Desligo o chuveiro, torço o cabelo para tirar um pouco da água, me enrolo na toalha e encaro meu reflexo no espelho. Por que me sinto culpada por tomar essa atitude?
É porque me acolheram no meu momento mais difícil e agora vou dá uma facada nas costas de cada um. É como se eu tivesse sendo ingrata mas também independente do que fizeram por mim, eu preciso fazer isso, é o certo. É a minha vida. Limpo as lágrimas do meu rosto. Meu celular toca e me apresso para ir atender. É Marcela.— Já está saindo? - Pergunta.
— Não.. eu não sei se devo fazer isso, eu posso tentar conversar com ele e resolver de maneira amigável. - Sento na cama.
— Diana, pare com isso. Uma semana já enrolando pra não ir e amigável meu ovo. Você vai lá no prédio onde eu trabalho falar com Heitor, já até avisei a ele que uma amiga iria ir lá e ele está aguardando. - Diz.
— Tá bom. - Desligo a chamada.
Visto uma calça jeans, uma blusa branca, faço um rabo de cavalo no cabelo e pego a bolsa. Respiro fundo e saio de casa. São sete da noite, chamo um uber para chegar lá mais rápido. Espero na esquina o carro chegar, demora alguns minutos e ele aparece.
— Boa noite. - Digo ao entrar no carro. O motorista responde.
Compartilho a corrida com Marcela e aguardo o celular na bolsa. O trajeto até o prédio onde Marcela trabalha foi um pouco turbulento, vi uma briga de trânsito, o que causou um engarrafamento e demorou uns minutos para normalizar.
Pago a corrida, saio do carro e entro no prédio. Pergunto a moça na recepção qual o andar do escritório de Heitor, ela me informa e sigo para o elevador.
Após sair do elevador, caminho pelo enorme corredor até o escritório dele. Bato na porta e aguardo.
— Olá, boa noite. Pode entrar, é a amiga da Marcela, certo? - Pergunta.
— Sim, me chamo Diana Lima. - Digo ao entrar no escritório.
— Certo, sente-se por favor. O que lhe trás aqui. - Pergunta, sentando na cadeira atrás de uma grande mesa com um computador e alguns papéis espalhados nela.
— Eu quero meu filho, eles tomaram ele de mim, ele é a minha vida. - As lágrimas correm meu rosto.
— Ei, eu vou lhe ajudar. Mas me conta o que aconteceu, preciso saber o que houve e assim posso tomar providências para te ajudar. - Diz. Ele levanta, pega um copo de água e me entrega.
— Eu sou do interior da Bahia, vim para São Paulo em busca de um emprego melhor e viver aqui com meu filho. Tenho um filho de um ano, o pai o abandonou e os pais deles me acolheram. Depois de um tempo, decidi vim para São Paulo, conversei com eles que assim que eu conseguisse um emprego, que o meu ex cunhado iria trazer meu filho para mim. O que não aconteceu. No dia marcado, liguei várias vezes e nada. Depois recebi a ligação da minha ex sogra, falando que meu filho ia ficar com ela, que eu provavelmente estava me prostituindo aqui e que ela ia da um futuro melhor para ele. - Bebo um pouco d'água. Heitor me encara atentamente, com um olhar preocupado. Pego o celular, coloco a foto que minha ex sogra mandou e mostro a ele.
— Semana passada foi o aniversário dele de um aninho. - Limpo as lágrimas que escorrem feito um cachoeira em meu rosto. Heitor pega meu celular, encarando a foto, pensativo.
— Eu passei esses dias ligando para ela e nada dela atender. Mandei mensagens para ela e nada também. Eu quero meu filho, ele é minha vida. - Digo. Heitor me devolve o celular.
— Não se preocupe Diana, farei o possível e o impossível para lhe ajudar. Vou contatar um amigo, informar sobre essa situação e tomar as medidas necessárias. Vai ficar tudo bem, vamos conseguir trazer seu filho. - Diz.
— Obrigada. - Digo, levantando da cadeira e indo para porta.
— Diana! - Heitor me chama.
— Oi? - Viro, o encarando.
— Vai de ônibus? Motorista de aplicativo? - Pergunta.
— A segunda opção. - Respondo.
— Está ficando tarde, aqui é muito perigoso e é mais difícil deles aceitarem a corrida. Sei que a gente não se conhece direito mas posso lhe deixar próxima de casa. - Heitor olha para o relógio em seu pulso esquerdo, seu celular toca, ele olha o visor só celular, desliga e põe no bolso.
— Tudo bem. - Falo um pouco receosa. Ele percebe e pega o celular.
Após alguns segundos, escuto uma voz conhecida no viva-voz. Marcela.
— Boa noite, desculpe o horário. É para sua amiga se sentir um pouco mais confortável, vou levá-la em casa por conta do horário. - Heitor sorri, enquanto caminha em minha direção, ele abre a porta.
— Acho bom levar ela em segurança ou amanhã jogo o lixo todinho do prédio no seu escritório. - Ele rir ao ouvir. Dou risada, caminhamos até o elevador, ele aciona o botão.
— Pode deixar, vou levá-la em segurança. - Ele responde, ainda sorrindo.
Enquanto esperamos o elevador, Marcela continua falando, perguntando como foi meu dia no trabalho. Respondo que foi tranquilo.
Ao chegarmos ao térreo, Heitor abre a porta do carro para mim e me ajuda a entrar. Ele entra no carro e dá partida, dirigindo com cuidado pelas ruas vazias. Durante o trajeto, conversamos sobre coisas aleatórias, ele é bem simpático e me deixa mais tranquila. Logo, chegamos na rua onde moro.
— Chegamos. - Aviso. Ele encosta, parando o carro.
— Muito obrigada, Heitor. Foi muito gentil da sua parte. - Agradeço, tocando levemente em seu braço.
— De nada, Diana. Foi um prazer te ajudar. - Ele sorri, fazendo-me sentir confortável.
Desço do carro e aceno para ele, vendo-o partir. Subo as escadas, ainda pensando na gentileza de Heitor. Ele mal me conhece e já se mostrou tão prestativo.
Entro em casa, mando uma mensagem agradecendo Marcela por ter ficado na ligação e pela preocupação também. Vou para o banheiro, tomar um banho rápido, comer alguma coisa e ir dormir. Porque amanhã é outro dia e ainda pego no batente.
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Destiny of Love
Romansa"Tem anjos entre nós.." Com uma história de vida turbulenta, Diana, uma jovem de apenas dezoito anos, vai para a grande São Paulo em busca de uma vida melhor. Buscando sua estabilidade, Diana luta para superar as dificuldades que a vida lhe impõe...