Capitulo 03.

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Bato a porta do carro, jogando a mochila no banco do carona e passo a mão no cabelo, tentando dissipar um pouco da raiva que domina cada célula do meu corpo

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Bato a porta do carro, jogando a mochila no banco do carona e passo a mão no cabelo, tentando dissipar um pouco da raiva que domina cada célula do meu corpo. Fecho meus olhos encostando a cabeça no apoio do banco e tento acalmar minha respiração depois de mais uma discussão com meu pai.

Se é que eu posso chamar ele de pai.

Uma batida leve na janela do carro me tira da névoa de raiva e me ajeito no banco, ligando o motor do veículo, apenas para abrir o vidro ao meu lado e encontrar o olhar preocupado da minha mãe em mim.

— Você vai pra casa Yuri? - Ela pergunta estendendo a mão e acariciando meu rosto, me deixando um pouco mais calmo com seu toque materno.

— Vou, mas volto a noite pra jantar com a senhora. - Falo em um tom baixo e seguro a mão dela, para em seguida beijar a palma macia.

— Vou fazer aquelas almôndegas que você ama. - Dona Miriam sorri em meio a um suspiro cansado e se inclina mais para baixo quando me aproximo oferecendo a testa para um beijo, que logo recebo. - Vai com Deus filho.

— Para de adular esse moleque Miriam, por isso ele tá assim, achando que pode fazer o que quiser da vida e andando com esses bandidos. - A voz do meu pai soa alta e grossa atrás da minha mãe e no mesmo instante ela fecha os olhos, respirando fundo.

— Só mais alguns meses mãe, eu prometo. - Murmuro pra ela e aperto sua mão com carinho, antes de me afastar e encontrar o olhar do meu genitor em nós, sério, bruto e violento. Eu odeio esse verme.

— Amo você, filho. - Ela murmura, sorrindo de leve e aperta de volta minha mão, para então me soltar e caminhar até o homem que infelizmente chama de marido.

Volto a subir o vidro do carro ainda olhando para o casal mais velho e sinto meu peito se contorcer de dor quando minha mãe estremece ouvindo algo que meu pai fala em seu ouvido. Certeza que a repreende por apenas ser uma boa mãe.

Passo a mão no cabelo, jogando a franja pra trás e com um último suspiro pesado deixando meus lábios, saio da vaga de garagem de casa e acelero pela rua do condomínio, enquanto passo o cinto de segurança pelo corpo.

Tento a todo custo não pensar nos últimos insultos do meu pai pra cima de mim, tento a todo custo jogar toda aquela confusão pro fundo da mente, mas quanto mais eu tento, mais eu lembro.

O caminho até a casa do meu melhor amigo é rápido, já que moro próximo a ele e assim que estaciono em frente a fachada alta, o portão pequeno se abre e ele sai. Yuri não precisa dizer nada, ele sabe de cada merda que eu passo e é meu maior incentivador pra que eu lute pra mudar de vida, não só minha, mas também da minha mãe.

Saio do carro com a mochila em mãos e travo o veículo, antes de me aproximar do cara que chamo de irmão e o cumprimentar com um aperta de mãos. Ele me leva pra dentro da casa dele e logo estou sendo esmagado por uma baixinha maluca, em um abraço apertado.

Inesperadamente Minha DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora