✘ grapevine.

6. Espinhos sobre as vinhas.

Wonwoo se olhava no espelho pela milésima vez.

É domingo e tinha combinado de sair com Mingyu, os dois iriam à praça perto de sua casa. Normalmente o moreno não demorava tanto para se arrumar, mas sempre acabava extrapolando em tudo quando Mingyu estava na jogada. A esse ponto, Wonwoo não sentia vergonha em admitir que Mingyu tinha uma grande influência em tudo que fazia. O moreno gostava dele, queria impressioná-lo, queria que ele ficasse ainda mais obcecado por si. Wonwoo arrumou o cabelo e observou sua roupa mais uma vez.

O garoto usava uma camisa branca com uma estampa do Meowth, de Pokémon, um short cargo bege, e tênis. Arrumou o óculos no rosto e passou mais um tiquinho de perfume. Ok, perfeito. Olhou o relógio e percebeu que ainda faltava uma hora para o encontro. Normal, estava tão ansioso que quase nem almoçou direito. Deitou na cama e abraçou Pina. Deixou a mente divagar. A apresentação de sexta foi bem tensa, Soonyoung mal olhava para Mingyu, e Jihoon parecia mais travado do que de costume. Mingyu, entretanto, estava tranquilo e sorridente, como se toda aquela situação não o incomodasse. É assim a vida de alguém sem ansiedade? Que paz.

Ainda assim, Wonwoo se sentia um pouco mal por Soonyoung. O amigo realmente gostava de Mingyu. O castanho não deveria ter orquestrado aquele plano todo só para conquistar Wonwoo. No fim, magoou um inocente e quase perdeu quem ele realmente queria. Oof, que situação complicada. Wonwoo pensava se deveria contar para Soonyoung sobre seu relacionamento com Mingyu. Porém... qual era o relacionamento dos dois? Wonwoo não fazia ideia. Ao mesmo tempo que gostaria de tocar no assunto, preferia evitar confusões ou possíveis conflitos. Estava tudo tão bom, tão tranquilo. O moreno não queria perturbar aquela paz.

Sem contar que, seja qual for o rótulo da relação dos dois, Wonwoo adorava o que tinha com Mingyu. Era como se Mingyu soubesse tudo que Wonwoo gostava, tudo o que ele queria. Mingyu se encaixou em Wonwoo como uma peça de quebra-cabeça. O moreno sorria sozinho toda vez que pensava nisso. Era quase místico.

Ouviu batidas na porta, interrompendo seus devaneios, e Soobin entrou em seu quarto logo em seguida. O mais novo ainda vestia seu pijama, mesmo sendo quase 15:00 da tarde. Ele se jogou na cama de Wonwoo e suspirou alto.

— Acho que eu gosto do Yeonjun.

Wonwoo quase deu uma cambalhota com o susto.

— O quê?

— Isso mesmo que você ouviu. — Soobin fez uma careta. — Não precisa gritar, credo.

— Óbvio que eu preciso gritar, você acabou de soltar uma bomba na minha cabeça uns minutos antes do meu encontro! — Wonwoo agarrou o braço do irmão e chacoalhou. — Desde quando você está se sentindo assim?

— Solta meu braço, maluco — Soobin resmungou e se encolheu. — Faz alguns meses... Eu estava confuso, sabe? Ficava pensando, e se o que eu estou sentindo não são sentimentos românticos? E se ele for só um bom amigo? Doideira...

— E por que você não veio falar comigo?

Soobin se encolheu mais ainda.

— Não sei.

Wonwoo suspirou e afagou as costas do mais novo.

— No começo é assim mesmo, Bin. Você tenta negar ao máximo, mas não dá pra fingir ser o que não é.

— Mas eu não sei o que eu sou! — Soobin choramingou.

— Só há um jeito de saber. — Wonwoo levantou  dedo indicador. — Não tenha medo de tentar, Bin. O não você já tem.

— E se o Yeonjun ficar estranho comigo depois? — Soobin torceu a boca, nervoso. — Não quero perdê-lo.

Wonwoo não soube o que responder. Já esteve no lugar de Soobin, quando gostava de Soonyoung. Tinha medo de declarar seus sentimentos para o amigo e levar um fora, acabando por destruir a amizade dos dois. É uma situação realmente complicada, e Wonwoo não tinha mais nada além de sua própria experiência — o que não era muita coisa.