Luna 49

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Luna
49

[...]

Senti um peso sobre a minha barriga e abri meus olhos com dificuldade.
Meu corpo está tão mole que quase não consigo virar minha cabeça.

Droga. Eu tô na porra de um quarto de hospital e não tenho a menor ideia de como vim parar aqui.

Tentei sentar na cama e meu corpo não obedeceu.
Tomara que meu irmão não me veja assim.

O quarto não estava tão escuro e por isso consegui ver o dono do braço que estava sobre a minha cintura.
O Miguel estava todo torto na poltrona.

Com a cabeça deitada sobre o braço direito, enquanto o esquerdo estava sobre mim.

Estiquei meu braço com muito esforço e passei meus dedos entre os fios lisos e cumpridos do seu cabelo.

Ele levantou a cabeça devagar e sorriu pra mim assim que encontrou meus olhos.
Meu coração deu alguns pulinhos, ou muitos.

Repeti o mesmo gesto que fiz a pouco tempo e ele retribuiu alisando minha cintura de leve.
Meu coração agora tá saltando porque ele pegou minha outra mão e deu um beijo.

Alguma coisa começou a disparar dentro do quarto e ele levantou a cabeça pra olhar.
Quando percebi que se tratava dos meus batimentos e que ele estava ouvindo, quase morri de vergonha.

Ele apertou no monitor e parou de fazer barulho, mas ainda dava pra ver o quanto meu coração traidor estava acelerado.

- Como tá se sentindo?.- Ele perguntou e eu dei de ombros.- Caralho, tu quase me mata de susto ontem.

Ontem? Ele não tá falando sério... Tá?.

  - Não é domingo?.- Ele negou rindo e me mostrou o relógio.
Já é segunda feira.

- Não faz isso de novo. Luna...- Ele acariciou minha cintura outra vez.- Ontem não te reconheci e te ver totalmente sem brilho me deixou apavorado.

Prendi meus lábios um no outro para segurar o choro e virei o rosto pra que ele não visse.

Senti ele deitar junto comigo e puxar meu corpo pra perto do dele, me deixando com a cabeça deitada em seu ombro.

- Posso saber o que aconteceu de verdade? Até agora só tenho a versão chorosa do Geovane.- Ele alisou minha cintura e me colocou deitada encima do mesmo.

Ele contou a versão do meu tio e era muito mais do que eu lembrava.
Minha última memória foi de sentar no sofá de casa e só.

- Miguel, pode me deixar sozinha?.- Pedi depois de um longo tempo em silêncio. Ele me olhou confuso.- Por favor?.

- Não chora... Fico perdido só de te ver assim.- Ele tentou tocar meu rosto e eu esquivei.- Luna, não faz assim.

Limpei meu rosto e me afastei dele o máximo que pude.
Me sinto horrível por arrastar ele pra esse buraco imenso que é a minha vida.

- Miguel. Não quero mais continuar com isso! Tu não precisa abraçar os meus problemas.- Engoli a vontade de chorar e ele me olhou confuso.

- Para com isso, caralho. Eu tô aqui, não tô? Tu tá se sabotando.- Ele falou e me puxou pra perto, mas eu relutei.- Luna! Para com isso, me escuta.

O Miguel me puxou mais uma vez e eu continuei relutando.

- Eu tô te livrando, Miguel! Porque eu sou assim, triste e quebrada. Uma hora tu vai cansar e vai ver que perdeu tempo!.- Consegui falar sem chorar.

Olhando pra situação, percebi o quanto eu quero ele.
O quanto gosto dele.

Mas eu não posso ser tão egoísta e deixar que ele viva infeliz e sempre preocupado comigo.

O mesmo deu a volta na cama e parou na minha frente, me dando um mísero e pequeno espaço.

- Tá bom então. É isso mesmo que tu quer?. Então joga logo no meu peito o verdadeiro motivo.- Ele me encarou e meu coração infelizmente acelerou. Ou felizmente.

- A gente se entende, tu sabe disso...- Ele sussurrou e deixou o rosto próximo do meu.- A gente encaixa.

Odeio ele. Odeio que seja sempre tão bom.
Odeio que me conheça tanto e odeio gostar tanto da gente.
Gostar tanto dele.

E odeio não conseguir motivos pra não odiar a gente.

Odeio o fato da palavra ódio não fazer nenhum sentido quando se trata dele.
É desumano não gostar dele.

- A gente se gosta e se faz bem, amor. Se eu quisesse só sexo, teria deixado claro e pulado fora!. Te falei que contigo as coisas são diferentes e realmente são, Luna.- Ele tocou meu rosto e eu fechei os olhos no impulso.

Ainda bem que ele desligou o som do medidor de batimentos.
Porque agora o meu coração tá batendo tão forte que talvez eu infarte.

- Eu não sou nenhum filho da puta e jamais te machucaria por querer. E tô te pedindo pra gente tentar fazer dar certo.- Ele segurou meu rosto com as duas mãos e encostou a testa na minha.- Eu sei que tu também quer.

- Tenho medo de sair machucada e de te machucar.- Falei baixo e ouvi ele respirar fundo.

- Tu confia em mim?.- Confirmei com a cabeça e ele me deu um beijinho rápido.- Topa fazer dar certo? Sem fugir, sem esconder as coisas que doem...

O medo que eu estava antes simplesmente se dissipou e tudo que o Miguel falou me causou um conforto enorme.

O meu "sim" foi um beijo que dei nele.
E serviu muito, tanto que ele não me deixou fugir de nenhum toque ou aperto.

Gosto da conexão que temos, no qual sempre acaba em sexo.
Mas, gosto muito mais de quando ele cuida de mim e me deixa segura.

Tenho duas certezas a partir de hoje.

  A primeira é que se a gente não der certo, ele vai ser a maior decepção da minha vida.

A segunda é que se a gente der certo, ele com certeza vai ser o último e pra sempre.

Olhei pra ele enquanto o mesmo ajeitava minha cama, e deitei ao seu lado assim que ele ficou acomodado.

- Vai passar a noite?.- Ele assentiu e abriu o celular, enquanto abria o WhatsApp e respondia meu tio.

- Miguel, tu tem passe livre...- Entrelacei nossas mãos e ele me olhou confuso.- Pra participar das outras áreas da minha vida.

Ele sorriu e beijou minha mão.
Mas ficou pensativo.

- Prometo responder todas as suas perguntas, porque passe livre tu já tem a um tempo.- Ele disse me olhando nos olhos e entendi que esse é o início de algo a mais entre nós.

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