PRÓLOGO

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Eu ainda estou me agarrando a tudo que já se foi

Eu não quero dizer adeus porque dessa vez é para sempre

Agora você está nas estrelas

E sete palmos nunca pareceram tão longe

Estou sozinho aqui entre os céus e as cinzas

In The Stars – Benson Boone


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QUASE 3 ANOS ANTES...

Eu era alguém diferente. Apesar de bem simples, gostava muito da vida que tinha. Éramos apenas eu e meu pai, mas nos dávamos tão bem que não sobrava tempo pra sentir falta de mais nada. Mais nada além da minha mãe, claro, que se foi quando eu era ainda muito nova. Mas eu e meu pai, o Sr. France, conseguimos encarar as turbulências da vida juntos. Ele cuidou de mim muito bem.

Tínhamos nossa própria casinha em um bairro simples da grande Los Angeles, na Califórnia, e o R&B Bar que era o responsável por não nos deixar passar fome, meu pai era o dono e como ele nunca me deixou buscar um trabalho por fora pra poder focar nos meus estudos, eu o ajudava sempre que dava em algumas noites no bar.

Nunca tive muitos amigos, mas fiz alguns conhecidos nas noites agitadas no bar já que era frequentado em grande maioria por jovens da minha idade ou pouco mais velhos. Eu nem curtia esse tipo de vida, ir a festas, bares, beber como se não tivesse um amanhã e sair beijando bocas desconhecidas como eu via muito acontecer ali. Mas amava acompanhar meu pai em seu trabalho e principalmente ajudá-lo, nossos momentos juntos eram sempre incríveis.

Meu estilo sempre foi ser mais quieta, estudar sempre que possível, adiantar assuntos, obter boas notas pra garantir minha entrada na faculdade e ler muitos livros. Amava livros de romance com mocinhos que nunca existirão na vida real que são capazes de tudo pela vida e o amor da mocinha. O mundo dos livros me fazia flutuar, ir a lugares inimagináveis e até mesmo ser quem eu quisesse na era que quisesse. Não existia nada mais mágico do que isso.

E por amar tanto os livros, ler e até mesmo escrever sempre quis fazer literatura na faculdade e me aprofundar ainda mais nesse universo tão imenso e infinito.

Eu tinha planos traçados, sonhos pra realizar, metas que precisava alcançar e uma pessoa ao meu lado a quem eu devia toda a minha vida. Meu pai. Minha vida era boa.

Em nenhuma hipótese imaginei que amanheceria no dia do aniversário do meu pai com ele sem vida em meus braços. O pior cenário possível na vida de uma jovem de 20 anos que só tinha ele como família.

Meu pai sempre foi meu herói, a melhor pessoa desse mundo e que faria de tudo pra me ver bem e feliz. Depois de perder minha mãe ainda muito jovem – aos 8 anos, por conta de uma doença incurável –, ele fez o possível pra cuidar de mim e suprir a falta que a mãe fazia na vida de sua garotinha. Não foi fácil, eu sei muito bem disso. Hoje entendo tudo que ele passou pra me fazer feliz, mesmo que isso custasse a sua felicidade. Não posso afirmar que meu pai era infeliz, mas ele não arrumou mais uma mulher sequer depois que minha mãe se foi. Nenhuma mulher em 12 anos. Pelo menos nunca na minha frente.

Mas ele sempre aparentava estar bem, mesmo quando ficava doente mostrava-se forte o suficiente pra que eu não me preocupasse. Ele era incrível, um homem de 50 anos, mas que era cheio de vida e tenho certeza que tinha muito o que viver se não fosse por ele. Eu sei que aquele cara tem a ver com o assassinato do meu pai na madrugada de seu aniversário enquanto fechava seu bar, a quem ele dedicou tanto tempo e amava. O bar que ele mesmo abriu e fez crescer tanto nesses 15 anos de existência, que era sucesso entre os jovens e no qual eu o estava ajudando nessa noite já que trabalhava com ele nos fins de semana antes de começar a universidade.

Meu pai era a pessoa mais feliz do mundo quando lhe contei que havia sido aceita na UCLA, Universidade da Califórnia em Los Angeles, a universidade que ele tanto sonhou que eu entrasse e seguisse o meu sonho, independente de qual curso eu faria. Ele sempre investiu bem na minha educação e via que tinha valido a pena cada centavo e tempo de sua vida.

O bar foi aberto quando eu tinha 5 anos de idade por meus pais que no início dividiam seu tempo entre dois empregos cada um. Minha mãe como professora de espanhol na escolinha do bairro e meu pai como garçom em um restaurante popular de Los Angeles de onde tirou o sonho de construir seu próprio estabelecimento. Não é fácil abrir um bar numa cidade tão grande e famosa como Los Angeles, por isso no início se dividiam entre outros empregos pra conseguir sustentar tudo. Mas após a morte de minha mãe, com 3 anos de existência do R&B – nome que ele deu em homenagem a mim e minha mãe, Beatrice –, que ele decidiu se dedicar exclusivamente ao bar. Aliás, ao bar e a cuidar de mim.

Éramos apenas nós dois desde então, meus avós paternos e maternos também já não eram vivos e meus pais não tinham irmãos, pelo menos nenhum que mantivessem contato há tempos ou que eu sequer soubesse da existência.

O que era pra ser um dia de comemoração, com um belo café da manhã em casa como costumava ser nas manhãs de aniversário entre nós dois, virou meu maior pesadelo. O dia amanheceu e o bar estava cheio de policiais por todos os lados enquanto estou perdida ainda com a imagem de meu pai morto em meus braços, tendo que responder incontáveis perguntas sobre o ocorrido já que eu fui a única a presenciar. A única além do maldito e covarde assassino que fugiu do local sem levar nada além da vida da pessoa mais importante pra mim.

A pessoa que eu mais amava no mundo se foi. A única que faria de tudo por mim e que eu seria capaz de dar a minha vida. Ele se foi levando com ele todos os meus sonhos, meus sentimentos e meu amor.

Minha vida mudou. Eu mudei. E não irei descansar até ver, não só o assassino de meu pai atrás das grades, como também aquele que eu sei que foi o mandante dessa tragédia.

 E não irei descansar até ver, não só o assassino de meu pai atrás das grades, como também aquele que eu sei que foi o mandante dessa tragédia

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