4. Cinza

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- Você ficou lindo desse jeito!

- Precisa mesmo disso?

Thomas ajeitou a lente da câmera pela milésima vez, ele a mantinha focada em Josh, que permanecia sentado, imóvel no chão gramado, encostado ao tronco da folhosa macieira.

- Para de reclamar. – Thomas soava divertido – e tente sorrir um pouco. Eu quero ver esse sorrisão perfeito.

Josh suspirou e sorriu tocando de leve a guirlanda de flores coloridas em sua cabeça. Ao redor dos meninos, um campo enorme se estendia com várias daquelas flores, de todas as cores e tamanhos. Uma visão deslumbrante sob o céu azul e ensolarado.

- Pronto, ficou perfeito! – Thomas exclamou depois de alguns "cliques".

- Finalmente! – Josh bufou. – já estava começando a ficar de saco cheio. – mas ele não tirou a guirlanda da cabeça. Na verdade ele não se sentia tão mal assim. Sabia da obsessão que Thomas tinha por fotografias, era sua paixão, e Josh era o que ele mais amava fotografar.

- Para de fazer birra. – Thomas se aproximou e sentou ao lado do garoto. Os cabelos ruivos desgrenhados caíam sobre os olhos castanho-claro, pequenas sardas alaranjadas pontilhavam seu rosto fino e naquele momento, os lábios carnudos exibiam um sorriso sereno – as fotos ficaram para lá de incríveis. Não poderia ter outro resultado com essa perfeição que fotografei.

Josh riu e revirou os olhos.

- Acho que um pouco de mel está escorrendo... – ele tocou o canto da boca do outro.

- Você pode limpar se quiser. – Thomas se inclinou e o beijou. Josh sentiu as mesmas borboletas no estômago que sentira da primeira vez que se beijaram. Sempre sentia, mesmo depois de quase um ano que estavam juntos.

- Você é muito bobo, sabia? – Josh disse quando seus lábios se separaram

- E eu te amo, sabia?

Josh não pôde evitar um sorriso enquanto Thomas se deitava sobre ele, encostando a cabeça em seu peito.

- Sabe o que eu estava pensando? – o garoto ruivo disse de repente, seus olhos fixos no horizonte ensolarado.

- Lá vem. O que você estava pensando? – Josh deslizava as mãos entre os cabelos de Thomas em um delicado cafuné.

- A gente podia casar.

Josh gargalhou gostosamente.

- Casar? Nós temos dezesseis anos, Thommy!

- Eu sei, mas algum dia a gente não vai ter mais. E quando eu for um fotógrafo bem famoso... o maior do Reino Unido, a gente pode comprar uma casa em St. Ives, ou Aldeburgh. Não, espera! Podemos comprar um casa nas Bahamas!

Josh se divertia ao ver o brilho no olhar de Thomas.

- Você sabe que eu odeio litoral. Gosto de frio. – o garoto disse, só pra implicar.

- Que tal Canadá?

- Parece uma boa ideia – Josh ponderou, sorrindo – mas é muito longe, quero ficar perto da minha família...

Thomas estalou a língua com displicência.

- Quer saber? Não importa mesmo onde a gente vai estar – ele fitou o garoto de cabelos castanhos nos olhos. – se a gente estiver junto, é o que importa.

Josh franziu a testa.

- Eu não sei se acho isso muito fofo, ou muito clichê.

- Só disse o que acho – Thomas deu ombros.

O Terceiro Coração (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora