, pai, todo dia — Wonwoo respondeu, simpático.
— Confiante que vai passar na Yonsei?
— Talvez...
— E fazer administração que nem seu paizão aqui, né?
Wonwoo suspirou, apoiando a cabeça na janela do carro. Seu pai havia cursado administração na Universidade de Yonsei, uma das universidades mais prestigiadas de Seul, e sonhava que Wonwoo seguisse seus passos. O garoto até tinha vontade de estudar lá, mas jamais cursaria administração. Porém, não sabia como dizer isso ao seu pai.
— É... — sussurrou, sem graça. Haesoo soltou uma risada animada e segurou o ombro do filho.
— Você vai adorar lá, Wonwoo, um dia desses eu te levo pra uma visita!
O menino não conseguiu responder. Seu pai ficava tão animado quando Wonwoo concordava em fazer administração, como o garoto teria coragem de destruir a felicidade do pai? Wonwoo respirou fundo e tentou esquecer aquele assunto. Ao chegar na escola, sentou-se em sua cadeira de sempre, e esperou. Logo, sentiu um suave e adocicado cheiro de uva e seu coração bateu mais rápido. Wonwoo virou o rosto de uma vez para a porta da sala, mas sua boca azedou ao ver Mingyu acompanhado de Soonyoung. O mais baixo estava pendurado no braço alheio e ria de algo que o outro lhe dissera. Wonwoo estalou a língua e virou-se para frente, ignorando o casal maravilha. Seu corpo congelou ao ouvir um som tímido de beijo. Mingyu, então, se sentou atrás de Wonwoo.
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✘ grapevine.
أدب الهواة[ meanie | highschool!au ] onde mingyu tinha cheiro de uva e isso deixava wonwoo enjoado. © svtmol, 2023.