I am (not) HYUNJIN

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Yang Jeongin's POV

Saí daquele lugar, revoltado. Hyunjin era louco, só pode! Quem fica mais preocupado com a reputaçãozinha, quando você acabou de trocar de corpo com outra pessoa? Eu mandei ele se fuder mesmo. É raro eu falar coisas do tipo, mas já estava no limite.

Andando pelos corredores, decidi ficar na biblioteca. Seria estranho um estudante do curso de dança aparecer na aula de psicologia da educação, e era bom aproveitar para buscar os livros que eu queria ontem.

Contudo, antes de chegar lá, percebi que várias pessoas me encaravam. Eu não sabia ao certo se eram comentários bons ou ruins, mas eu tinha certeza que cochichavam sobre mim, porque eu mesmo nunca recebi tanta atenção no meu corpo normal. Alguns gostariam de ser o centro das atenções, mas, para alguém como eu, aquilo era uma tortura.

Para meu alívio (ou não), porém, um grupo amigável de três se aproximou. Um deles era o tal do Minho que o Felix apresentou para nós uma vez. Os outros dois eu não sabia ao certo.

- Hello, Hyun - um deles falou, com um sotaque diferente. Talvez australiano - Você parece meio encolhido hoje. Aconteceu alguma coisa?

Encolhido? Eu estava andando normalmente.

- Não. Tudo certo.

- Hmm. - Minho parecia que suspeitava de algo - Você geralmente fica por aí com o peito todo estufado. Vai dizer que uma garota te deu um fora? - e riu da minha cara.

- Claro que não! - fiquei um pouco envergonhado com aquilo, já sentindo minhas bochechas esquentarem.

- Hyun corando? Você tá bem? - logo o mais baixo deles se aproximou, colocando sua mão sobre minha testa, como se estivesse checando se eu estava com febre.

Ao analisá-lo melhor, seus músculos eram bem trabalhados, algo à mostra pela regata. Não só isso, como suas feições eram bem desenhadas, um maxilar bem definido. Na verdade, todos os três eram bem bonitos, e não à toa eles faziam parte do círculo social de Hyunjin.

Aquela proximidade e o fato de estar cercado pelos três curiosos me fez ter meu rosto cada vez mais enrubescido. Era muito difícil se manter são com aqueles homens ao meu redor.

- Será que ele se apaixonou por alguém, Bin? - o garoto do sotaque começou a provocar, ao lado do tal "Bin", rindo consigo.

- Até parece, né, oppa? - uma mulher desconhecida falou ao meu lado.

Logo senti suas mãos se agarrarem em meu braço direito.

- Né? - uma outra falou - Ele já pertence a nós.

E, com isso, senti outras mãos se agarrarem em meu esquerdo.

Se eu estava totalmente corado antes, agora eu estava visivelmente desconfortável. Além disso, o "Bin" e o Minho pareciam não gostar muito delas.

Eu quase me desvincilhiei por impulso, mas lembrei que elas poderiam ter alguma relação com Hyunjin. Eu não gostava daquele riquinho, mas também não arruinaria os relacionamentos dele.

- Ei, oppaa - ouvi uma terceira voz irritante, posicionando-se em minha frente, com uma das mãos apoiadas em meu peitoral direito - Que tal a gente se divertir hoje?

Antes que eu percebesse, sua mão livre foi em direção à minha região pélvica, querendo "massagear" um local nada apropriado para um corredor universitário. Eu simplesmente não podia me sujeitar àquilo, então acabei instintivamente me livrando daquelas mãos, recuando.

- Quem sabe um outro dia, garotas - eu já estava suando frio - Vou estudar com os meninos na biblioteca. - me virei aos demais, pedindo com os olhos que apenas aceitassem - Vamos?

Apesar de estarem confusos, eles me seguiram, enquanto íamos em direção ao local citado.

- Você tá realmente estranho, mas eu gostei disso - Minho falou animado - Finalmente você deu um chega pra lá nessas doidas.

- Não é bem isso - falei tímido - Eu... só não tô no clima hoje.

- Ainda bem, porque eu já tava pronto para interromper vocês - o que eu assumi ser australiano falou - Teve uma vez que vocês quase se comeram no banheiro e eu tive que intervir.

- Bem, me desculpe por isso - tentei suavizar, espantando os garotos, provavelmente por conta de ter me desculpado ao invés de xingado - De qualquer forma, garotos, vocês sabem se tá rolando alguma fofoca sobre mim? Tá todo mundo olhando e cochichando.

- Bom, isso é o de sempre, né? - Minho comentou - Não é como se as pessoas ignorassem o sr. popular.

- Pois é. Não é novidade nenhuma para você, Hyun - Bin arqueou a sobrancelha - Você tá bem mesmo?

- Tô sim - confirmei, e logo chegamos à entrada da sala de livros - Vou estudar agora, gente.

- Tá bom então - o australiano deu de ombros - Até mais, Hyun.

Apenas acenei enquanto entrava ali, apreciando a quietude por ter menos gente, apesar de ainda sentir alguns olhares sobre mim. Finalmente estava em paz, ou, pelo menos, era o que eu achava.

- E aí, gatinho? - a bibliotecária acenou.

Ela era relativamente jovem, mas ainda assim eu sabia que era mais velha que eu. Era meio intimidador, eu teria que dizer, ainda mais porque eu estava acostumado a cumprimentar ela amigavelmente no meu corpo normal. Eu não imaginava que ela dava em cima dos estudantes.

Com isso, apenas me curvei levemente com um meio sorriso e fui à minha cadeira, ouvindo de longe um "finalmente ele me notou".

"Será que é por isso que ele é tão frio com as pessoas?" ponderei comigo mesmo, enquanto buscava alguns livros nas estantes.

- Hyunjin-oppa!

"Mais uma garota?" pensei, já cansado. Eu só queria estudar em paz.

Ao virar para ela, percebi que era uma colega de turma minha, mas, claro, para Hyunjin não passava de uma total desconhecida. Eu tinha que admitir que ela era fofa, mas o gênero oposto simplesmente não é a minha praia.

- Eu sempre quis te dizer isso - ela estava obviamente tímida e nervosa - Eu... gosto de você!

Aquilo me deixou em choque. Eu sabia que Hyunjin recebia várias declarações, mas não imaginei que eu teria que responder por ele. Como o bom mulherengo que ele é, ele não aceitaria a confissão de qualquer forma, então tentei ser gentil.

- Desculpa, mas o sentimento não é recíproco - suavizei minha voz ao máximo, sorrindo pequeno para ela - Tenho certeza que você achará a pessoa certa um dia.

Antes que eu pudesse fazer qualquer outra coisa para consolá-la porém, logo vi seus olhos se encherem de lágrimas.

- T-tá tudo bem. Obrigada por me ouvir - e saiu correndo de lá.

Fiquei com o coração partido de ter que fazer isso, mas era o jeito. Não é como se eu não tivesse compaixão pela dor alheia só porque "rejeitei" um sentimento. Eu ainda não queria que ela tivesse que ficar triste por minha causa.

Enquanto voltava à minha mesa de estudos, fiquei pensando. Será que ele tem que lidar com essas coisas todo o dia? Era um saco.

I am YOU - HyunInOnde histórias criam vida. Descubra agora