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Chegamos em casa, deixamos as coisas na cozinha e fomos para meu quarto.

— E agora? Vai me explicar o porquê você ficou estranha do nada? - Blake cruzou os braços e se sentou na cama.

— É, complicado... - falei, nervosa.

— Ok, relaxa. Você sabe muito bem que pode confiar em mim. - a mesma me tranquilizou.

— Sabe quando eu cheguei na escola, com o braço quebrado e eu disse que caí da escada? Então, isso foi mentira. Na verdade, eu havia sofrido um acidente de carro e acabei entrando em um coma. - desabafei tudo de uma vez.

— Ah, meu Deus... - a loira me olhou com uma cara de preocupação.

— Quando eu acordei do coma, minha mãe falou que minha melhor amiga de infância, que estava comigo no acidente, havia falecido. Meu mundo desabou, eu não sabia como reagir. Eu chorei, eu chorei muito, eu chorei por dias e noites inteiras, sem parar. Então, eu implorei para minha mãe para nós mudarmos para outro lugar, onde eu não precisasse conviver com as pessoas que eu convivia e não lembrar dessa minha melhor amiga. - desabafei.

— Eu encerrei ciclos de amizades, mudei de cidade, mudei meu cabelo, meu estilo em geral, EU mudei. Me tornei uma pessoa diferente de quem eu era, porque eu era uma idiota do caralho. Eu era apaixonada pelo meu melhor amigo, mas eu tinha medo de estragar a amizade, então eu ficava puta quando ele tava com outras garotas, fazia birra e praticamente terminei minha amizade com ele, pra no final, ele sentir o mesmo. Ele disse que me amava, e eu não disse nada de volta. - continuei.

— No final, eu só estava perdendo ele. Eu fui idiota, imatura e irresponsável com os meus sentimentos e com os sentimentos dele, e eu tenho consciência disso. Mas não dá pra voltar atrás, e eu também não preciso. Afinal, já fazem dois anos. - conclui.

— Nossa. - foi só o que ela conseguiu falar, já que estava em choque demais para dizer qualquer outra coisa.

— É, essa também seria minha reação.

— E você não chora ou fica triste por causa de tudo isso? - ela falou um pouco supresa.

— Eu não preciso chorar pra saber que fiz muita merda na vida, e choro não resolve porra nenhuma. - fechei a cara e me joguei na cama.

— E você, sei lá, pretende reencontrar seus antigos amigos aqui? - perguntou curiosa.

— Eu já encontrei, lá no mercadinho. Aquela ruiva, ela era minha amiga. - falo estalando os dedos.

— Mas sinceramente, eu não pretendo encontrar ninguém do meu passado aqui. - conclui a frase.

— Ah, tudo bem então. Se isso vai fazer bem para você. - Blake falou.

— Blake, você pode sair um pouco? Preciso ficar sozinha agora. - falo, me levantando.

— Claro, tudo bem. Se precisar de alguma coisa, pode me chamar. - ela sorriu gentilmente antes de fechar a porta do quarto ao sair.

Rapidamente tranco a porta do quarto e tiro minha jaqueta preta de couro. Vou até a minha bolsa e tiro um estilete de dentro dela.

Me sento em minha cama, e começo a me cortar, como maneira de alívio. E só parei quando tinha sangue o suficiente para cobrir meus braços.

Eles doíam, mas a dor da perda e da saudade que eu tinha dos meus amigos, era maior.

Vou até a pia do banheiro e lavo meus braços, faço um curativo e coloco minha jaqueta novamente, me deitando na cama.

Eu queria chorar, mas não tinha lágrimas. Eu queria gritar, mas não tinha fôlego. Eu queria dormir, mas não tinha sono. Então fiquei ali, parada, olhando para o teto.

Anti-Hero | Mason Thames.Onde histórias criam vida. Descubra agora