O alarme vermelho piscava na cabine. As sirenes ecoavam em seguida de um estrondo ensurdecedor, como se os ouvidos ainda sangrassem de uma explosão. Com a visão nublada, ele olhava sem compreender para os lados, tentando distinguir as figuras que estavam diante dele, sem sucesso. Eram como sombras enigmáticas que o sacudiam sem cessar. Ele não sabia quem ou o que eram, ainda estava atordoado com o que estava acontecendo, com uma dor de cabeça insuportável. Com um murmúrio tentou falar, mas estava muito grogue.
— Ethan! – Gritou uma das formas, que pela estatura baixa e cabelos vermelhos, parecia ser Maria.
— Ele tá roxo e a pele dele tá encharcada! – Bradou a outra, que pela voz Ethan reconheceu como Zoe. — Que merda tá acontecendo, Maria!?
A ruiva se recompôs, sabia que aquilo era sua missão e não podia falhar ali:
— Primeiro, vamos tirar a sonda nasoenteral. Me arruma umas luvas, soro fisiológico, gaze, tudo o que você encontrar no carrinho! – ela ordena apontando para um dos seus carrinhos de remédios derrubados no chão.
Zoe correu até ele, pegou tudo o que pôde e voltou até Maria, colocando tudo em uma bandeja amassada ao seu lado.
Maria calçou suas luvas. Com um pouco de soro fisiológico sobre a gaze, passou delicadamente na fita sobre o nariz de Ethan, que segurava o tubo, soltando ela rapidamente. Em seguida, posicionou outra gaze com a mão esquerda sobre o nariz, tocando e ajustando o tubo, e com a mão direita puxou em um movimento suave e rápido a sonda para trás, tirando ela totalmente.— Pronto. – Maria suspirando aliviada diz, examinando minuciosamente Ethan – Zoe, preciso de um esfigmo.
— Aquele negócio de medir pressão?
— Sim, de aferir.
— Beleza, mas preciso de um tempo. – Zoe diz, olhando para a cena em sua frente. – Isso vai dar um trabalhão.
O ambiente ao redor estava totalmente devastado. Fios se mexiam entre os cacos da nave gerando faíscas violentas, vidros estilhaçados, objetos de uso cotidiano no chão, várias câmaras de hipersono estavam abertas, algumas delas com sangue ou algum corpo totalmente carbonizado, pulando para fora. Aqueles que não estavam gravemente feridos, tentavam levar outros para algum lugar seguro mas era difícil tendo em vista que a nave agora estava inclinada para baixo, a um passo de cair de um abismo.
— Alteração do nível de consciência, cianose nas extremidades, pulso filiforme, sudorese, taquipneia... – Maria murmurava para si mesma. – Onde está o esfigmo!?
— Eu não sei, tô procurando! – Zoe responde do outro lado da sala.
— Anda mais rápido, então! – Maria grita, apertando as pontas dos dedos de Ethan e olhando para seu relógio de bolso – tempo de enchimento capilar, 5 segundos.
— Aqui! Achei. – Ela entrega o esfigmomanômetro para Maria, que afere a pressão de Ethan imediatamente.
— Meu Deus... – sussurrou para si mesma.
Zoe estava atordoada, seus ouvidos zuniam pela explosão do impacto. Ela estava totalmente paralisada, olhando para os lados e vendo a situação em que se encontravam.
Um grito de Maria é o suficiente para fazê-la voltar à realidade momentaneamente, ela estava zonza mas não deixaria isso a impedir.— O que foi!? – Perguntou apressadamente, notando Maria se jogando ao chão à procura de algo.
— Não, não, não! – A ruiva grita novamente – ele chocou!
— E o que diabos é isso!? – Gritou confusa – Que merda é chocar, mulher!? Eu não sou medica não!
— Choque hipovolêmico hemorrágico, Zoe! – Gritou sem paciência apontando para a perna de Ethan virada para o lado, onde podia-se ver muito sangue jorrando. Uma parte das barras de sustentação da câmara haviam perfurado a sua perna direita. – Meu Deus, eu não posso tratar isso aqui! É impossível, todos os equipamentos foram destruídos na colisão!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Estrelas do Abismo: O despertar
Science FictionEm um futuro utópico, o Sargento Ethan Carter lidera uma equipe em uma missão de resgate a uma colônia mineira em um remoto planeta de mineração. À medida que exploram as entranhas da terra em busca dos desaparecidos, deparam-se com mais do que apen...