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Ludmilla on

Assim que chegamos em casa Richard reuniu todos os seus funcionários na sala de reunião.

Ele não disse do que se tratava, mas imagino que seja algo relacionado a sua filha.

- Estão todos aqui? - ele diz entrando na sala com seu copo de whisky e parando ao meu lado.

Concordei com a cabeça e ele tomou a frente da reunião.

- Como todos vocês já devem saber, a minha filha está em casa novamente, e para aqueles que são novos por aqui, que fique bem claro que eu não tolero nenhum tipo de gracinha com ela, estão entendidos? - ele diz rígido.

Os funcionários que antes pareciam descontraídos agora estão sérios.

- Continuem fazendo o trabalho de vocês normalmente até que eu ou a Ludmilla mude algo. No mais, podem ir. - ele diz e dá as costas para eles indo a mesa pegar outra dose.

- Ludmilla, você vem comigo. - ele aponta pra mim e caminha até o seu escritório.

Ele se sentou na sua poltrona pegando outra dose e servindo uma pra mim.

Pelo visto a noite vai ser longa pra ele.

Bebi a dose me sentando na cadeira a sua frente.

- E o carregamento? Tem notícias? - ele pergunta.

- Já foi entregue. - respondi.

- Ótimo. E os demais negócios? Fez tudo como pedi? - ele pergunta novamente.

- Já contatei todos os clientes e avisei os novos prazos. Incluí também uns kg a mais como desculpa pelo contratempo. - respondo e ele suspira aliviado.

- Realmente, você aprendeu direitinho. - ele diz dando uma risada e servindo outra dose.

Ele caminhou até o meu lado e me entregou o copo.

- Já estão falando? - ele pergunta mudando o assunto.

- O que você acha? - pergunto dando um gole na bebida. - Você tem uma bela filha.

- Ela está tão linda, e muito parecida com a mãe. - ele diz parecendo viajar entre suas palavras.

- Você não vai tentar conversar com ela? - pergunto.

- Não sei se é uma boa ideia. Da última vez não deu certo. - ele diz se levantando e voltando pro seu lugar.

- Olha, amanhã a sua mãe volta pra casa, ainda tem o Lucca no meio disso tudo. Se ela ficar aqui, vocês vão ter que achar uma forma de se resolver. - digo com cautela.

- Você tem razão. - ele responde concordando.

Passamos mais alguns minutos, até horas ali conversando e bebendo. Apesar de ser meu patrão, Richard sempre me tratou como uma filha.

Muito provavelmente isso se deve pelo fato de que meu pai trabalhava pra ele e ele me conhecia desde pequena.

Durante esses anos vez ou outra que os dias eram difíceis fazíamos esse ritual de beber e conversar aleatoriamente sobre a vida, e hoje não foi diferente.

- Eu vou subir pra descansar. - ele diz dando uma pausa. - e espero que você não invente de ir pro seu apartamento depois de todo esse whisky.

- Pode ficar tranquilo que daqui eu só vou pro meu quarto. - respondi dando risada.

- É bom mesmo. - diz embolado pela bebida.

Ele subiu as escadas sumindo da minha vista e só então percebi que já estava de madrugada, pois não tinha uma alma viva pela casa.

Hoje vai ser um daqueles dias difíceis de dormir, já que eu bebi e não posso tomar meus remédios. Então terei que recorrer as minhas ervas naturais.

Saí indo em direção a parte de trás da casa onde fica a área de lazer e permaneci alí até terminar de fumar.

Caminhei até a casa novamente e senti minha barriga roncar de fome, a bendita da larica.

Decidi ir até a cozinha e de longe vi uma luz iluminando o local.

Uma hora dessas? Só pode ser o Richard.

- Richard? - perguntei entrando na cozinha.

E só então vi que era a filha dele, que acabou tomando um grande susto.

- Que susto! - gritou colocando a mão no peito.

Soltei uma risada involuntária com a cena.

- Perdão, achei que era o Richard. - digo me recompondo.

- Tudo bem, acontece. - ela diz dando um sorriso envergonhado e voltando a preparar sua comida.

Um clima estranho se instalou pelo ambiente depois da sua fala então decidi subir para o meu quarto e tentar dormir.

Me virei para sair da cozinha até que escuto ela dizer algo.

– É Ludmilla, né? Seu nome. – ela pergunta.

– Ludmilla Oliveira, mas pode me chamar de Lud. – respondi me virando pra ela.

– Acho que você já sabe quem sou não é?! – ela diz dessa vez olhando pra mim.

Concordei com a cabeça.

– Então, você e o meu pai...

– Trabalhamos juntos. – respondi antes que ela terminasse sua frase. – Na verdade eu trabalho pra ele.

– Ah sim... – ela responde concordando com a cabeça. – Achei que vocês eram um casal.

– Não! Jamais! O Richard é como se fosse um pai pra mim. – respondi negando veemente.

– Humm, entendi. – ela responde parecendo pensar em algo enquanto anda até mim. – De qualquer forma, é um prazer te conhecer. Agora vou indo pro meu quarto, boa noite!

Diz e logo em seguida sai da cozinha.





EQUILÍBRIO - BrumillaOnde histórias criam vida. Descubra agora