𝐆𝐎𝐎𝐃 𝐍𝐈𝐆𝐇𝐓 ;; 𝐋𝐄𝐄 𝐌𝐈𝐍𝐇𝐎

، 🍣 : T2 . | 四十七

Quinta-feira, 24 de Dezembro de 2020, 22h30

A magia do Natal é algo que facilmente deixaria até o homem mais ranzinza do mundo com um sorriso no rosto. As luzes, os enfeites, os doces e as comemorações aonde quer que vá, fazem juz ao que dizem sobre ser uma época mágica. A esperança é o que mais preenche os corações, seguida da expectativa para um novo ano, um recomeço.

Tudo foi esquecido naquela noite.

Não haveria magia que fizesse aquele hospital em Seul parecer um lugar tranquilo a partir do momento em que a ambulância parou em frente à recepção. Paramédicos desceram carregando o corpo quase desfalecido de um jovem estrangeiro. Os amigos que o acompanhavam foram barrados logo na sala de espera. Viram médicos e enfermeiros o socorrendo enquanto corriam por um imenso corredor, até desaparecerem de vista numa das infinitas portas do hospital.

As luzes da sala de cirurgia se acenderam e, não muito longe dali, o caos se instalou também na pequena lanchonete colorida e repleta de flores que combinavam com os enfeites de Natal. Policiais cercaram o local do crime enquanto ajudavam fileiras de carros a fazerem um desvio para que pudessem dar início a uma investigação. Por mais óbvio que parecesse ter sido um acidente de trânsito comum, a denúncia que receberam mais cedo finalmente havia sido levada a sério. Não foi um acidente qualquer.

Com uma cirurgia e investigação em andamento, e uma porção de telefonemas não atendidos, deixando qualquer um que fosse, ainda mais preocupado, aquele era só o início de uma noite nada mágica de Natal.

∽∽

Akami tentava digitar os números no celular, mas suas mãos ainda tremiam. O relógio na parede da sala de espera marcava cerca de vinte minutos desde que chegaram ao hospital e Changbin foi levado por uma das enfermeiras para cuidar dos seus ferimentos. Ele tinha apenas alguns cortes com cacos de vidro; não chegava nem perto do estado em que Félix fora encontrado, mas suas roupas ainda estavam com manchas de sangue do garoto australiano.

Durante o tempo que ficou sozinha na recepção, Akami se sentiu sufocada. Mal conseguia acreditar no que estava acontecendo, em como Félix estava com eles minutos atrás e agora se encontrava por um fio numa sala de cirurgia, ou em como queria matar Sky. Não conseguiu pensar em como a mataria lenta e dolorosamente caso a encontrasse, porque a cada segundo que passava parecia uma eternidade, o relógio não andava e nenhum médico ou enfermeira naquele lugar parecia disposto a lhe dizer alguma coisa sobre o andamento da cirurgia.

Foi um susto, mas também um alívio quando ouviu a voz do Sr. Lee ecoar pela sala.

— Onde está o meu filho? — ele correu em direção ao balcão com os olhos já cheios de lágrimas. Aquilo era tão familiar que quase sentia toda sua esperança indo embora.

Yuri e Minah o acompanhavam e assim que viram Akami num dos assentos, correram até ela.

— Você o viu? — foi a primeira coisa que a australiana perguntou. Suas mãos estavam trêmulas, assim como a voz embargada pelo choro. Ela sequer tinha tido tempo de tirar o uniforme da lanchonete. — Você viu ele, Akami? Como ele estava? Ele se machucou muito?

— E-eu não sei — Akami balançou a cabeça, ainda assustada. Lembrar da imagem do corpo do garoto estirado no chão e quase sem vida não ajudou a organizar os pensamentos.

Minah se deixou cair no chão, se apoiando num dos bancos; agarrou o próprio corpo enquanto chorava. Yuri acariciava seus ombros numa maneira de tentar acalmá-la e não demorou a perceber que Akami também estava em choque.

— Tudo bem?

Akami fez que sim com a cabeça.

— Jisung ficou preocupado com o Changbin, falou com ele no telefone mais cedo. Cadê ele? — Yuri perguntou enquanto olhava para os lados. Sentiu pena do Sr. Lee quando o viu sendo ajudado por alguns funcionários do hospital a se sentar num dos bancos próximos ao balcão; lhe ofereceram água e uma enfermeira aferia sua pressão.