Capítulo 2 - Mágoas do passado

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Os delicados raios de sol penetravam pelas frestas da persiana branca da janela, acariciando suavemente o rosto de Ethan. Suas sobrancelhas se contraíram, e seus olhos ainda cerrados tremulavam, tentando vencer o sono com resistência, como se estivessem colados.

Levou a mão ao rosto, buscando bloquear o feixe de luz, gradualmente aclimatando-se à súbita luminosidade. Em questão de segundos, contemplou o teto do beliche.

Erguendo-se da cama, ajustou seu corpo, que parecia pesado. Seus olhos percorreram rapidamente o ambiente, capturando a visão de seus companheiros dormindo, mergulhados em um sono profundo.

- Que horas são? - Indagou a si mesmo, direcionando-se à pequena cômoda bege ao seu lado. O horário, piscando em vermelho no relógio digital sobre a cômoda, indicava 06:19 da manhã. Já desperto e sem perspectivas de retorno ao sono, ergueu o lençol fino recebido no dia anterior e saltou da cama em um único movimento, sentindo imediatamente o chão gélido do quarto.
Desprovido de calçados, Ethan dirigiu-se à janela. Com cuidado, utilizou as pontas dos dedos para abrir a persiana apenas o suficiente e espreitar o cenário do lado de fora. O que se revelou diante de seus olhos era algo que há muito não contemplava: uma cidade grandiosa, contudo, fragilizada em diversos aspectos.

A atmosfera da Terra, saturada pela poluição secular, tornara-se irrespirável

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A atmosfera da Terra, saturada pela poluição secular, tornara-se irrespirável. A busca incansável por planetas para terraformação levou muitos a aventuras espaciais, mas para os que optaram por permanecer, a realidade consistia em viver sob enormes domos que abrigavam cidades. Essas localidades ficaram conhecidas como "cúpulas" e eram identificadas por sua numeração.

Nessas cúpulas, a divisão era evidente. A porção superior, denominada "Áurea", exibia grandes edificios, veículos luxuosos e um estilo de vida elevado. Enquanto isso, a parte inferior, conhecida como "Vale", era marcada por uma população carente, fome, criminalidade e desespero. Um muro separador cortava a cidade ao meio, uma lembrança diária de que a prevalência dos ricos estava acima de todas as demais realidades.

Determinado a iniciar o dia, Ethan fez seu caminho até o banheiro compartilhado, onde o som suave da água corrente o envolveu enquanto realizava sua higiene matinal. Essa
rotina diária, agora transformada em um ritual familiar, tornou-se uma preparação indispensável para os desafios iminentes que aguardavam do lado de fora. Após a rotina matinal, Ethan deixou o banheiro compartilhado e retornou ao dormitório para vestir o
uniforme militar padrão. O tecido áspero contra sua pele era uma recordação constante de sua dedicação ao serviço.

Enquanto se vestia, observou atentamente seus companheiros de esquadrão envolvendo-se em uma discussão.

De braços cruzados, Isaac confrontava Zoe:

- Não acho que devemos gastar tanto tempo nos motores. Precisamos reforçar o casco primeiro - argumentou Isaac.

Zoe, mantendo sua habitual dose de sarcasmo, respondeu: - Ah, claro, porque o casco é a única coisa entre nós e o vazio do espaço. Vamos apenas ignorar os motores e torcer para que possamos flutuar sem rumo por aí.

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