I am (not) ME

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Yang Jeongin's POV

O que aquele metido a hétero pensava que estava fazendo? Desde quando alguém se desculpa e logo em seguida faz a mesma coisa pela qual está se desculpando? Ele deveria ser louco.

Eu já até havia perdido minha vontade de procurar os livros na biblioteca. Apenas peguei minhas coisas e rumei à minha casa, até porque eu poderia fazer as pesquisas lá mesmo.

Depois de alguns minutos andando, finalmente cheguei ao meu lugar de conforto.

- Cheguei! - anunciei, retirando meus sapatos.

- Hyung!! - ouvi uma voz infantil se aproximando - Como foram as aulas hoje?

- Foram ótimas! - e fiz um cafuné em sua cabeça - Como foi a escola, Gyu?

- Ótima também! - e sorriu para mim - Quero trazer o Kai e o Taehyun amanhã! Gyu pode?

- Claro que pode, querido. - sorri de volta para ele - Vou avisar a mamãe.

Com a alegria do mais novo, peguei-o no colo, levando-o até seu quarto. Ele era o irmão mais novo de San, que, por sinal, é justamente o garoto pelo qual Felix estava interessado. Apesar de tudo, não sou tão próximo dos Choi assim. Beomgyu estava apenas morando na nossa casa temporariamente, já que minha mãe é amiga da Sra. Choi, então aquela coisa fofa não ficaria por perto durante tanto tempo.

Eu poderia até tentar conversar melhor com San sobre o Lix, mas ele era tão bonito que chegava a ser intimidador. Ele mesmo já tentou falar comigo, e tivemos alguns bons papos, mas nada muito prolongado, então apenas deixei escondido o fato de conhecê-lo.

- Boa noite, Gyu - desejei, colocando-o na cama e botando o cobertor sobre o garoto de cinco anos.

Antes que eu saísse do quarto e desligasse as luzes, no entanto, senti sua mãozinha segurar meu pulso. Ao olhá-lo, estava com uma cara sapeca e sorridente, como uma criança atentada que não dorme tão fácil.

- Tô sem sono, hyung!

- Ah! Mas você vai dormir sim! - repentinamente dei um ataque de cócegas em sua barriga, algo que apenas o fez soltar várias risadas muito fofas, que soavam como música para meu ouvido.

- Tá bom! Gyu vai dormi sim! - disse entre aquelas risadas de criança, desistindo de resistir - Mas hyung tem que dá um beijinho de boa noite!

Achando ele a coisa mais fofa, apenas afirmei, retirando sua franja da testa e depositando um beijo acima de sua cabeça. Satisfeito, Beomgyu apenas se encolheu na cama entre os cobertores, dormindo calmamente aos poucos.

Ao sair de seu quarto, avistei a porta entreaberta de meu irmão mais novo.

- Vai ficar jogando até que horas? Já são dez da noite e era para alguém estar na cama! - provoquei-o, enquanto o mesmo revirava os olhos na frente do computador.

- Já vou, hyung! - o adolescente de 15 anos disse um tanto sorridente. Apesar das minhas provocações, nós até que nos dávamos bem - Só mais uma partida.

- A última, hein? - avisei-o, indo em direção ao meu próprio quarto.

No fim, aqueles dois eram meu tudo mesmo. Sempre tive muito carinho pelo meu dongsaeng e por Beomgyu. Por algum motivo, eu me dou bem com crianças, então foi mais fácil ainda conquistas a confiança do irmão de San. Por causa dessa minha característica, decidi fazer pedagogia e ser professor do Ensino Infantil.

Como meus pais provavelmente já estavam dormindo nesse horário, decidi deixá-los descansando, peguei minha mochila e comecei a estudar até tarde, até desmaiar de sono.

Quando eu estava muito apertado nos trabalhos, eu costumava fazer isso. É saudável? Não, mas eu não tinha muita escolha.

Passam onze horas, meia-noite, uma hora, duas horas, até que, em um piscar de olhos, já era de manhã.

Abro meus olhos vagarosamente ao som de uma música calma e lenta. Eu havia mudado o som do meu despertador?

Aliás, como eu havia parado em uma cama? Achei que eu tinha dormido em cima da escrivaninha.

Aos poucos meu raciocínio foi retornando, afinal era manhã e eu demorava um pouco para acordar.

Olhando ao meu redor, percebi que estava sentado em uma cama king size. Em minha frente, havia uma TV enorme e, no teto, um lustre muito bonito. A escrivaninha não era mais aquela mesa de madeira com a qual eu estava acostumado, mas sim uma estrutura anexada às paredes. Onde eu estava?

Ao passar pela porta que parecia me levar ao banheiro, estava um enorme closet com as mais variadas roupas e os mais diversos sapatos, além de uma outra entrada, dessa vez a um banheiro de fato.

Entrando lá, vi uma banheira bonita com vários produtos de higiene e espumantes para fazer bolhas ali. Não só isso, como, ao analisar as dimensões daquele local, percebi que somente aquele cômodo era maior que o meu próprio quarto.

De relance, acabei me olhando pelo espelho. Espera. "Me" olhando no espelho?

Ao voltar minha visão devagar até a superfície refletora, vi alguém que definitivamente não era eu: Hwang Hyunjin.

- O QUÊ? - comecei a tatear meu rosto, tentando entender o que raios era aquilo. Até meu timbre estava diferente - O QUE ESTÁ ACONTECENDO?

- Jovem mestre, está tudo bem aí? - ouvi uma voz feminina de fora do local, provavelmente uma empregada.

Saindo do banheiro e indo até o quarto, tentei responder o mais naturalmente possível:

- Está sim!

Ok! Eu precisava manter a calma e encontrar Hyunjin, que talvez estivesse no meu corpo, e resolver as coisas. Eu nunca pensei que isso fosse possível.

Buscando uma das agendas do mais velho, achei a programação de aulas dele. Pelo visto nossos horários coincidiam naquela manhã.

Sem muita demora, apenas escovei os dentes, vesti uma roupa qualquer (até porque, se fosse para escolher dentre aquelas múltiplas peças, eu demoraria muito), e me aprontei com a mochila.

Ao sair do quarto, surpreendi-me mais do que esperava: aquilo era uma verdadeira mansão. Contudo, eu não poderia perder tempo! Descendo as grandes escadas e chegando na entrada, eu saí pela grande porta. Na área externa, havia uma grande fonte de anjos e pássaros, bem como um jardim esplêndido.

Observando os arredores, lembrei que essa era a mansão pela qual eu passei a caminho de uma festa. Não era tão longe da universidade. Na verdade, era até mais próxima que a minha própria casa.

Pronto para ir a pé, entretanto, ouvi a mesma mulher falar comigo de longe:

- Jovem mestre, você vai a pé? Achei que ia de carro como de costume.

Naquele momento eu congelei. É claro que o riquinho iria de carro, ainda mais com um motorista. Como não pensei nisso?

- Ah... - tentei dar uma desculpa - É só que eu queria pegar uns ares.

- Entendi - disse desconfiada, apesar de estar de acordo com aquilo - Boa aulas!

- Obrigado - agradeci, seguindo meu caminho. Logo murmurei para mim mesmo, ainda confuso: - É bom aquele vagabundo saber o que está acontecendo.

I am YOU - HyunInOnde histórias criam vida. Descubra agora